Crédito mais caro pressiona produtores de soja em Mato Grosso
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As exportações brasileiras de soja seguem em ritmo acelerado. Em novembro, o país embarcou 4,2 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor movimentado alcançou US$ 2,542 bilhões, o equivalente a R$ 13,6 bilhões. No acumulado de janeiro a novembro, o total exportado chegou a 104,8 milhões de toneladas, um recorde histórico para o período.
A China permanece como principal destino da soja brasileira. O país asiático já recebeu cerca de 80% da produção exportada pelo Brasil em 2025. As compras chinesas de soja americana decepcionam operadores em Chicago, que esperavam volumes maiores. Até o momento, o número está longe das projeções de 10 a 12 milhões de toneladas.
O farelo de soja também impulsiona as exportações. O volume acumulado no ano chegou a 22,7 milhões de toneladas, contra 21,8 milhões no mesmo período de 2024. O complexo soja já soma 138 milhões de toneladas exportadas em 2025, consolidando-se como o principal gerador de divisas do agronegócio brasileiro.
No mercado interno, 93% da safra de soja já foi plantada. Em 2024, esse número era de 98% no mesmo período. A estimativa é de 141 milhões de toneladas colhidas, com 82,2% da safra 2024/25 já negociada. A média histórica seria de 86,5%. A safra nova, porém, avança lentamente: apenas 28% foi vendida até agora, ante 37% no ano anterior.
A concentração da colheita em março pode pressionar os preços, mesmo com os prêmios para março e abril em alta. No momento, 50 milhões de toneladas da nova safra já foram comercializadas, contra 64 milhões no mesmo período do ano passado.
No milho, o Brasil exportou 5 milhões de toneladas em novembro. A receita alcançou US$ 1,105 bilhão (R$ 5,9 bilhões). O acumulado do ano soma 34,9 milhões de toneladas, levemente abaixo das 35,5 milhões de 2024. Para atingir as 40 milhões previstas, será necessário embarcar mais de 5 milhões de toneladas em dezembro.
No campo, a primeira safra de milho sofre com perdas no Rio Grande do Sul, especialmente nas Missões e no norte do estado, devido ao calor e à seca. Em outras regiões, como Paraná, Santa Catarina e parte de Minas, a situação é mais estável. Ainda há 35,3 milhões de toneladas disponíveis para venda, somando a safrinha e a primeira safra.
O trigo teve exportação de 121 mil toneladas em novembro. No acumulado do ano, foram 1,677 milhão, abaixo dos 2,488 milhões de 2024. A colheita se aproxima do fim, com projeção de 7,5 milhões de toneladas. Moinhos indicam que só voltarão às compras em janeiro. A comercialização segue lenta, com preços entre R$ 1.100 e R$ 1.500 por tonelada.
O arroz apresenta uma safra menor nesta temporada, com cerca de 1,5 milhão de hectares plantados. A comercialização está travada. O preço no mercado gaúcho vai de R$ 46 a R$ 58 por saca. Restam 35% da safra gaúcha para serem vendidos. A indústria enfrenta dificuldades para repassar o custo ao varejo, que opera com pacotes abaixo de R$ 10 em promoções.
Já o feijão segue com colheitas pontuais no Paraná. A primeira safra sofreu com queda de área e impacto climático. A oferta é limitada, com preços nominais entre R$ 220 e R$ 250 para o feijão carioca. O feijão preto gira entre R$ 125 e R$ 133. Os negócios devem se intensificar apenas a partir de 15 de janeiro, com a reposição de estoques no varejo.
Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting
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