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Fungicida e nematicida microbiológico, produto é usado para tratamento de sementes e sulco; especialmente nas culturas de soja, milho e algodão
O final do século XX trouxe para a humanidade profundas mudanças políticas, econômicas, científicas e sociais. Para a agropecuária, o grande desafio é a busca de soluções sustentáveis, que incorporem tecnologias inovadoras às culturas de importância econômica, que sejam competitivas e que aumentem a renda do produtor. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia pode contribuir para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável e ambientalmente equilibrada no país, porque integra atividades de recursos genéticos, biotecnologia agropecuária e controle integrado de pragas, além de ações específicas de segurança biológica.
No momento em que a Embrapa comemora 50 anos de pesquisa e inovação agropecuária, a Unidade simboliza o potencial da ciência brasileira, referência internacional hoje e para o futuro. Uma das grandes contribuições é o Banco Genético da Embrapa, o maior da América Latina e o quinto maior repositório do gênero no mundo. Com capacidade de armazenar um milhão de acessos de origens animal, vegetal e microbiana, em um prédio com mais de 2 mil metros quadrados, em Brasília-DF, é o responsável pela conservação de espécies estratégicas para a alimentação, a agricultura e a para a biodiversidade brasileira.
Atualmente, são cerca de 119 mil acessos vegetais (1.117 espécies), 28 mil animais (35 espécies) e sete mil linhagens de microrganismos (327 espécies), mantidos em baixas temperaturas e sob proteção, pela importância que representam para a conservação e preservação da diversidade biológica. Grande parte do material conservado é capaz de gerar novos exemplares de cada uma das espécies armazenadas, o que garante o desenvolvimento de novas pesquisas e a segurança alimentar das futuras gerações. Uma verdadeira Arca de Noé dos tempos modernos.
E por falar em tempos modernos, não se pode esquecer outra contribuição da Unidade à pecuária nacional, por meio da biotecnologia aplicada à reprodução e conservação animal, trabalho desenvolvido em grande parte no Campo Experimental Fazenda Sucupira, onde estão exemplares de raças seculares de interesse zootécnico, entre eles bois, ovelhas, porcos, cavalos e jumentos. Muitas das raças da chamada Arca de Noé existem desde a época da colonização do Brasil e são consideradas um tesouro genético, que podem ser utilizadas em cruzamentos com raças mais produtivas, emprestando sua rusticidade e características.
Foi no cenário da Fazenda Sucupira que nasceram os primeiros clones bovinos do País, sendo a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia a primeira instituição de pesquisa da América Latina a criar o clone de um bovino: em 2001, nasceu “Vitória da Embrapa”, que deixou filhos, netos e bisnetos, e morreu anos depois em decorrência de complicações da idade.
Depois dela vieram os clones bovinos “Lenda da Embrapa” e Porã. Além delas, as potrinhas Branca e Neve, as primeiras no Brasil a nascer a partir da técnica da bipartição de embriões em equinos. Os recursos genéticos animais também estão armazenados no Banco Genético da Embrapa.
Disponível para produtores que desejam melhorar seus rebanhos, com redução de custos, a Unidade disponibilizou a técnica TIFOI (transferência intrafolicular de ovócitos imaturos), uma biotécnica que apresenta todas as vantagens da fecundação in vitro (FIV) com um benefício adicional de não precisar de laboratório para ser realizada. Os criadores podem obter os embriões com a mesma rapidez e agilidade da FIV, ou seja, em torno de um bezerro por semana a partir de uma única vaca doadora, sem precisar sair da fazenda. O Brasil é o primeiro país a obter êxito com a TIFOI de maneira completa.
Por outro lado, a diversidade de culturas milenares cada vez mais tem possibilidade de atravessar gerações, voltar à terra, germinar, povoar lavouras e alimentar povos tradicionais, em especial diferentes etnias indígenas. E tudo começou com o resgate e a conservação de sementes tradicionais do povo Krahô, ainda no final dos anos 1990, com o trabalho da pesquisadora Terezinha Dias. Desde então, cresce o número de etnias brasileiras interessadas em uma das formas mais seguras de conservar a biodiversidade brasileira por longos anos, guardando tesouros: a conservação in situ (feita pelas comunidades por meio do plantio contínuo das sementes) e a ex situ, na qual o material é armazenado a temperaturas que permitem manter a qualidade por pelo menos 40 anos e isso ocorre com o armazenamento no Banco de Genético da Embrapa. Graças a esse trabalho, sementes de importância simbólica aos povos indígenas estão salvas.
Diferentes espécies de eucalipto podem ser melhoradas com atenção a uma demanda dos produtores: redução em até 50% do tempo gasto no melhoramento genético, graças ao chip de genotipagem, denominado EucHIP60k, que faz a análise simultânea de 60 mil marcadores distribuídos por todo o genoma da planta. O produto tem elevado potencial de aplicação no setor florestal de vários países, uma vez que o seu desenvolvimento ocorreu com base nas 10 espécies de eucalipto mais utilizadas no mundo. Até então, o melhoramento genético variava de 9 a 18 anos, mas agora pode ser feito de 6 a 9 anos. Com isso, o produtor já pode reduzir tempo e custos.
