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A praga custa caro. Helicoverpa armigera, conhecida como lagarta-do-algodoeiro ou lagarta-armigera, provoca imensos prejuízos globais. Resistente a diversos inseticidas e capaz de atacar mais de 180 plantas, tornou-se um desafio para a agricultura moderna. Mas um novo estudo realizado na Grécia propõe uma solução inovadora: o uso de feromônios produzidos por leveduras, aplicados em campo por drones.
O método chama-se “disrupção de acasalamento”. Consiste em espalhar no ambiente substâncias químicas semelhantes às que a fêmea do inseto libera para atrair o macho. Com isso, o inseto perde a capacidade de localizar seu parceiro, reduzindo a reprodução. A técnica não é nova. O que muda é como se produz e como se aplica esse feromônio.
Durante três anos consecutivos, pesquisadores testaram essa abordagem em campos de algodão no Vale de Spercheios, na Grécia Central. O estudo comparou a eficiência de feromônios tradicionais, de origem química, com feromônios biossintetizados por leveduras. Ambos foram inseridos em uma matriz biodegradável à base de parafina, chamada PheroWax.
Os resultados impressionaram. Em todas as safras, o uso de feromônio de levedura reduziu em mais de 99% a captura de machos nas armadilhas. Em 2020, as armadilhas nos campos tratados não capturaram um único macho sequer. Em 2021, mesmo com a população da praga em alta, o bloqueio reprodutivo manteve-se eficaz. No terceiro ano, os feromônios de levedura foram usados em campos maiores, com 7 hectares. Mais uma vez, o número de capturas caiu quase a zero.
A liberação do feromônio foi feita tanto manualmente quanto com drones adaptados para distribuir as bolhas do produto. Com auxílio de mapas georreferenciados, os UAVs sobrevoaram os campos e liberaram as bolhas diretamente sobre as plantas. A aplicação por drones garantiu distribuição uniforme e reduziu o tempo de trabalho.
A escolha da matriz PheroWax não foi casual. O composto protege as moléculas sensíveis de feromônio contra calor e luz UV, além de liberar o ativo de forma controlada por até nove semanas. Por ser biodegradável, dispensa a coleta posterior. Isso elimina o descarte de plásticos, como os usados em métodos anteriores baseados em microtubos de polietileno.
A análise de rendimento agrícola também foi positiva. Em 2022, os campos tratados com o novo método produziram 4000 kg de algodão por hectare, contra 3700 kg/ha nos campos-controle. Além disso, a infestação foi menor: 3,3% contra 4,4% nas áreas não tratadas. Em 2020 e 2021, os resultados foram semelhantes.
A tecnologia emprega dois compostos principais: o (Z)-11-hexadecenal e o (Z)-9-hexadecenal. Esses aldeídos compõem o feromônio sexual de H. armigera e foram produzidos por leveduras geneticamente modificadas. O processo reduz drasticamente os custos em comparação à síntese química tradicional.
A viabilidade da produção biotecnológica abre caminho para uso do método também em culturas de menor valor comercial, como milho e soja — antes limitadas aos feromônios apenas pela inviabilidade econômica. Além disso, como a técnica atua de forma específica sobre a espécie-alvo, imagina-se que não prejudique inimigos naturais e polinizadores.
Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.3390/insects16050523
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