Clima favoreceu produtividade da primeira safra do milho em MG
Chuvas bem distribuídas associadas ao sol ajudaram os agricultores da região
Os movimentos de mercado e comercialização neste início da colheita do grão estão totalmente desconectados da razoabilidade. Esta é a avaliação de produtores e analistas de mercado em relação ao que vem sendo noticiado nos últimos dias, como a repercussão de uma supersafra, o que não é real, já que os números mostram uma normalidade na média histórica de colheita. O crescimento em relação ao ano anterior se dá em cima de uma quebra de 16% devido aos problemas climáticos enfrentados no período passado. Além disso, outras regiões brasileiras diferentes de Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda seguem tendência de diminuição de área plantada.
Para o diretor Comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Tiago Barata, o recente movimento das cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul causa uma certa estranheza, uma vez que os fundamentos do mercado naturalmente deveriam garantir a sustentação dos preços. "O Irga projeta uma safra de 8,4 milhões de toneladas no Estado, representando uma normalização dos índices de produção após a forte quebra ocorrida na última temporada, longe de uma supersafra, como tem sido noticiada", enfatiza.
Segundo Barata, há, portanto, considerando a mais baixa posição do estoque, uma disponibilidade enxuta de produto, ajustada à demanda interna. "Aguardamos para os próximos dias a consolidação do acordo fitossanitário que deve, finalmente, abrir o mercado mexicano para o arroz brasileiro. Além do México, estamos trabalhando na abertura dos mercados da Nigéria e Rússia", observa.
De acordo com o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, o volume de safra disponível para esta temporada é pouco superior a da temporada passada. "Sendo assim, o Brasil colherá 12 milhões de toneladas e, se somado o estoque de passagem, teremos um pouco mais de arroz no mercado que no ano passado", informa.
O dirigente afirma que não há qualquer motivo razoável para o enfraquecimento das cotações no mercado, principalmente devido ao fato da colheita ainda não ter avançado, inclusive está atrasada em relação ao histórico.
Há uma estranheza entre os produtores na sintonia de declarações de parte de setores da cadeia produtiva, totalmente em desacordo com a razoabilidade, constantemente falando em redução de preços, fato que vem causando sensação de indignação e insegurança nos arrozeiros. "Diante desta tática, a Federarroz orienta os produtores que firmem o preço de R$ 43,00 para Fronteira Oeste e R$ 47,00 para Planície Externa, ficando as demais regiões dentro desses limites, na saca de 50 quilos, para que possam selar seus acordos de comercialização", destaca.
O presidente da Federarroz também alerta que a entidade vem orientando os produtores já enquadrados no denominado “sistema integrado” que não aceitem negociações unilaterais. "O jurídico da Federarroz já analisou diferentes contratos e constatou fragilidade em vários para o fornecimento de insumos e posterior entrega de produto colhido.” Esta prática tem aumentado na cultura do arroz, obrigando um elevado percentual de produtores a faturar o produto abaixo dos custos de produção. Sendo assim, comenta que “somente uma postura firme e adequada por parte dos produtores poderá virar o jogo.” Ainda afirma: “se os produtores não refletirem que essa prática é uma reserva antecipada de mercado, que beneficia somente um elo da cadeia, não haverá solução”, explica.
A Federarroz, através da atuação regionalizada de sua diretoria e também da assessoria jurídica, está alerta à eventuais organizações de comercialização favorável a apenas um elo da cadeia e já estuda recorrer a órgão competente com objetivo de quebrar a prática, devido ao modo grosseiro como a comercialização tem ocorrido no Estado.
Além de tudo isso, o dirigente reforça que existe um risco iminente para a questões relacionadas ao Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), especialmente à empresas que recorreram somente a ações judiciais contra o Estado com o objetivo de receberem de volta o ICMS pago de uma forma bastante controversa. "Estas empresas poderão levar o Estado para um sistema de tributação direta ao produtor, acabando com o diferido, fazendo com que todos nós paguemos 12% de ICMS no momento da casca, onerando a todos de forma antecipada", ressalta.
A Federarroz reforça também aos produtores que possuem crédito oficial que as linhas de Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários (FEPM) estão disponíveis desde o início do mês de fevereiro. O clima também vem preocupando novamente nesta etapa da colheita. No final de semana, as chuvas torrenciais afetaram lavouras por todo o Estado. Muitas plantações foram acamadas pelos ventos e em algumas regiões produtores relataram incidência de granizo. Na avaliação do presidente da Federarroz, o clima está desfavorável neste momento, onde em um mês de trabalho, apenas 11,3% da área foi colhida no Rio Grande do Sul, conforme dados do Irga.
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