Exportações de café caem 17,5% em agosto, aponta o Rabobank

Setor enfrenta volatilidade, enquanto produtores se beneficiam de melhora na relação de troca com fertilizantes

11.09.2025 | 15:11 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Vitória Cecília

O Brasil exportou 3,1 milhões de sacas de café (60kg) em agosto, segundo atualização mensal do Rabobank Brasil, elaborada pelo analista setorial Guilherme Morya. O volume representa queda de 17,5% em relação ao mesmo mês de 2024, mas avanço de 14,3% frente a julho. Apesar da recuperação mensal, o setor segue pressionado por desafios como a colheita de arábica afetada pelo clima e a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos desde agosto.

De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os embarques para os EUA recuaram 46% na comparação anual e 26% frente a julho, totalizando 301 mil sacas. Ainda assim, o país manteve a posição de segundo principal destino do café brasileiro, atrás apenas da Alemanha, e segue como maior importador no acumulado de 2025.

Outro ponto de destaque do relatório é a melhora na relação de troca para os produtores. Em agosto, foram necessárias apenas 1,2 sacas de café para adquirir uma tonelada de fertilizante formulado 20-05-20, contra 1,7 sacas no mesmo mês do ano passado e 1,6 em julho. A valorização do café e a queda nos preços de insumos, principalmente da ureia, explicam o resultado.

Os preços do café no Brasil também registraram forte recuperação a partir de agosto. O arábica subiu 31% e o conilon 32%, impulsionados pela desaceleração das exportações e pelos baixos estoques globais. A imposição das tarifas americanas adicionou ainda mais volatilidade ao mercado, levando torrefadores dos EUA a adiar compras ou buscar alternativas, inclusive o uso de armazéns alfandegados para postergar o pagamento da tarifa. Desde o anúncio das medidas, em 9 de julho, os estoques certificados em Nova York caíram 157 mil sacas.

Na Europa, a EUDR (Regulamentação Europeia contra o Desmatamento) segue influenciando o ritmo de compras. Em 2024, o bloco antecipou importações e, segundo o Rabobank, pode repetir o movimento no segundo semestre de 2025. Dados recentes apontam acúmulo de estoques nos países europeus.

Impactos climáticos

No campo, o mês de agosto foi marcado por baixos volumes de chuva dentro da normalidade para o período, o que favoreceu a conclusão da colheita. Porém, episódios de geada atingiram áreas de arábica, com impacto mais severo no Cerrado Mineiro. Estimativas de uma cooperativa regional indicam perdas de até 412 mil sacas na safra de 2026, o que gera preocupação para o próximo ciclo.

Apesar dos danos localizados, as perspectivas de médio prazo para o café brasileiro permanecem positivas. O Rabobank projeta bom potencial produtivo para arábica e conilon no ciclo 2026/27, mas ressalta que o mercado deve acompanhar de perto o regime de chuvas e a florada nas próximas semanas, fatores que podem influenciar a evolução dos preços.

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