Colletotrichum graminicola

22.04.2025 | 09:28 (UTC -3)
Foto: Flávia Rogério
Foto: Flávia Rogério

Colletotrichum graminicola é um fungo ascomycota fitopatogênico de importância global, reconhecido como o agente causal da antracnose em cultivos de milho (Zea mays) e outras gramíneas.

Sua capacidade de causar danos significativos em regiões tropicais e subtropicais, aliada à complexidade de seu ciclo de vida e à variabilidade genética, torna-o um dos patógenos mais estudados em fitopatologia.

Taxonomia e classificação

Colletotrichum graminicola pertence ao gênero Colletotrichum, família Glomerellaceae, ordem Glomerellales.

Sua taxonomia é marcada pela existência de dois estágios reprodutivos: o anamorfo (fase assexual), caracterizado pela produção de conídios, e o teleomorfo (fase sexual), denominado Glomerella graminicola.

Estudos moleculares utilizando marcadores como ITS, GAPDH e TUB2 foram fundamentais para diferenciá-lo de espécies próximas, como C. sublineola, com o qual compartilha hospedeiros secundários.

  • Reino: Fungi
  • Filo: Ascomycota
  • Classe: Sordariomycetes
  • Ordem: Glomerellales
  • Família: Glomerellaceae
  • Gênero: Colletotrichum
  • Espécie: Colletotrichum graminicola

Biologia e ciclo de vida

O fungo exibe um ciclo de vida bifásico, alternando entre estratégias biotrófica e necrotrófica.

Na fase assexual, os conídios hialinos, unicelulares e fusiformes são disseminados por água, vento ou insetos, germinando em condições de alta umidade (25–30°C). Após a adesão à superfície foliar, formam-se apressórios que penetram a planta por estômatos ou cutícula, utilizando enzimas hidrolíticas (cutinases, pectinases) e pressão mecânica.

Na fase biotrófica, o fungo coloniza tecidos vivos, suprimindo defesas vegetais por meio de efetores.

Posteriormente, na fase necrotrófica, induz necrose tecidual, liberando toxinas (ex.: colutelina) e degradando paredes celulares para nutrição.

A fase sexual, embora menos frequente, contribui para a diversidade genética via formação de peritécios e ascósporos.

Etiologia e sintomatologia

A antracnose causada por C. graminicola manifesta-se em folhas, colmos e espigas do milho.

Nas folhas, surgem lesões alongadas com bordas escuras e centro necrótico, evoluindo para "queima" do tecido.

No colmo, a podridão enfraquece a estrutura, causando tombamento ("lodging"), enquanto nas espigas, leva à deterioração dos grãos.

A doença é favorecida por climas quentes e chuvosos, com períodos prolongados de molhamento foliar. A suscetibilidade varietal e o estresse abiótico exacerbam os sintomas.

Diferenciação de espécies relacionadas

A distinção entre C. graminicola e C. sublineola, patógeno do sorgo, requer análise integrada. Enquanto C. graminicola infecta predominantemente milho, C. sublineola especializa-se em sorgo.

Morfologicamente, os conídios de C. graminicola são maiores (12–20 µm) e suas setas são mais curtas e espessas. Molecularmente, sequências de genes como GAPDH e TUB2 revelam polimorfismos específicos.

Testes de patogenicidade cruzada confirmam a especialização hospedeira: C. graminicola não causa danos severos em sorgo, e vice-versa.

Manejo integrado

A antracnose reduz a produtividade do milho em até 50% em surtos epidêmicos, afetando a qualidade de grãos e a estabilidade das plantas para colheita mecanizada.

O manejo requer abordagem multifacetada:

  • Resistência genética: cultivares com genes Rcg1 e Rcg2 mostram tolerância à infecção.
  • Práticas culturais: rotação de culturas, eliminação de resíduos infectados e manejo racional da irrigação reduzem o inóculo.
  • Fungicidas: aplicações de triazóis e benzimidazóis em estádios críticos (ex.: floração) controlam a doença, embora a resistência seja um risco.
  • Monitoramento: diagnóstico precoce via PCR e análise de sintomas evita surtos.

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