Moagem de cana no Centro-Sul soma 404 mi de toneladas até agosto

Rabobank aponta produtividade acima de 8%, mix açucareiro elevado e preços firmes do etanol na safra 2025/26

23.09.2025 | 15:50 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Manuela Pestana

O Rabobank Brasil divulgou hoje (23/9) sua atualização mensal sobre o mercado de cana-de-açúcar, elaborada pelo analista setorial Andy Duff. Segundo o estudo, até o final de agosto o total de cana moída no Centro-Sul na safra 2025/26 alcançou 404 milhões de toneladas, o equivalente a aproximadamente dois terços da colheita projetada para o ciclo.

A produtividade média no período de abril a agosto foi de 79,3 toneladas por hectare, cerca de 8% acima do registrado na safra anterior. O desempenho reforça projeções de que a safra pode ultrapassar 600 milhões de toneladas.

Açúcar avança, etanol recua

Apesar do bom rendimento agrícola, o ATR médio por tonelada segue 4% abaixo do ciclo passado. A destinação da cana para a produção de açúcar chegou a 52,8% até agosto, mantendo o mix açucareiro em alta. Com isso, embora o volume moído esteja 5% abaixo da safra passada, a produção de açúcar recua apenas 2% no comparativo anual. Já o etanol acumula queda de 10%.

Os preços do biocombustível seguem firmes diante da perspectiva de estoques apertados até março de 2026. Já o açúcar tem mostrado perda de competitividade: em alguns estados, o preço já caiu abaixo da paridade com o etanol e, em São Paulo, está próximo desse patamar. Segundo o Rabobank, esse cenário poderá levar a ajustes importantes no mix a partir de junho de 2025, dependendo dos custos de liquidação dos contratos da commodity.

Câmbio e energia trazem incertezas

Outro ponto de atenção é o câmbio. A valorização do real levou a taxa BRL/USD ao menor nível desde junho de 2024, aumentando a preocupação do setor. Caso o dólar siga enfraquecido, combinado à pressão sobre os preços internacionais de energia, pode haver espaço para redução da gasolina no Brasil, o que impactaria diretamente a competitividade do etanol.

Etanol de milho em destaque

O relatório também aponta que a grande safra de milho e os preços firmes do etanol de milho tornaram as margens de produção atrativas no mercado spot. Contudo, como a maioria dos produtores adquire milho em contratos de longo prazo, as margens efetivas podem não ser tão elevadas. A abundância de oferta, entretanto, favorece a aquisição de matéria-prima a preços competitivos, em um cenário de expectativa de recuperação da produção total de etanol (de cana e de milho) na safra 2026/27.

Condições climáticas

O clima seco predominou na região canavieira em agosto, permitindo ritmo acelerado de colheita e moagem. As chuvas acumuladas ficaram em torno de 50 milímetros no mês, favorecendo o avanço das operações no campo.

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