Brasil e EUA devem chegar a acordo sobre tarifas em poucos dias
Negociações avançam e governo destaca importância de manter competitividade das exportações agropecuárias
Os mercados de soja, milho e algodão apresentaram comportamentos distintos ao longo da última semana em Mato Grosso, segundo boletins divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Enquanto a soja registrou queda nas cotações, o milho manteve viés de alta e o algodão teve valorização no caroço, impulsionada pela maior procura por óleo.
Soja
Segundo o Imea, o preço da soja disponível em Mato Grosso encerrou a última semana com média de R$ 118,72 por saca, queda de 10,97% em relação ao mesmo período de 2024. O movimento de baixa é reflexo do recorde de produção no estado e da pressão das cotações na Bolsa de Chicago (CME Group), influenciadas pelas incertezas nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
Mesmo com o recuo, a desvalorização foi amenizada pela maior demanda chinesa pela soja brasileira neste ano, o que tem sustentado os prêmios nos portos. No terminal de Santos, por exemplo, o prêmio fechou a semana com média de ¢US$ 179,80 por bushel, um salto de 480% frente ao mesmo período do ano passado.
No mercado interno, os coprodutos também apresentaram comportamentos distintos: enquanto o óleo de soja registrou leve queda de 0,64% no estado, o farelo valorizou 1,52% na semana, acompanhando a alta observada no mercado internacional.
O Imea destaca ainda que os desdobramentos das negociações comerciais entre China e EUA devem continuar influenciando o comportamento das cotações. Um possível acordo entre os países pode elevar os preços em Chicago, mas também redirecionar parte da demanda para o produto norte-americano, o que poderia pressionar os valores da soja mato-grossense nas próximas semanas.
Milho
Os preços do milho apresentaram alta tanto no mercado interno quanto no externo ao longo da última semana. Em Mato Grosso, a cotação média atingiu R$ 46,29 por saca, avanço de 0,81% frente à semana anterior. O movimento foi impulsionado pela decisão de parte dos produtores de reter os estoques, reduzindo a disponibilidade no mercado na expectativa de preços mais atrativos adiante.
No cenário internacional, o contrato corrente da Bolsa de Chicago registrou valorização de 1,70%, encerrando a semana cotado a US$ 4,24 por bushel. A alta foi sustentada pela maior demanda interna nos Estados Unidos para a produção de etanol e pela demanda firme no mercado externo. Além disso, o atraso na colheita norte-americana — causado pelo excesso de chuvas no cinturão do milho — reduziu a oferta imediata, reforçando o viés de alta.
O mercado estadual deve seguir com tendência de firmeza nos preços, sustentado pela demanda doméstica aquecida e oferta restrita. Já no cenário sul-americano, a semeadura do milho 25/26 na Argentina alcançou 33,8% da área prevista, avanço de 4,1 pontos percentuais na semana, com bom ritmo nas regiões centrais, mas desafios de excesso de chuvas em Buenos Aires.
Algodão
Os preços do caroço de algodão em Mato Grosso vêm registrando recuperação nas últimas semanas, impulsionados pela maior demanda das indústrias por óleo. O Imea aponta que as cotações atingiram R$ 947,43 por tonelada em 23 de outubro, alta de 5,97% em comparação ao fim de agosto, quando o produto era negociado a R$ 894,04/t.
O avanço ocorre em meio à decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de elevar para 15% a mistura obrigatória de biodiesel no diesel a partir de agosto deste ano. A medida ampliou a procura por óleo de algodão, contribuindo para sustentar os preços do caroço no mercado estadual.
Apesar do cenário de valorização, o preço da pluma apresentou queda de 1,10% na semana, cotado a ¢R$ 348,27 por libra-peso, reflexo da postura mais cautelosa das indústrias nas compras de novos lotes. No mercado internacional, o contrato de dezembro/25 na bolsa de Nova York (ICE) subiu 0,54%, fechando a média em ¢US$ 64,12/lp.
O Imea ressalta que a dinâmica de preços do caroço nas próximas semanas seguirá diretamente ligada ao ritmo de demanda por óleo, que continua sendo o principal fator de sustentação do mercado de algodão em Mato Grosso.
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