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Com o objetivo de validar junto a produtores rurais, extensionistas e agentes financiadores os dados preliminares do Zoneamento Agrícola de Risco Climático para cultura do milho, a Embrapa realizou, no dia 14 de setembro, reunião para que os participantes opinassem sobre os resultados obtidos. A ideia é adequar os dados levantados na pesquisa agropecuária de modo a melhor adequá-los à realidade do campo.
O zoneamento busca indicar as datas para semeadura por município, de acordo com a característica do clima, o tipo de solo e ciclo da cultivar, de forma a evitar que adversidades climáticas coincidam com fases sensíveis das culturas. "É uma ferramenta para tentar minimizar as perdas agrícolas e visa dar garantia aos agentes financiadores, ou seja, disponibiliza dados técnicos para a contratação de seguro agrícola", afirma o pesquisador da Embrapa Acre, Falberni Costa.
Para o agricultor Sebastião do Nascimento, da comunidade Alto Pentecostes, em Mâncio Lima (AC), a reunião trouxe novidades sobre a cultura do milho. "Eu já planto o milho safrinha devido à orientação que recebi dos profissionais da Embrapa, temos um trabalho em parceria de vários anos. Na reunião, vi a oportunidade de plantar o milho convencional nas épocas indicadas pelo zoneamento, mas enfrentamos dificuldade com a qualidade da semente, ainda não temos uma cultivar adaptada para a região".
Outro ponto destacado pelo agricultor foi a questão do seguro agrícola. "Os critérios que os bancos adotam ficaram mais claros. Estou esperando ansioso o resultado final, é muito importante repassar isso para os produtores da região do Juruá", afirmou.
De acordo com o técnico agrícola da prefeitura de Cruzeiro do Sul, Jorgemar Leite, poucos agricultores cultivam o milho na região, mas o interesse tem aumentado muito devido a demanda por ração para aves, peixes e suínos. "Com o Zoneamento e as orientações da pesquisa agropecuária as chances de produtividade no cultivo do milho aumentam e isso será um incentivo para os agricultores ampliarem as áreas de cultivo. De forma geral, o milho convencional é mais cultivado pelos produtores da região e vimos, na reunião, a possibilidade de plantar também a segunda safra (safrinha), como já faz o agricultor Sebastião", comenta.
Em novembro, a Embrapa entregará para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para as culturas do milho, trigo, cana-de-açúcar e soja de todas as regiões do Brasil, já validados pelo setor produtivo. A pesquisa é coordenada pela Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) com apoio das diversas unidades da empresa.
No Acre, o foco do estudo foi no milho pois as outras três culturas (trigo, cana-de-açúcar e soja) não são produzidas no estado. "Além disso, as políticas públicas estaduais estão relacionadas com setores que demandam esse cereal, tais como a avicultura, piscicultura e suinocultura, nas quais o milho é usado para ração", afirma Costa.
Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Idesio Franke, a atual produção de milho no Acre não atende à demanda pelo produto. "Os agricultores precisam comprar o cereal de outros estados, como Rondônia e Mato Grosso. Além disso, a produtividade no estado ainda é baixa e esperamos que o zoneamento possa ser um dos fatores que colabore para o aumento da produtividade, embora sejam necessárias várias medidas, dentre elas a disponibilidade de sementes de qualidade e a adoção das técnicas de manejo", destaca.
Na safra de 2013 e 2014, a produtividade nas lavouras do Acre foi de 2500 quilos por hectare, enquanto a média na região Norte é de 3100 quilos por hectare, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nessa mesma safra, a área cultivada com milho no estado foi de 46,5 mil hectares. Um experimento no distrito de Santa Luzia, em Cruzeiro do Sul, na safra convencional de 2015–2016 mostrou que a adoção de práticas de manejo do solo permite obter resultados promissores na produção de milho, com produtividade de 4800 quilos por hectare.
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