Miriti, palmeira amazônica que enriquece a diversidade produtiva

23.01.2009 | 21:59 (UTC -3)

Certamente muitos confundem pé de miriti, também conhecido por Buriti, com coqueiro, principalmente se visto de longe. No entanto, para quem enxerga de perto suas diferenças, se beneficia da diversidade produtiva que essa palmeira oferece. Como é o caso da população ribeirinha de Abaetetuba, cidade vizinha à Belém, no Pará, que extrai seu sustento com novas descobertas de aplicação do miriti, aproveitadas pelo mercado local.

Dessa palmeira tudo é aproveitado. Do caule, ainda novo, se extrai o refresco e, após fermentação, o vinho. Desta parte vem também o palmito, a fécula e a madeira de textura leve, muito utilizada na produção dos famosos artesanatos de miriti. As talas servem para a construção de paneiros (cestos) e das folhas são feitas redes. Dos frutos, revestidos de escamas triangulares castanho-avermelhadas com polpa amarela e doce, é extraído o óleo comestível, também utilizado para amaciar e envernizar couro.

E quando se pensa que nada mais pode ser aproveitado, o bagaço vira matéria-prima para brinquedo, que caracterizam as festividades do Círio de Nazaré, comemorado no segundo domingo de outubro.

Além do Círio, há também grande demanda durante a feira do miriti em abril e durante as festas natalinas. Estima-se que a economia do artesanato de miriti ocupe cerca de duas mil pessoas entre extrativistas, artesãos, lojas e pequenos comerciantes, atividade cujo pico se dá geralmente no segundo semestre do ano.

A árvore do miriti é a principal base da economia, juntamente com o extrativismo do açaí e com a pesca garante a subsistência de cerca de 40% das comunidades das ilhas da região. De julho a dezembro, a atividade é a extração do açaí e, no inverno (de janeiro a julho), que corresponde à entressafra do açaí, os trabalhadores rurais se dedicam ao extrativismo do miriti. Além de Abaetetuba, existem também artesãos em Igarapé-Miri e Barcarena de onde também é extraída a matéria-prima.

Outros aproveitamentos do Miriti

No setor das biojóias, sementes e fibras são fundidas com resina na confecção de pulseiras, anéis e colares.

Já na construção civil, estudantes universitários do curso de Arquitetura da UFPA realizam experiências com o material, há três anos, para utilizá-lo na construção de maquetes. O projeto "Maquetes em Miriti: A Arte Popular como Instrumento de Educação Patrimonial", idealizado pelo Instituto do Pará, foi aprovado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), selecionado pelo programa Monumenta, do Ministério da Cultura, em julho de 2008.

Com a aprovação, o Instituto de Arquitetura do Pará passa a contar com recursos para implantar um laboratório de maquetes fabricadas com a madeira de miriti e realizar um ciclo de exposições itinerantes em oito escolas públicas da capital, que também receberão material educativo. Nas artes cênicas estão ampliando a utilização na construção de cenários.

Mais informações: Ex-Libris Comunicação Integrada - 11 3266-6088 r. 208

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