Executivos americanos apontam Brasil como um dos maiores mercados no mundial de irrigação

Randy Wood e Brian Ketcham, respectivamente CEO e CFO globais da multinacional norte-americana Lindsay, e Eduardo Navarro, diretor-geral da marca na América do Sul, estiveram em Goiânia no último dia 9 de março e falaram e sobre o enorme potencial brasileiro para agricultura irrigada, com destaque para Goiás, maior mercado da empresa dentro País

17.03.2022 | 16:35 (UTC -3)
Anderson Costa
Randy Wood, presidente e CEO da Lindsay
Randy Wood, presidente e CEO da Lindsay

Em visita à Goiás, três dos principais executivos da Lindsay, marca líder mundial no desenvolvimento de tecnologias para irrigação, confirmaram que o Brasil é o segundo maior mercado de seus produtos e serviços. Randy Wood e Brian Ketcham, respectivamente CEO e CFO globais da multinacional norte-americana, e Eduardo Navarro, diretor-geral da marca na América do Sul, estiveram em Goiânia na semana passada e falaram a alguns veículos de imprensa especializados no agronegócio. Na capital eles foram recebidos por Cauê Campos, CEO da Pivot, concessionária autorizada da Lindsay no País e líder nacional na venda de maquinários agrícolas e sistemas de irrigação.

Brian Ketcham - CFO da Lindsay
Brian Ketcham - CFO da Lindsay

Em entrevista à jornalistas do setor agro, os dois executivos americanos disseram que a Lindsay atualmente está presente em 90 países, e desses, o Brasil é o seu segundo maior mercado, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde fica a sede da marca. "Dentro do cenário nacional, Goiás é fantástico e representa o maior mercado interno de nossos produtos”, destacou Randy Wood.

Ao justificar o porque o Brasil é hoje um grande mercado potencial para a agricultura irrigada, Wood ressaltou que o nosso país, além de uma enorme extensão territorial com vasto potencial agrícola e um forte mercado consumidor interno, possui um “agronegócio muito maduro e muito ligado em tecnologia”. Números do Atlas de Irrigação 2021, elaborado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), mostram que atualmente o Brasil possui mais de 8,2 milhões de hectares irrigados, mas tem possibilidade de avançar para mais 4,7 milhões de hectares até 2040, o que representaria um acréscimo de 51% na nossa área irrigada.

Frente à necessidade iminente de uma produção de alimentos de proporções gigantescas, haja visto o aumento da população mundial, o CEO da Lindsay avalia que a chamada agricultura de precisão é o único caminho possível para atender a essa demanda global. “Anos atrás agricultura de precisão era algo considerado muito complicado, mas hoje é muito mais acessível. E o Brasil tem aproveitado bem esse seu potencial", afirmou o executivo.

Ao destacar que a Lindsay responde hoje por uma grande fatia dos pivôs centrais comercializados nacionalmente, o CFO da marca, Brian Ketcham, afirmou que os números de agricultura de irrigação no Brasil são impressionantes e a meta para 2022 é alcançar uma fatia ainda maior do mercado brasileiro. “Além de crescer mais por aqui, queremos trazer para cá outras novas tecnologias que estamos desenvolvendo”, afirmou. O executivo americano também avaliou que a agricultura irrigada é o caminho natural e mais sustentável para o atendimento da alta demanda por alimentos no mundo. “É mais sustentável porque você tem um sistema que irá aplicar a água na hora e quantidade certa, o que reflete diretamente na produtividade, que pode aumentar em até 40%, e na qualidade. Diferente do que se possa imaginar não é também um investimento tão elevado para os produtores, já que um sistema de irrigação por pivô central, por exemplo, pode se pagar entre dois e três anos”, revela.

Mudança de cultura

E por falar em sustentabilidade, apesar de ser um sistema de plantio que garante alta produtividade de alimentos de forma sustentável, Eduardo Navarro, diretor-geral da Lindsay na América Latina, afirma que no Brasil ainda há uma visão bastante equivocada de grande parte da sociedade sobre a agricultura irrigada. Para ele, as novas tecnologias de irrigação são a quarta revolução agrícola do mundo, porque é o único meio capaz de agregar de 30% a 40% de produtividade numa mesma safra, com redução de custos. Ele lembrou ainda que de toda a área agricultável do Brasil, apenas 7% é irrigada, porém essa área responde por 40% do valor da produção agrícola no País.

Eduardo Navarro, diretor-geral da Lindsay no Brasil
Eduardo Navarro, diretor-geral da Lindsay no Brasil

“É preciso desmistificar essa ideia de que agricultura irrigada é um ‘gastadora de água’. Muito pelo contrário. Nós não consumimos água, pois toda essa água que a irrigação capta da natureza ela devolve do mesmo jeito, sem contaminação alguma, diferente do que ocorre em muitos processos industriais. Acontece que muitas vezes a sociedade tem ideia de uma coisa, mas não tem em mãos toda informação”, argumenta.

Ao falar do potencial agrícola do Brasil, Navarro afirmou que o nosso país, por seu perfil de regime de chuvas diferenciado, em relação a grande maioria de outros países, é o único lugar no mundo onde é possível, usando sistemas de irrigação de alta precisão, ter até cinco safras em dois anos. “Em Goiás, por exemplo, já é possível, com uso da irrigação, você fazer três safras num ano, usando-se irrigação”, afirma.

Modernidade

De acordo com Cauê, a tecnologia de irrigação possibilitou que o Brasil, que já era uma potência agrícola, se consolidasse como o grande celeiro do mundo. “Com a agricultura irrigada você consegue produzir em regiões que antes não era possível e isso cria mais oportunidades dentro do agronegócio. Se antes você tinha, por exemplo em Goiás, terras em regiões como a de Rio Verde, que sempre foram muito valorizadas pela produção da soja, agora você tem novas fronteiras agrícolas no estado, com a região do Vale do Araguaia onde muitos produtores têm migrado da pecuária para a agricultura”, afirma o CEO da Pivot.

Cauê Campos, CEO do Grupo Pivot
Cauê Campos, CEO do Grupo Pivot

Segundo Cauê, os sistemas de irrigação agrícola estão num patamar de altíssima tecnologia, dentro do que pede a chamada agricultura 4.0, e avançar depende do agricultor entender os benefícios e investir em conectividade. “Hoje já temos a tecnologia para conectar qualquer pivô central à internet. O que parece o futuro hoje é o presente. Depende apenas do agricultor entender os benefícios e adquirir a tecnologia. Hoje já vendemos tecnologia para conectar qualquer pivô à internet”, alega Cauê Campos.

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