Especialistas propõem ferramentas de geoprocessamento para mapear rotas de defensivos ilegais

​As mesmas tecnologias utilizadas para localizar possíveis entradas de pragas agropecuárias no País podem servir para encontrar prováveis rotas de inserção de defensivos ilegais no Brasil

16.10.2017 | 21:59 (UTC -3)
Embrapa Gestão Territorial

As mesmas tecnologias utilizadas para localizar possíveis entradas de pragas agropecuárias no País podem servir para encontrar prováveis rotas de inserção de defensivos ilegais no Brasil. A proposta foi feita por especialistas da Embrapa Gestão Territorial (SP) que executaram um estudo preliminar a respeito divulgado na nota técnica Inteligência territorial no monitoramento da entrada de defensivos ilegais no Brasil.

A atividade agrícola e o meio ambiente são prejudicados pelo comércio ilegal de químicos empregados na lavoura que podem ser classificados em três categorias. Os defensivos ilegais contrabandeados são produtos não autorizados pelos órgãos públicos de controle e trazidos ao País de forma clandestina. Os defensivos legais contrabandeados também entram de forma ilícita, porém, são produtos de uso permitido no Brasil. Por fim, os ilegais falsificados são defensivos produzidos clandestinamente no intuito de copiar produtos licenciados utilizando outra composição química.

“Todas essas categorias de produtos possuem um ponto em comum: entram no País por rotas ilegais”, conta André Rodrigo Farias, geógrafo da Embrapa que realizou o estudo. Ele  explica que essas rotas fazem uso de rodovias e infraestruturas como portos e aeroportos, itens que podem ser objeto de mapeamento e monitoramento por meio de técnicas de geoprocessamento. “Esse trabalho poderia subsidiar ações das polícias Federal e rodoviárias”, sugere o analista.

O estudo é semelhante a outros que a Embrapa já realiza de investigar prováveis entradas no País de pragas quarentenárias da agropecuária. Os dados obtidos auxiliam ações de fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para controle da disseminação. Muitos dos canais de acesso dos defensivos ilegais, como as fronteiras secas entre Brasil e países vizinhos, já foram mapeadas nos trabalhos sobre entradas de pragas.

De modo análogo, o mapeamento do comércio ilegal de defensivos trabalha com os pontos de maior risco de entrada, informação valiosa para orientar ações das autoridades policiais. Para fazer o estudo preliminar, Farias fez um levantamento por meio de registros de grandes apreensões de agroquímicos ilegais executadas no País todo e divulgados na mídia. “Para o trabalho proposto, teríamos de utilizar informações oficiais das polícias Federal, Rodoviária Federal e polícias estaduais para obtermos melhor precisão, o que poderia ser feito por meio de parcerias”, propõe.

A Inteligência Territorial trabalha analisando e associando informações de diferentes fontes e tipos como localização de estradas oficiais e clandestinas, existência de postos de fiscalização, tipo de fronteira, rotas até os maiores mercados receptadores dos produtos ilegais e muitas outras. A urbanização na área fronteiriça, por exemplo, é considerada fator que aumenta o risco de contrabando por favorecer o intercâmbio de pessoas e mercadorias, configurando pontos que necessitariam mais atenção das autoridades. O estudo apresenta resultados importantes para a atuação diante do problema, como por exemplo, quais são os lugares mais vulneráveis à passagem de contrabandistas de defensivos.

O grupo pretende agora aprofundar os estudos no tema a partir da integração de outras informações relacionadas aos defensivos ilegais nessa base de dados já elaborada. “Como se trata de um assunto de grande complexidade, envolvendo as áreas de atuação de diversas instituições e órgãos públicos, os trabalhos em cooperação são fundamentais para a geração de informações sobre o tema”, comenta Rafael Mingoti, supervisor do Núcleo de Análises Técnicas (NAT) da Embrapa Gestão Territorial.


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