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia também tem atuado no sequenciamento do genoma de várias espécies, abrindo possibilidades para soluções sustentáveis. Ao longo de mais de quatro décadas, tem respondido a importantes demandas mundiais na área, como a participação no consórcio internacional formado por 11 países – Brasil, Alemanha, Canadá, França, Itália, China, Austrália, Espanha, Indonésia, Índia e Estados Unidos – que sequenciou pela primeira vez no mundo o genoma completo do café (Coffea canephora).
Além disso, foram obtidos resultados em pesquisas para sequenciar o eucalipto, os primeiros genomas do amendoim, do vírus-da-meleira do mamoeiro e, recentemente, pesquisadores concluíram o sequenciamento completo do bicho-mineiro, uma das principais pragas dos cafezais. Esse resultado sinaliza novos e promissores caminhos para combater a praga, uma vez que agora os pesquisadores já conhecem todos os hábitos e estruturas genéticas do inseto que pode devorar lavouras inteiras de café. Com as respostas nas mãos, é possível desenvolver bioinseticidas e colocar em prática métodos sustentáveis para proteger os cafezais do bicho mineiro, com menor custo.
As mudanças climáticas e seus efeitos são desafios no dia a dia da pesquisa científica e tecnológica. Ao mesmo tempo, a busca de soluções para tais transformações coloca ao mundo científico uma oportunidade crescente para desenvolver as novidades em campos do conhecimento cada vez mais presentes nas equipes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, entre eles a nanobiotecnologia, a biologia sintética, o controle de pragas e a restauração de ambientes, entre outras temáticas que têm pautado o portfólio da Unidade.
Otimizar geneticamente os organismos vivos para obter mais alimentos saudáveis e nutritivos e inclusive fármacos e energia, com sustentabilidade, tem sido um dos objetivos dos cientistas que atuam com projetos voltados para essa finalidade por meio da biologia sintética.
O desenvolvimento sustentável da pecuária no bioma Cerrado, que cobre 24% do território brasileiro e tem 28% ocupados por pastagens cultivadas, faz com que a pesquisa se volte para caminhos que resultem em soluções sustentáveis, entre elas a publicação Sistemas Silvipastoris (SSP) com árvores nativas no Cerrado, que reúne as pesquisas conduzidas em diversas regiões do Cerrado e visam ampliar os conhecimentos sobre as árvores nativas presentes nas pastagens.
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é uma unidade estratégica para o Brasil e para o mundo: trata-se de uma Unidade que trabalha com quatro grandes campos do conhecimento, seja na pesquisa básica ou na aplicada. Os desafios desse Centro não são poucos, considerando a responsabilidade de suas equipes à frente de mais de 160 Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs). É a partir dessa missão que ocorre o mapeamento de todo o material da Embrapa existente nos BAGs e, consequentemente, armazenado no Banco Genético da Empresa.
Assim, um grande desafio é, sem dúvida, trabalhar pela conservação desse patrimônio nacional guardado no Banco Genético, o que confere à Unidade o status de área de segurança nacional justamente por manter em sua estrutura esse repositório da biodiversidade nacional, bem como a Estação Quarentenária.
Ofertar aos produtores rurais ativos sustentáveis de maneira a garantir a produção agropecuária é outro desafio da equipe altamente qualificada da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, especialmente aos projetos destinados ao desenvolvimento de bioinsumos e de diferentes estratégias para o monitoramento e controle de insetos-praga.
Com forte atuação no campo da biotecnologia e foco em estratégias de manejo para estresses bióticos e abióticos, a Unidade tem comprometimento na busca de soluções à resistência à seca e o controle das principais pragas agrícolas, lagartas, percevejos e nematóides.
Novos desafios não deixem de aportar aos laboratórios dessa Unidade que, por suas características singulares, atua em parceria com todos os centros de pesquisa da Embrapa, em todos os níveis, sejam nas linhas de pesquisas avançadas em biologia sintética e nanotecnologia que já contribuem para o avanço da ciência e têm sido destaques quando o tema é a qualidade das suas publicações científicas e patentes registradas em mais de 130 países.
Além desses desafios, há também o de coordenar o Sistema de Curadoria de Germoplasma dos processos de intercâmbio, para todas as instituições pertencentes ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Por meio desse serviço, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia analisa, em seus Laboratórios Quarentenários, todos os materiais vegetais importados para pesquisas, impedindo a introdução de doenças e pragas exógenas e assegurando a continuidade das atividades agrícolas no país.
Com mais de 26 projetos em execução na modalidade parceria público privada e dezenas de tecnologias em fase final para colocação no mercado, novos desafios não param de aportar nos laboratórios da Unidade, sendo as equipes chamadas a colaborar na busca de soluções que atendam às demandas da sociedade.
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