Lagartas “comem tudo” substituídas por vespinhas

18.03.2014 | 20:59 (UTC -3)
José Luiz Tejon Megido

Rosário fica no novo oeste da Bahia onde soja, milho e algodão dominam o horizonte de um chapadão, uma planície que lembra o meio oeste dos Estados Unidos, era a Agrorosário. Um dia de campo com produtores e tecnologia. Rosário fica a 350 km de Brasília e a 200 km de Luís Eduardo Magalhães.

A seca no Brasil e as chuvas no Mato Grosso já impactam os preços das commodities no mundo todo. Nas últimas semanas, em Chicago, a soja subiu 5,02% e o milho 4,29%. O café, depois de fortes baixas, explodiu crescendo na bolsa de Nova Iorque em quase 30% em fevereiro comparado a janeiro. E isso vale para todas as commodities: açúcar, algodão, cacau, suco de laranja, trigo, carnes. O efeito clima e as incertezas envolvendo crises como da Ucrânia, por exemplo, o 5º maior exportador de trigo do mundo.

Mas do ponto de vista do produtor, o medo hoje chama-se lagartas “come tudo”. As tais das Helicoverpas Armígeras e suas derivações, que desde a safra 2011/2012 calcula-se um prejuízo de cerca de R$ 3 bilhões, encarecendo as lavouras com aplicações químicas e baixos resultados. A notícia positiva vem de uma empresa brasileira, quase desconhecida, chamada Bug Agentes Biológicos, que recebeu no Fórum Econômico Mundial de Nova Iorque a menção de estar listada dentre 36 empresas consideradas mais inovadoras.

Essa empresa, nascida em Piracicaba, como uma incubadora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós (Esalq), da USP, desenvolveu parasitóides, no caso vespas, que agem nos ovos de outras pragas antes que as larvas se tornem lagartas. Para uso dessa tecnologia biológica, o agricultor paga cerca de R$ 30,00 por hectare para liberação das vespas do gênero trichogramamma, minúsculas, de apenas 0,25 mm.

Quer dizer, ao invés de nascer uma lagartona come tudo, nascem vespinhas. Essas vespas benignas são multiplicadas em laboratório e transportadas em forma de pupa, embaladas em cartelas. O manejo das grandes áreas de escala de produção no Brasil será cada vez mais fundamental para o crescimento do agronegócio e para a administração de custos e de doenças e pragas nas lavouras. A Fundação de Apoio a Pesquisa do Corredor de Exportação Norte, no Maranhão, Tocantins e Piauí estimula fortemente a adoção desta tecnologia nas suas áreas de atuação.

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