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Principal produto da agricultura brasileira, a soja apresenta grandes complexidades ao produtor no que diz respeito às doenças. As de maior ocorrência nas lavouras de Mato Grosso são manchas foliares, mancha alvo, ferrugem asiática, além de antracnose, cercospora e mancha parda, que têm potencial de provocar perdas significativas e exigem do sojicultor uma atenção especial no manejo para evitar perdas. Este problema foi amplamente discutido na última semana, durante o Master Meeting Soja 2022, realizado em Cuiabá, entre os dias 12 e 14, que reuniu mais de 350 pessoas para uma série de palestras com especialistas renomados. Eles repassaram informações cruciais e que vão ajudar o produtor a planejar melhor a safra 2022/2023.
O Painel Doenças reuniu os pesquisadores Luís Henrique Carregal, que ministrou a palestra Antracnose, Cercospora e Mancha Parda; Fabiano Siqueri, pesquisador da Proteplan, com a palestra Manejo de mancha alvo na cultura da soja: resultado de pesquisa e recomendações; e Ivan Pedro, também pesquisador da Proteplan, que ministrou a palestra Manchas Foliares e Ferrugem Asiática.
Carregal destacou que todas essas ocorrências com as plantas de soja são decorrentes do crescimento indeterminado da maioria das variedades, tais como ciclos menores; bem como variação do índice foliar, no potencial produtivo, entre outras características, que afetam diretamente a dinâmica das doenças.
Segundo Fabiano Siqueri, um dos principais desafios enfrentados pelos produtores é com relação à sensibilidade das variedades em relação às doenças. Ele explicou que as variedades incorporadas à disposição dos produtores são cada vez mais produtivas e consequentemente mais sensíveis às doenças. “Existe uma dificuldade conhecida nos programas de melhoramento genético de reunir características, são difíceis de serem reunidas na mesma cultivar”, diz.
Com isso, acrescenta o pesquisador da Proteplan, mesmo com a ausência da ferrugem asiática - que foi o grande drama dos produtores no início dos anos 2000 -, outras doenças passaram a ter maior incidência como mancha alvo e cercospora, que são chamadas de manchas foliares, e têm apresentado potencial de dano muito mais alto do que antigamente. “Por esta razão, temos que manejar e montar uma estratégia muito eficiente para controlar as doenças da soja”, diz Siqueri.
Entre as estratégias de manejo, o pesquisador destaca a adequação à época do plantio, a escolha da cultivar, o uso correto de população de plantas, a boa escolha de fungicidas, além da aplicação do mesmo no momento correto. São ações fundamentais, segundo o especialista, para que se extraia dessas variedades o alto potencial que elas têm. Outra importante ferramenta de manejo para o controle de doenças é a rotação de cultura que, no entanto, é pouco realizada pelos produtores mato-grossenses devido à rentabilidade proporcionada pela soja e a inexistência de cultura que possa substituí-la no mesmo patamar comercial.
Fungos e as doenças estão no ambiente há milhares de anos, plenamente adaptados, e em Mato Grosso a condição climática -- marcada por umidade e temperatura elevadas -- é favorável ao aparecimento das doenças foliares. O pesquisador da Proteplan, Fabiano Siqueri, explica que há um triângulo clássico na fitopatologia em que a doença é resultado da interação entre patógeno, hospedeiro e ambiente. “E aqui temos um elevado volume de soja, um ambiente favorável e uma grande quantidade de doenças. Ao fazer a rotação de cultura, quebra-se o ciclo da doença, porque troca-se o hospedeiro”.
Dependendo da doença, os produtores podem ter prejuízos importantes. No caso da ferrugem asiática, pesquisas apontam perdas de até 30 sacas por hectare, e nas manchas alvo, pode chegar a 20 sacas/ha. “E como os preços da soja suplantam o da aplicação de fungicidas, é interessante que o produtor faça uso adequado desse controle através dos químicos”, finaliza Siqueri.
Atualmente, a soja é considerada uma cultura de patógenos múltiplos. A partir deste cenário, que o pesquisador da Proteplan Ivan Pedro, proferiu a palestra Manchas Foliares e Ferrugem Asiática, no Painel Doenças. Apresentou os resultados das pesquisas de manchas foliares e ferrugem asiática e de controle químico para o crestamento foliar de cercospora. Mostrou a diferença entre os programas de manejo, entre os ingredientes ativos, o benefício do uso de multissítios nesses sistemas, além de uma rotação de ingredientes ativos que apresentaram dados significativos de controle.
Conforme Ivan Pedro, boa parte das doenças que é decorrente de fungos necrotróficos e saprófitas, que sobrevivem em restos culturais como mancha alvo, cercospora e mancha parda. A infecção acontece já no início da safra, em fase vegetativa da cultura, pois o inóculo já está presente no ambiente. No caso da ferrugem, prossegue ele, a infecção ocorre por meio dos esporos que são carregados pelo vento, pois trata-se de um fungo que sobrevive em tecidos vivos.
“Diante disso, é importante que o produtor adote práticas agrícolas que dificultem e atrasem o aparecimento dessas doenças. Caso elas ocorram, é preciso que ele tenha a estratégia correta. Essas práticas vão desde conhecimento e escolha da variedade, posicionamento, passando por conhecer o sistema de cultivo e o escalonamento dessas variedades de semeadura”, explica. Ele diz ainda que a escolha correta dos fungicidas, tanto produtos sistêmicos quanto produtos de contato, os multissítios protetores, a tecnologia de aplicação efetiva, completam a estratégia de manejo.
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