Embrapa participa de treinamento para laboratórios brasileiros que analisam qualidade da fibra do algodão

Treinamento visou difundir melhores práticas para garantir certificação de qualidade no mercado interno e para as exportações

04.02.2022 | 14:14 (UTC -3)
Embrapa
Detalhe do aparelho de HVI da Embrapa no Laboratório de Fibras, em Campina Grande (PB). - Foto: Dalmo Oliveira
Detalhe do aparelho de HVI da Embrapa no Laboratório de Fibras, em Campina Grande (PB). - Foto: Dalmo Oliveira

João Paulo Saraiva Morais e Everaldo Paulo de Medeiros, pesquisadores da Embrapa Algodão, participaram, entre os dias 24 e 27 de janeiro, de treinamento remoto visando aprimoramento contínuo e discussões sobre a melhoria na qualidade da fibra do algodoeiro. O objetivo do curso, promovido pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) em parceria com a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), foi treinar gerentes de laboratórios vinculados ao Programa Standard Brasil High Volume Instruments (SBRHVI), pesquisadores e fiscais federais agropecuários

O treinamento ficou a cargo de Axel Drieling, do FIBRE (Faserinstitut Bremen) ligado ao ICA Bremen (Global Centre for Cotton Testing and Research). “O instituto alemão oferece treinamentos, consultorias, pesquisa e certificação. Drieling trabalha com metrologia do algodão, boas práticas e é responsável pelos ensaios interlaboratoriais com algodão ao redor do mundo. A instituição atua também como mediadora em casos de disputa sobre algodão vendido e comprado. A palavra deles é a final nesse tipo de arbitragem”, diz Saraiva, que atuou ainda como tradutor durante o treinamento.

Para Edson Mizoguchi, gestor do Programa de Qualidade da Abrapa, o curso teve como objetivo principal reforçar o aprimoramento técnico e a padronização dos itens essenciais para o bom monitoramento, manutenção e controle das centrais de climatização dos laboratórios. Também permitiu a atualização sobre as melhores práticas internacionais.

“Com o desenvolvimento de ações como esta, o setor trabalha para aumentar a confiabilidade dos resultados apresentados pelos laboratórios brasileiros de HVI em relação à qualidade do algodão brasileiro, melhorando a reputação e consequentemente, o posicionamento da fibra produzida no Brasil no mercado interno e externo”, declarou Mizoguchi.

O evento mobilizou cerca de 15 auditores-fiscais federais agropecuários ligados ao Departamento de Inspeção de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA, pesquisadores e profissionais que atuam nos laboratórios de produção e que participam do programa SBRHVI. O curso visou a capacitação dos técnicos laboratoriais buscando aprimorar a qualidade do algodão brasileiro.

“A certificação oficial do algodão brasileiro será de autocertificação, em que os produtores e as unidades de beneficiamento fiscalizam os próprios produtores. Porém, laboratórios de HVI e o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) também estarão envolvidos em todo o processo. O MAPA supervisionará os laboratórios de análise de qualidade de fibra que atendem os cotonicultores. Trata-se de uma iniciativa que valoriza o autocontrole executado pelos beneficiadores de algodão e avaliados pelos laboratórios de classificação de algodão, que já são monitorados pelo programa SBRHVI”, destaca o coordenador-geral de Qualidade Vegetal do MAPA, Hugo Caruso.

O evento abordou temáticas específicas como o desenvolvimento das plantas de algodão e como a genética, o ambiente e processamento da safra podem afetar a qualidade de fibra. Também trouxe novidades de como ocorre a análise instrumental da fibra e o impacto no mercado e na fiação dos valores medidos nessa análise. Esse tipo de previsão de impacto pode dar noções do mercado internacional de algodão para entender onde o algodão brasileiro se torna mais sensível às flutuações de ágio e deságio.

Classificação por HVI

João Paulo explica que a qualidade da fibra do algodoeiro também pode ser medida visualmente, por um classificador humano, mas atualmente o que predomina é a classificação instrumental, através de equipamentos High Volume Instrument (HVI, na sigla em inglês). “Hoje, se faz mais classificação instrumental no algodão colorido do que a tradicional classificação visual. No Brasil, ainda se faz classificação visual do algodão branco, enquanto do colorido, praticamente só se faz a instrumental. O importante, no entanto, é que todos os laboratórios sigam as boas práticas e as normas globais. Eu destacaria que o treinamento continuado nesses pontos ajuda a aumentar a confiabilidade nos resultados fornecidos pelos laboratórios que seguem essas normas, guias, diretrizes”, diz.

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