Embrapa Milho e Sorgo realiza plantio de mudas de cratília e de espécies florestais nativas

Participaram do plantio mais de 50 pessoas entre empregados, estagiários, extensionistas, representantes do projeto CVT Guayi, do governo local, e de instituições de ensino da região

18.12.2015 | 21:59 (UTC -3)
Sandra Brito

O Núcleo de Agroecologia e Comissão do Meio Ambiente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Sete Lagoas-MG, promoveram ações para a recuperação de duas áreas de preservação permanente na fazenda da Embrapa Milho e Sorgo. O evento aconteceu na manhã da última quinta-feira, 17 de dezembro, para atender condicionantes do Licenciamento Ambiental e atividades do projeto CVT Guayi.

Para recuperar as áreas, foram plantadas mais de 500 mudas de espécies nativas da região e de Cratylia argentea. Participaram do plantio mais de 50 pessoas entre empregados, estagiários, extensionistas, representantes do projeto CVT Guayi, do governo local, e de instituições de ensino da região. As atividades foram orientadas pelos coordenadores do núcleo e da comissão do Licenciamento Ambiental da Unidade.

O chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Antônio Álvaro Corsetti Purcino, acompanhado dos chefes-adjuntos Sidney Netto Parentoni e Jason de Oliveira Duarte, fez a abertura do evento. Ele destacou que em 2015 a Embrapa Milho e Sorgo recebeu a Licença Ambiental, concedida pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental – Central Metropolitana (SUPRAM-CM). E que este trabalho envolveu a participação de vários setores da Unidade. "Foi um longo trabalho para fazer a recuperação e a adequação de nossa fazenda. Nesta área, vários condicionantes precisam ser resolvidos e uma das ações é revegetar alguns locais da nossa Unidade", disse.

O evento foi dividido em duas etapas. No primeiro momento, os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo Walter José Rodrigues Matrangolo, Manoel Ricardo de Albuquerque Filho e Thomaz Correa e Castro Costa ministraram palestras sobre os temas. Walter apresentou os organismos benéficos que fazem o controle biológico na Cratylia argentea: anurus (rãs), lagartos e insetos benéficos. Manoel Ricardo falou sobre a necessidade de a Embrapa atender o licenciamento ambiental. E Thomaz enfatizou o papel das florestas nativas no ciclo da água. "Existem muitas áreas degradadas que podem fazer parte de um programa de restauração ecológica. As florestas são muito importantes para o equilíbrio da natureza", afirmou Thomaz.

Em seguida, foi iniciado o plantio de mudas para atender duas condicionantes do licenciamento: recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) e compensar APPs que estão antropizadas, ou seja, ocupadas por edificações.

"A ação promovida pelo Núcleo de Agroecologia da Embrapa Milho e Sorgo, para recuperação das APPs, faz parte das atividades de um projeto financiado pelo CNPq, em apoio a um projeto maior, que é o do Centro Vocacional Tecnológico Guayi de Agroecologia – CVT", informou Walter Matrangolo.

Ele ressaltou que a agroecologia tem a função de trazer as questões ambientais para a prática. "Aqui na Embrapa Milho e Sorgo, a ação buscou o envolvimento dos funcionários na recuperação da APP Lagoa do Trevo. As atividades integraram, também, o programa de Qualidade de Vida no Trabalho da Embrapa. Para isso, os empregados receberam sementes para produção das próprias mudas de cratília".

As sementes foram distribuídas há aproximadamente 3 meses. Outra parte das mudas de cratília foi produzida pela Associação Comunitária Semeando para o Futuro, de Prudente de Morais-MG, da qual faz parte o empregado da Embrapa Milho e Sorgo Joaquim Barbosa dos Santos. Ao todo foram plantadas 421 mudas de cratília, em uma área de 2 mil metros quadrados.

Na APP do córrego do Marinheiro, foram plantadas espécies nativas como jatobá, aroeira do campo, jacarandá e ipês, somando 300 mudas de 19 espécies. "A área plantada foi de 1 hectare. As mudas foram doadas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG)", informou Manoel Ricardo, que pertence à Comissão do Meio Ambiente da Embrapa.

De acordo com a analista do Setor de Gestão de Pessoas Christianne Cardoso Macieira de Souza Lima, nesta ação, o programa Qualidade de Vida buscou promover a socialização entre as diferentes gerações de empregados de diferentes cargos e setores. "Os empregados se empenharam para sair de suas atividades de rotina e participar de uma atividade de campo. Criou-se, também, a oportunidade para os colegas mais velhos conhecerem os mais novos de casa", disse.

A coordenadora do Projeto CVT Guayi, em Minas Gerais, e professora do curso de Agronomia da Universidade Federal São João del-Rei (UFSJ), Leila de Castro Louback Ferraz, ressaltou que este tipo de ação tem uma dimensão muito maior do que aparenta. "Parecem ações pequenas, mas as pessoas se envolveram e se planejaram para estar aqui. É um projeto embrionário e todos são coparticipantes. Essas ações coletivas podem ter um reflexo muito importante para as gerações atuais e futuras. Nosso sonho é que, no futuro, esta fazenda possa produzir as frutas nativas da região, e não apenas a cratília", declarou. No Brasil, existem mais nove CVTs de Agroecologia.

Cratília – planta pioneira para a recuperação de APPs degradadas

De acordo com o pesquisador Walter Matrangolo, a cratília tem potencial para ser uma planta pioneira para a recuperação de áreas de preservação permanente degradadas a serem recuperadas. "É uma planta resistente ao estresse hídrico e com elevado teor de proteína. Por isso, a cratília pode ser usada para cobrir as áreas, reduzindo a presença das gramíneas invasoras que podem causar queimadas", comentou.

"A semeadura deve ser feita em viveiros para que a plantinha tenha uma condição adequada de desenvolvimento, e isto ocorre aproximadamente em 2 meses. Para ir ao campo, a muda precisa estar com aproximadamente 30 a 40 centímetros de altura, quando estará com resistência ideal para enfrentar o ambiente natural. Com 15 dias, a semente germina, porém, neste período ainda está muito frágil", orientou Walter.

Licenciamento ambiental

O pesquisador Paulo Eduardo Aquino Ribeiro explicou que o licenciamento ambiental concedido para a Embrapa Milho e Sorgo é vigente por seis anos e, neste período, serão executadas as ações corretivas e preventivas requeridas para a manutenção da licença ambiental de operação corretiva (LOC). "Neste período, a comissão do meio ambiente da Unidade fará intervenções necessárias em todas essas áreas", disse. Uma das condicionantes solicitadas pela SUPRAM foi fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR). E pelo CAR foi detectado onde estão as Áreas de Preservação Permanente (APPs) a serem recuperadas na fazenda da Embrapa Milho e Sorgo e qual quantidade de APPs está antropizada, ou seja, ocupada por edificações, e quais precisam ser substituídas por outras áreas a serem recuperadas", disse.

De acordo com o pesquisador Manoel Ricardo, dentro das condicionantes requeridas estão a de execução do Projeto Técnico de Recuperação da Flora (PTRF) e a compensação ambiental das áreas de APP que sofreram intervenções de uso consolidado (como exemplo, pontes e estradas). "A Embrapa tem que atender tanto ao CAR, que delimitou a quantidade de área a recuperar, quanto as outras condicionantes do licenciamento. Quando atendemos as condicionantes do processo de licenciamento, estamos também atendendo ao CAR", pontuou.

As APPs de uso antrópico não podem ser recuperadas no próprio local. "Por isso são recuperadas áreas de compensação: neste caso, temos a APP do córrego do Marinheiro, na altura do desvio de curso para a lagoa da subida da Estação, na Fazenda da Embrapa. Esta área teria uma APP de 30 metros e estamos fazendo 50, tendo a compensação de 20 metros, de acordo com o plano aprovado pela SUPRAM", explicou Manoel Ricardo.

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