Avanço genético pode acelerar o melhoramento da batata

Pesquisa revela novos caminhos para aumentar a diversidade genética da planta

18.04.2025 | 09:54 (UTC -3)
Revista Cultivar

Algumas das cultivares europeias mais populares de batata foram desenvolvidas há várias décadas. Dificuldades para melhorar a planta estão ligadas à complexidade do seu genoma. Com quatro cópias do genoma em cada célula, ao invés das duas típicas da maioria das plantas, a batata apresenta desafios significativos para a hibridação tradicional.

Contudo, estudo conduzido pelo professor Korbinian Schneeberger, do Grupo de Pesquisa sobre Plasticidade Genômica e Genética Computacional da LMU e do Instituto Max Planck de Pesquisa em Melhoramento de Plantas, trouxe avanço importante nesse campo.

A equipe foi capaz de reconstruir o genoma de dez cultivares históricas de batata. A partir desse conhecimento, os cientistas desenvolveram método para reconstruir genomas de batata de forma mais rápida e eficiente.

O trabalho focou em variedades históricas de batata, algumas das quais já cultivadas no século XVIII. Segundo Schneeberger, o objetivo era entender a diversidade genética presente nessas variedades para explorar o potencial genético das batatas cultivadas atualmente.

A resposta, no entanto, revelou-se surpreendente: a diversidade genética das batatas é extremamente limitada. As dez variedades analisadas cobriam cerca de 85% da variabilidade genética das batatas europeias modernas.

Gargalo genético

Os pesquisadores atribuíram essa limitação à chamada “eficácia de gargalo genético”. A batata foi levada da América do Sul para a Europa a partir do século XVI, mas o número de indivíduos introduzidos foi baixo, e muitos não conseguiram se adaptar às condições europeias.

Esse pool genético restrito foi diminuído por patógenos, como o famoso surto de Phytophthora infestans no século XIX, que causou uma queda nas colheitas e levou a fomes devastadoras, especialmente na Irlanda.

No entanto, o estudo revelou outra descoberta surpreendente: as diferenças entre as cópias de cromossomos individuais podem ser imensas. “Devido à limitação do pool genético, não há muitos cromossomos diferentes, mas quando eles variam, essa diferença é muito maior do que a observada em plantas domesticadas”, explicou Schneeberger.

As diferenças observadas são aproximadamente vinte vezes maiores do que as diferenças genéticas encontradas em humanos. Esses desvios genéticos ocorreram antes da chegada da batata à Europa, possivelmente como resultado de cruzamentos com espécies selvagens durante o processo de domesticação nas regiões andinas da América do Sul, que começou há cerca de 10.000 anos.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1038/s41586-025-08843-0

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