Como realizar o controle adequado de tripes em soja e algodão
Lavouras de soja e de algodão têm sido atacadas com alta frequência por elevadas infestações de tripes Frankliniella schultzei
Foi em 2014 que os fruticultores gaúchos foram surpreendidos pela Drosophila suzukii, ou simplesmente suzuki, uma praga que chegou a comprometer cerca de 60% da produção de morango naquele ano. Na época o desconhecimento e a falta de um inseticida registrado no Brasil resultou neste cenário catastrófico: os frutos eram colhidos com uma aparência de sanidade mas, até chegar a feira para a comercialização, pareciam estar podres.
Foi um trabalho de monitoramento iniciado, à época, pela Embrapa e repassado aos agricultores pela Emater/RS-Ascar que começou a modificar o cenário dos pomares do Rio Grande do Sul. "O objetivo foi o de estudar o seu ciclo de vida, os seus hábitos para a partir de então estabelecer as melhores alternativas para o controle", explica o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Lauro Bernardi.
As estratégias variam de intensificar a colheita, evitando deixar frutos maduros na horta, a coletar e eliminar morangos imprestáveis não os deixando caídos no solo ou próximo do local. "Outra forma de controle é o uso de armadilhas atrativas em garrafas perfuradas, com uma mistura de fermento biológico, açúcar e água, que deve ser fermentado durante cerca de seis dias", observa o agrônomo, citando a pesquisa desenvolvida pela Embrapa.
Difícil de ser identificado, o inseto possui alto potencial de expansão, depositando os ovos nas frutas que estão próximas do período de maturação e sem deixar danos aparentes. "Dessa forma as frutas são colhidas, embaladas e transportadas com um grande risco de já estarem inutilizadas", observa o pesquisador da Estação Experimental de Fruticultura da Embrapa Uva e Vinho, Régis Silva dos Santos, que estudou os hábitos e o comportamento da Suzuki.
O monitoramento também prevê outras estratégias, como o cultivo protegido, já que a temperatura é um dos fatores que podem ser determinantes para a expansão da praga. Em Lajeado, a agricultora Bedris Franz, de São Bento, adota o controle desde o ano de 2018, quando iniciou a produção com quatro estufas de morangos. Na época, a fruticultora participou do Curso de Produção de Morango em Substrato do Centro de Treinamento de Agricultores de Teutônia (Certa).
"Assim, quando iniciamos, já tínhamos as noções a respeito da importância desse tipo de controle e já adotamos de saída a isca atrativa como alternativa, o que reduziu as perdas", observa a produtora. Já o casal de agricultores Elmo e Elira Hammes, do bairro Imigrante, teve de enfrentar o problema da suzuki ainda em 2014, já que cultivam morangos há muitos anos. "Na época eles chegaram a ter perdas próximas de 80% da safra, antes da adoção das medidas de controle", salienta a engenheira agrônoma da Emater/RS-Ascar, Andréia Binz Tonin.
Outros municípios também realizam o monitoramento com o apoio da Extensão Rural. Dúvidas podem ser tiradas com os técnicos da Emater/RS-Ascar, que atua de forma vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura