Falta de chuvas faz desenvolvimento da soja no RS ter situações distintas

Área projetada para a safra 2022/23 é de 6.568.607 hectares; produtividade de 3.131 kg/ha

13.01.2023 | 09:42 (UTC -3)
Rejane Paludo, edição Cultivar

A cultura da soja ainda está em implantação no RS. Conforme informa a Emater/RS-Ascar, a evolução da semeadura, que aconteceu em pequenas áreas onde ainda havia umidade das chuvas mais volumosas, não alterou a proporção estadual, mantida em 96% implantados. A área projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada é de 3.131 kg/ha.

Cerca de 80% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, que ocorre de maneira irregular e desuniforme pela variação dos teores de umidade nos solos. Onde o déficit hídrico é mais grave, as lavouras apresentam menor porte, encurtamento dos entrenós, amarelecimento dos primeiros trifólios e até morte de plantas, principalmente nas bordas das lavouras e em topografia de solos rasos. Em lavouras em que ocorreram precipitações, onde há maior volume de palha residual de culturas anteriores, localizadas em solos profundos ou em várzeas, o dossel das plantas encobre as entrelinhas, e o estado geral das lavouras é mais próximo da normalidade.

As lavouras em floração alcançam 19%, com aumento da emissão dos botões florais, tornando-as mais sensíveis ao estresse hídrico. A reposição de umidade é urgente para não ocorrer o abortamento floral.

As perdas de produtividade são distintas entre as regiões, dependendo da distribuição e dos volumes irregulares das chuvas. Avalia-se redução na produtividade nas regiões de Bagé, Ijuí, Pelotas e Santa Maria. Nas outras regiões os danos não são significativos até o momento. No entanto, há necessidade de cautela com essas estimativas, pois podem ser revertidas, dependendo da capacidade de recuperação da cultura; ou aumentar, caso se prolongue o período seco.

A principal prática de manejo consiste no controle de ervas daninhas de modo a evitar a competição por água e nutrientes. O monitoramento de pragas é voltado principalmente para ácaros, insetos beneficiados por condições de clima seco e quente.

É crescente o número de produtores que estão adotando a pulverização com drones, seja adquirindo o equipamento, seja contratando as empresas que prestam o serviço. Como as pulverizações são realizadas com baixo volume de calda por hectare, recomenda-se atenção para as condições de temperatura e umidade relativa para evitar perdas das gotas por evaporação. O mesmo cuidado deve ser tomado para as aplicações com baixo volume, realizadas por pulverizadores de barras tratorizados ou autopropelidos.

Situação do milho

A área estimada de cultivo para a safra 2022/2023 é de 831.786 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 7.337 kg/ha. A semeadura evoluiu 1%, e a operação ocorreu em pequenas áreas onde houve chuvas pontuais e em áreas em sucessão ao tabaco. A área semeada alcançou 93% da projetada inicialmente.

As lavouras tiveram a situação de danos agravada com a continuidade do fenômeno La Niña, com insuficiência de chuvas e altas temperaturas na maior parte das regiões do estado.

De modo geral, as perdas são maiores no Centro e Oeste. As regiões mais afetadas: a de Santa Maria, com perdas estimadas em até 50%; a de Frederico Westphalen, 45%; as de Bagé, Ijuí e Santa Rosa, superiores a 30%; as de Erechim e Pelotas, 20%; e as regionais de Lajeado, Soledade e Passo Fundo apresentam redução de rendimento entre 3% e 9%. As de Caxias do Sul e Porto Alegre não foram afetadas.

Outra particularidade nas perdas é que a distribuição irregular das chuvas provocou diferentes resultados em lavouras -- algumas nos mesmos municípios. As perdas são menores onde houve uma eventual ocorrência de chuvas em volumes significativos e maiores na ausência ou onde ocorreu pequeno índice pluviométrico.

Em termos de época de semeadura, as menos afetadas foram as implantadas no cedo, antes do mês de agosto. As plantadas posteriormente apresentam maiores danos, pois os períodos de florescimento e enchimento de grãos coincidiram com períodos críticos de ausência de umidade e altas temperaturas.

Em termos fitossanitários, permanecem os manejos de controle de plantas invasoras, e as pragas – lagarta do cartucho e cigarrinha do milho –, mas estão sendo monitoradas e controladas quimicamente quando necessário.

Situação do arroz

A área estimada de arroz pelo IRGA é de 862.498 hectares. A produtividade projetada é de 8.226 kg/ha.

As lavouras estão com 82% em desenvolvimento vegetativo, 15% em floração, e 3% já iniciaram a formação dos grãos.

O tempo seco e ensolarado permaneceu favorecendo o desenvolvimento e a sanidade das lavouras onde há volume de água suficiente para manter a lâmina inundada de irrigação.

Onde o regime de chuvas nos meses de verão não foi suficiente para a manutenção de mananciais e dos reservatórios, já aparecem efeitos nos cultivos, com abandono de algumas lavouras, mudanças no método de irrigação em outras e perdas na produtividade.

O período foi de tratos culturais. Os rizicultores seguem realizando as adubações em cobertura e manejo d’água nas lavouras.

Situação do feijão (1ª safra)

A cultura tem fases de desenvolvimento distintas em função da época de semeadura.

Na região de Caxias do Sul, maior produtora da leguminosa, as lavouras são semeadas mais tardiamente, após os períodos mais frios, e estão em sua totalidade em desenvolvimento vegetativo.

Nas demais regiões, a colheita já está sendo efetuada e aproxima-se da finalização na regional de Santa Rosa (90%); está bastante adiantada na de Frederico Westphalen (72%); nas de Ijuí, Lajeado, Porto Alegre, Santa Maria e Soledade, foram colhidos em torno de 50%; nas de Erechim e Passo Fundo, a colheita não ultrapassa 20%.

A diminuição do volume de chuvas em decorrência do fenômeno La Niña também afeta os rendimentos de forma variável. As regiões mais atingidas são as de Santa Maria e Pelotas, com expectativa de redução de produtividade entre 30% e 40%. Em uma segunda faixa, entre 10% e 20%, estão as de Frederico Westphalen, Ijuí e Santa Rosa. As perdas situam-se entre 5% e 10% nas de Erechim e Soledade. Nas demais, não há diminuição na produtividade até o momento. A área projetada de feijão 1ª safra é de 30.561 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 1.701 kg/ha.

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