Especial clima: Rumo a Copenhague

07.08.2009 | 20:59 (UTC -3)

“Precisamos agir juntos. Se não conseguirmos um acordo em Copenhague, outra oportunidade deverá demorar muito tempo. E, neste caso, esperar não é uma estratégia. Não podemos criar um planeta de ilusões.”

A afirmação foi feita pelo ministro de Energia e Mudança Climática do Reino Unido, Ed Miliband, durante o seminário “Clima e Desenvolvimento: a Caminho de Copenhague”, que ocorreu na quarta-feira (5/8) na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Miliband destacou no encontro a importância da oportunidade representada pela Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), que será realizada em Copenhague, na Dinamarca, de 7 a 18 de dezembro. O seminário procurou avaliar políticas de transição para uma economia livre de emissões de carbono e discutir as negociações multilaterais que resultarão na Conferência de Copenhague.

Participaram dos debates, coordenados pelo professor Jacques Marcovitch, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, José Goldemberg, pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa, vinculado ao Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, e Luiz Fernando Furlan, presidente da Fundação Amazônia Sustentável.

Em sua segunda visita ao Brasil, Miliband apresentou uma síntese do documento divulgado no início do mês pelo Reino Unido, intitulado The UK Low Carbon Transition Plan — National Strategy for Climate and Energy.

O documento concentra ações para transformar o setor de energia, expandindo o uso de fontes renováveis, além de aumentar a eficiência energética dos prédios, casas e do setor de transportes.

Miliband reconhece que o momento é ruim. “A situação é urgente e a crise econômica desviou a discussão sobre a situação climática no mundo. Por outro lado, este é um bom momento para repensar a vida que pretendemos levar”, destacou.

O ministro, que esteve na região do rio Xingu no fim de semana, disse que o Reino Unido tem interesse em financiar ações contra o desmatamento e que ficou “impressionado” com a maneira como o Brasil lida com os biocombustíveis.

Segundo ele, a interdependência entre os países é uma chance para pensar as economias. “Pessoas que vivem em diferentes pontos agora dependem uns dos outros e essa interdependência é uma chance de pensar nossas economias. É uma questão fundamental”, disse.

Goldemberg questionou o ministro sobre a ausência, no documento britânico, de dados sobre os recursos e o tipo de investimento desenvolvido. “Estamos subsidiando energia renovável, que é um custo alto. Representa um aumento na conta de luz e parte dos gastos é repassada ao consumidor – outra é o governo quem paga”, respondeu Miliband.

Marcovitch salientou a problemática dos países em desenvolvimento, que precisam crescer e gerar equidade socioeconômica, mas sob nova ótica. “Será que estamos dispostos a reduzir o crescimento das emissões de carbono?”, questionou. Segundo ele, debater os fundamentos de um novo ciclo de desenvolvimento envolve não apenas recursos financeiros, mas também humanos.

Miliband apontou que o Brasil tem uma tarefa específica e uma oportunidade em Copenhague. Ele se disse otimista quanto à possibilidade de um acordo em dezembro. “Mas não vamos conseguir acordo sem liderança forte”, ressaltou.

O ministro destacou ainda que espera que o Brasil possa dar uma posição de como planeja reduzir emissões de carbono até 2020. “Não necessariamente reduções absolutas, mas todos precisamos operar dentro de um plano de carbono. Não esperamos metas do tipo Kyoto para os países em desenvolvimento antes de 2020, mas um plano sobre como eles vão se desviar da trajetória atual”, disse.

Mais informações sobre a COP15:

Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP

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