IAC inaugura sistema protegido para preservar maior coleção de citros do mundo

25.10.2009 | 21:59 (UTC -3)

O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, inaugura nesta segunda-feira (26/10), às 17h, em Cordeirópolis/SP, o Sistema Protegido do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de citros do Centro de Citricultura "Sylvio Moreira" - IAC, que tem a maior coleção de citros do mundo.

No evento, a Unidade receberá também o certificado da ISO 9001:2008 relacionada à Gestão de Qualidade.

O BAG é uma coleção de plantas vivas usadas nas pesquisas com melhoramento genético vegetal. A partir dessa coletânea, é possível identificar as características agronômicas e comerciais desejáveis e, então, por meio de cruzamentos, desenvolver variedades de citros com melhor resistência a pragas e doenças, sabor, cor e aroma apreciados pelos consumidores e "tempo de prateleira" que atenda à necessidade do comércio.

Para preservar a coleção com cerca de 1.700 plantas foi construída uma estufa de 2.400 m2, onde será possível abrigar 30% da coleção, aproximadamente. A obra foi feita com recursos do Governo Paulista. Em torno de R$ 260 mil foram investidos. Com a estufa, o objetivo é proteger as plantas de pragas e doenças, intempéries climáticas e até do ataque de formigas. São feitas cópias das plantas, preservadas no telado. É um backup vegetal, pode-se dizer assim.

Em geral, plantas perenes, como a laranja, não são mantidas em estufas, permanecem em campo aberto. Porém, com o objetivo de garantir os materiais indispensáveis à pesquisa agrícola e frente aos desafios fitossanitários permanentes do setor citrícola — em especial o greening (HLB - huanglongbing) — adotou-se o sistema protegido.

Segundo José Dagoberto De Negri, engenheiro agronômo do Centro de Citricultura, foram encaminhadas a essa primeira estufa as plantas mais velhas, de valor genético indispensável. "São clones velhos que não têm cópias em clone novo", explica. Na estufa — onde cada exemplar fica em vaso de 65 litros — há materiais cítricos diversos – laranja, limão, tangerina, pomelo, laranja azeda, porta-enxertos e outros. No Banco de Germoplasma há três unidades de plantas de cada variedade colecionada. De acordo com Dagoberto, a pesquisa tem materiais preservados que os produtores nem conhecem. Mas, ressalta, essas plantas podem ser usadas no futuro no melhoramento genético. Outros dois telados ainda deverão ser implantados para abrigar todo o BAG.

Vale ressaltar que as plantas utilizadas na ciência estão sujeitas aos mesmos riscos que as cultivadas em propriedades particulares. O grande problema é que sem elas não há pesquisa, não há avanço, não há soluções para o setor produtivo. Por isso o cuidado com o banco de germoplasma é de primeira necessidade. Os pesquisadores costumam dizer que — pela sua relevância para a sociedade como um todo — essas coleções de plantas constituem patrimônio nacional e deveriam ser cuidadas como tal.

A nova estufa do Centro de Citricultura do IAC representa uma ação importante na preservação dos materiais, inclusive nas atividades de combate ao greening, doença severa que obriga a destruição total das plantas e se constitui em enorme desafio atual para o setor citrícola e para a ciência.

Um bom suco de laranja começa no laboratório

Quem decide tomar um suco de laranja faz questão de encontrar um produto saboroso — nada de amargo, azedo ou aquele gosto de fruta passada... a decepção pode representar menos um freguês. E se o consumidor de suco concentrado ou natural exige qualidade, o mesmo padrão há de se esperar da indústria e do citricultor. O Brasil — maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo — não pode descuidar. E São Paulo tem grande responsabilidade nesse cenário, já que a citricultura paulista representa 80% da produção nacional. O Estado vem fazendo sua parte, sobretudo no exercício das funções das instituições de pesquisa agrícola.

A matéria-prima do suco, antes de estar nos pomares, tem forte vínculo com a atividade científica, responsável por originar os melhores materiais que vão ao solo e por desenvolver as tecnologias mais eficientes para tornar o setor citrícola competitivo. Nesse sentido, o Centro de Citricultura "Sylvio Moreira" do Instituto Agronômico (IAC) deu um importante passo: está trabalhando conforme os requisitos da ISO 9001:2008 relacionada ao Sistema de Gestão de Qualidade. Emitido em julho passado, o certificado da ISO será entregue durante a cerimônia, dia 26 de outubro, que contará também homenagem a servidores aposentados recentemente.

Certificação ISO 9001:2008

"A ABNT NBR ISO 9001:2008 é uma norma que estabelece requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade para organizações, qualquer que seja o tipo ou dimensão, que podem, se desejarem, certificar seus sistemas de gestão por meio de organismos de certificação", explica Maria Luísa Penteado Natividade Targon, pesquisadora do Centro de Citricultura e coordenadora do processo de estabelecimento da ISO. Nesse Centro, o Sistema de Gestão da Qualidade envolve pesquisas científicas e tecnológicas, produção e fornecimento de borbulhas, mudas e matrizes genéticas, diagnósticos de patógenos de citros, análise de qualidade de citros e formação de recursos humanos. Segundo a pesquisadora, o certificado expressa o comprometimento do Centro de Citricultura com a qualidade de cada um desses itens, sempre visando ao atendimento e à superação das expectativas dos clientes.

Para os clientes do Centro, como produtores e empresas, a certificação amplia a confiabilidade e garante a qualidade dos serviços prestados e produtos disponibilizados. "O Centro de Citricultura sempre teve em mente que seus clientes devem ser muito bem atendidos, qualquer que seja sua necessidade ou solicitação, mas a certificação expressa — para quem está lá fora — o cuidado que temos dentro do Centro com o trabalho realizado", diz a pesquisadora do IAC, instituto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

No IAC, esta é a primeira unidade de pesquisa a obter esse certificado. A expectativa é que outros centros do Instituto organizem-se no sentido de alcançar o mesmo resultado. "A transparência nos procedimentos e a garantia da qualidade em serviços e produtos reforçam a posição do IAC como referência em citros. Esse diferencial virá colaborar para manter a competitividade do Centro não só no Brasil, mas também no exterior", avalia o diretor-geral do IAC, Marco António Teixeira Zullo.

Na avaliação da direção do Centro, a certificação valoriza a unidade de maneira geral, considerando a tendência mundial da adoção de sistemas de qualidade. "Com a iniciativa de implantar esse sistema de gestão da qualidade, além de ser considerado o principal centro de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia em citricultura no Brasil, o Centro de Citricultura do IAC também mostra seu comprometimento com a qualidade e com o atendimento a clientes, parceiros e funcionários", avalia a pesquisadora.

Ela ressalta que a obtenção do certificado resulta de muito trabalho e do envolvimento de todos os profissionais e estagiários do Centro de Citricultura. "A certificação na ISO 9001:2008 é motivo de grande orgulho para o Centro de Citricultura, que é o primeiro do IAC certificado nessa norma, além de ser também o primeiro do IAC a ter um laboratório credenciado na ISO 17025:2005", afirma. Em fevereiro de 2008, o Centro obteve junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento o primeiro credenciamento na área de diagnóstico fitossanitário.

O processo de certificação

O processo para a obtenção da certificação na norma ISO 9001, iniciado em abril de 2007, envolve muitas etapas. A primeira delas, considerada uma das mais importantes, é a conscientização de toda a equipe sobre a importância da implantação da norma e do papel de cada pessoa no processo. "Foi feito um diagnóstico da organização do Centro de Citricultura e planejamento do Sistema de Gestão da Qualidade pelo consultor Gilmar José do Valle, da Valle & Veiga Associados", diz Maria Luísa.

Na seqüência, a documentação foi elaborada e o sistema implantado com o auxílio dos responsáveis pelos núcleos existentes no Centro de Citricultura. De acordo com Maria Luisa, após um ciclo de auditoria interna, a BSI Brasil Sistemas de Gestão, empresa de certificação de origem britânica, foi contratada para realizar a auditoria externa. Então foi recomendada a certificação do Centro de Citricultura na ISO 9001:2008.

A pesquisadora destaca que a busca por essas certificações demonstra a preocupação em estar sempre melhorando e oferecendo o melhor para funcionários, clientes e sociedade como um todo. "No entanto, a obtenção do certificado é o começo de um longo caminho, pois, para ter sucesso, o sistema precisa ser mantido e continuamente avaliado", ressalta.

SERVIÇO

Cerimônia comemorativa de conquistas do Centro de Citricultura "Sylvio Moreira"- IAC – inauguração do Sistema Protegido do Banco Ativo de Germoplasma e certificado da ISO 9001:2008 relacionada ao Sistema de Gestão de Qualidade

Data: 26 de setembro de 2009.

Horário: 17h

Local: Centro de Citricultura "Sylvio Moreira" - IAC - Local: Centro de Citricultura "Sylvio Moreira"-IAC - Cordeirópolis – rod. Anhanguera, km 158

Informações: 19-3546-1399

Carla Gomes

Assessora de Imprensa – IAC

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