Dias de campo mostram desempenho de forrageiras na recuperação de pastagens em MT

17.04.2012 | 20:59 (UTC -3)
Gabriel Faria

Produtores e técnicos de Nova Guarita (MT) e Terra Nova do Norte (MT) participaram, na última semana, de dias de campo sobre a recuperação de pastagens degradadas promovidos pela Coopernova e pela Embrapa Agrossilvipastoril. Os eventos contaram com palestras teóricas e visitas a campo, onde os participantes viram o desempenho de espécies forrageiras testadas em Unidades de Referência Tecnológica (URT).

Em nova Guarita o dia de campo contou com palestras sobre recuperação de pastagem, insetos na pastagem e uso da cerca elétrica. Já em Terra Nova o tema uso e conservação do solo foi abordado juntamente à recuperação de pastagem e ao uso e manejo da cerca elétrica.

No campo, os participantes visitaram as propriedades dos senhores Mauro Goerdet e Sérgio Bertazon onde Embrapa e Coopernova conduzem ensaios com o uso de diferentes espécies de forrageiras em áreas que estavam com a pastagem degradada. Além de ver o desempenho de cada planta, o público ainda pôde analisar, em trincheiras, a estrutura do solo na região.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Bruno Pedreira, a má drenagem do solo é o principal fator que contribui para a síndrome da morte do capim marandu, um dos maiores problemas que acometem a pastagem em Mato Grosso. De acordo com ele, o encharcamento do solo impede a respiração das raízes e torna a planta mais suscetível ao ataque de pragas.

As trincheiras abertas nas duas URTs provaram a deficiência no processo de drenagem do solo devido a camadas pedregosas e pouco permeáveis em níveis pouco profundos.

“Temos aqui um solo típico da região. Um latossolo vermelho-amarelo, argiloso, plíntico. A partir dos 50 cm de profundidade há uma camada de formação de plintita (camada rígida contendo cascalhos) que é um impedimento físico e químico para o desenvolvimento radicular. Esta camada limita bastante o desenvolvimento das raízes da planta de braquiária a partir desta profundidade”, explica o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Silvio Spera.

No campo, técnicos da Coopernova apresentaram as forrageiras utilizadas nas propriedades visitadas e mostraram como é feito o manejo do pastejo, baseando-se na recomendação de altura de cada capim. Além disso, os participantes puderam ver o desempenho das espécies forrageiras e os primeiros sinais de debilidade da braquiária cultivar marandu, o que evidencia a contraindicação desta espécie em áreas com má drenagem do solo.

“Já há um indicativo de que algumas pastagens não estão aguentando com apenas quatro meses de recuperação. Isto é bom para mostrar aos produtores que eles não devem ficar teimando com as mesmas espécies”, afirmou o diretor técnicos da Coopernova, Márcio Semprebom.

Proprietário de uma das fazendas utilizadas nos experimentos, Sr. Sérgio Bertazon está acompanhando de perto todo o trabalho. Ele não esconde a ansiedade por ver os resultados e poder recuperar a pastagem de sua propriedade.

“Dá para ver que o tifton está saindo bem, o mombaça, o piatã e a llanero, também. Já o marandu, que tem o problema da morte súbita, aqui também já apresentou o problema. É bom analisar para que possamos utilizar as plantas que se adaptaram à área”, disse.

Mesmo sem ter grandes problemas em sua propriedade, o produtor Orivaldo Pruineli buscou informações no dia de campo e não se arrependeu. Como principal mensagem, ele leva para casa a necessidade de planejar sua atividade e conhecer melhor os recursos que utiliza em sua produção.

“Não tenho problema sério ainda. Tenho algumas manchas pequenas, mas já deu para ver que terei de modificar alguma coisa. Vou começar a ver onde terei de reformar. Em primeiro lugar, farei a avaliação do solo. Depois vou procurar as variedades resistentes para utilizá-las”, disse o produtor.

Segundo o diretor técnico da Coopernova, a degradação de pastagens já atinge muitas propriedades na região de abrangência da cooperativa e se faz necessário o maior planejamento dos produtores para evitar o aumento do problema.

“A questão da degradação das pastagens, não somente pela síndrome da morte, mas também pela degradação pelo uso excessivo sem repor nutrientes, ela está bem agravada. Ainda não é alarmante, mas infelizmente está muito ligada ao planejamento do produtor e da propriedade. Estamos buscando orientar os produtores para que eles consigam fazer um planejamento, para que, se não conseguirem recuperar uma grande área, que, pelo menos, façam uma complementação com silagem e capineira para que no inverno não haja perda de animais e não caia tanto a produção”, explica Márcio Semprebom.

De acordo com o IBGE, o estado de Mato Grosso possui 22 milhões de hectares de pastagem. Estima-se que metade desta área esteja degradada.

A recuperação de pastagens degradadas é um dos pilares do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), criado pelo governo federal como compromisso pela redução da emissão de gases de efeito estufa. O programa contempla ainda a Integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), a fixação biológica de nitrogênio, o sistema de plantio direto e as florestas plantadas.

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