Fungo da antracnose do milho tem origem mesoamericana

A análise genética do fungo revelou três linhagens: norte-americana, brasileira e europeia

22.04.2025 | 09:04 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Cristina Tordin
<b>(A)</b> Mapa mostrando uma provável rota de colonização de <i>C. graminicola</i> reconstruída por Computação Bayesiana Aproximada (ABC) usando 208 isolados de 17 países. Cores diferentes indicam linhagens distintas e setas indicam eventos de divergência: (1) primeiro evento de divergência da América do Norte para a África do Sul; (2) segundo evento de divergência da América do Norte para a Europa.&nbsp;<b>(B)</b> modelo demográfico com maior suporte foi selecionado com base em votação aleatória da população florestal.
(A) Mapa mostrando uma provável rota de colonização de C. graminicola reconstruída por Computação Bayesiana Aproximada (ABC) usando 208 isolados de 17 países. Cores diferentes indicam linhagens distintas e setas indicam eventos de divergência: (1) primeiro evento de divergência da América do Norte para a África do Sul; (2) segundo evento de divergência da América do Norte para a Europa. (B) modelo demográfico com maior suporte foi selecionado com base em votação aleatória da população florestal.

Pesquisadores de 17 países identificaram que o fungo Colletotrichum graminicola, responsável pela antracnose do milho, apresenta três linhagens geneticamente distintas, com provável origem na Mesoamérica. A disseminação global do patógeno, impulsionada por fatores naturais e pela troca de sementes contaminadas, levanta preocupações sobre novos surtos, especialmente na Europa, onde a linhagem mais virulenta foi detectada.

A pesquisa, que envolveu 212 isolados de cinco continentes, concluiu que a troca de sementes contaminadas desempenhou um papel crucial na propagação do patógeno.

A análise genética do fungo revelou três linhagens: norte-americana, brasileira e europeia. A linhagem da América do Norte foi identificada como a mais antiga, enquanto a linhagem europeia se mostrou mais virulenta, o que preocupa especialistas devido ao risco de novos surtos da doença.

De acordo com a pesquisadora Flávia Rogério, da Universidade de Salamanca e da Universidade da Flórida, a linhagem europeia pode trazer novos desafios para o controle da doença, com a possibilidade de surtos como os que devastaram lavouras nos Estados Unidos na década de 1970, resultando em perdas de até 100% nas plantações.

A migração do fungo também foi analisada, identificando intercâmbio genético entre a Argentina e a Europa. A pesquisa sugere que o uso de sementes contaminadas em viveiros de inverno na América do Sul facilitou esse processo.

A capacidade do fungo de se adaptar e migrar globalmente foi impulsionada por recombinações genéticas, um fenômeno que aumenta a diversidade do patógeno e pode alterar sua virulência.

Os pesquisadores observaram também que a distância geográfica tem influência sobre a variação genética do fungo. A análise revelou que até 35,8% dessa variação pode ser explicada pela geografia das populações, destacando a mobilidade do fungo, que é alimentada tanto por processos naturais quanto pela intervenção humana.

Além disso, foi observado que 80% dos isolados analisados mostram sinais de mistura genética, o que aumenta a complexidade do desenvolvimento de variedades de milho resistentes à antracnose.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.3897/imafungus.16.138888

Produção mundial e principais doenças do milho - Fonte: Embrapa
Produção mundial e principais doenças do milho - Fonte: Embrapa

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