Dia de Campo estimula a cultura da banana nos Cerrados

O sucesso de produção no bananal implantado apenas há um ano e três meses levou a equipe de fruticultura da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF) a divulgar, quarta-feira (29/04), no Dia de Campo “Cultura da Banana nos Cerrados”, os resultados promissores das pesquisas desenvolvidas com 23 variedades de híbridos e cultivares de banana.

O evento reuniu 128 pessoas, entre produtores rurais, técnicos, estudantes e pesquisadores da unidade. Os produtores, em sua grande maioria, são proprietários de pequenos lotes nos assentamentos Cana do Reino, 26 de Setembro, Chapadinha, Sarandi e Três Conquistas, todos no Distrito Federal. A importância da cultura para diversificar a produção e aumentar a renda dos pequenos produtores foi destacada pelo Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, Fernando Macena. “As pesquisas com os híbridos favorecem justamente os pequenos produtores e essa é a oportunidade de conhecerem nossos trabalhos”, disse.

Com os resultados finais dos testes, os pesquisadores da Embrapa Cerrados poderão indicar quais variedades de híbridos e cultivares apresentam potencial de cultivo nos Cerrados. “Vamos recomendar os melhores e ter algumas mudas apenas para estimular a produção”, afirmou o pesquisador Tadeu Graciolli Guimarães ao explicar que a finalidade da pesquisa não é disponibilizar mudas de bananeira para os produtores, mas sim selecionar variedades adaptadas para o cultivo no Distrito Federal.

O DF importa cerca de 80% do consumo anual de banana, que é de 20 mil toneladas por ano. Os estados que abastecem o mercado local são, principalmente, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. A área cultivada no DF é de apenas 50 hectares. O potencial de expansão de área cultivada no Distrito Federal para obter a auto-suficiência na oferta de banana é estimada entre 800 a 1000 hectares.

O pesquisador Tadeu Graciolli ressaltou que o primeiro passo do produtor, que deseja trabalhar com a cultura, é fazer uma rigorosa análise do mercado. Em seguida, deverá se preocupar com a produção, desde a escolha da área, conhecimento do solo em seus aspectos de sanidade, textura e fertilidade, a origem da muda, disponibilidade de água, até a estrutura de pós-colheita. Cerca de 65% dos custos de produção estão relacionados aos gastos com insumos, seguidos de tratos culturais, colheita e preparo do solo. Entre outros assuntos, o pesquisador abordou as técnicas para implantação da cultura, manejo, irrigação e práticas culturais.

Tolerância a doenças

As variedades de banana mais consumidas no Distrito Federal são a maça, prata, nanica e terra. Embora de boa aceitação popular, essas variedades apresentam problemas de doenças, tombamento da planta e alto grau de exigência de água e adubação. O pesquisador Sebastião Pedro da Silva Neto destacou que a pesquisa, através do melhoramento genético das plantas, procura selecionar espécies tolerantes a esses e outros fatores.

O pesquisador Alexei de Campos Dianese explicou os cuidados que os produtores devem ter em relação às doenças, como Sigatoka-negra e Sigatoka-amarela, que matam a copa do bananal, e o Mal-do-Panamá, fungo que se espalha devido a irrigação de água no contato da raiz com o solo. Ressaltou ainda a importância de utilizar mudas que tenham registro no Ministério da Agricultura, a fim de evitar futuros problemas com a plantação.

O técnico Marlon Cunha abordou as práticas culturais da banana e explicou sobre algumas etapas como a capina, execução de desbrota – que envolve cuidados de manejo para que o bananal continue a crescer - e a adubação - que define a quantidade de adubo que será utilizado na planta, através de análise laboratorial da folha para verificar a composição de mineral. O especialista fez diversas demonstrações de manejo da bananeira como a retirada do coração da planta, amostragem de solo e folha, de onde se retira a parte central para análise.

Os produtores e assentados procuraram tirar todas as dúvidas em relação ao manejo e doenças que atingem o bananal. Paulo Tavares, produtor de 1hectare (10.000 m²) no Capão da Erva, Paranoá-DF, diz “que a iniciativa da Embrapa de realizar o Dia de Campo é muito importante para os produtores, pois algumas informações vêm de terceiros, e assim ficam mais propícios há cometer erros de manejo na propriedade”. Já, Maria das Graças Martins, agricultora familiar do assentamento de Taguatinga-DF, diz “que o Dia de Campo é muito importante para ampliar os conhecimentos dos assentados em relação à produção de bananas, mas que no momento não vão produzir nada por não ter dinheiro. E a área do plantio, Taguatinga Norte – DF 01, está sub judice (embargada)”, relatou.

Qualidade dos frutos

Os componentes físico-químicos da bananeira estão associados à qualidade dos frutos. Para obter parâmetros de qualidade, a pesquisadora Kelly Cohen realiza o trabalho de caracterização e análise comparativa das variedades de híbridos e de cultivares em teste na Embrapa Cerrados. “Com as análises já realizadas podemos afirmar que as variedades testadas aqui têm qualidade semelhante ou até superiores as plantadas em outras regiões do país”, afirmou.

A riqueza nutricional do fruto é confirmada nas pesquisas. A banana é rica em açúcares, por isso seu alto valor energético. É fonte de minerais, principalmente potássio, fósforo, cálcio e magnésio, e de vitaminas A, B2 e C. Tem alto teor de carotenóide – pró-vitamina A - e de polifenóis totais, responsáveis por ações antioxidante no organismo.

Como o fruto é perecível é possível aumentar sua vida útil com o processamento em até oito meses. Como exemplos de produtos que podem ser processados em pequenas instalações, a pesquisadora citou a banana-passa, chips, doce em calda ou em pasta.

No encerramento do evento os visitantes puderem degustar bananas “in natura” como prata, grand nine, maravilha, calipso e maça – e ainda experimentaram doces de banana desidratadas nanica e caipira, produzidos pela Emater.

O Dia de Campo foi realizado com apoio da Emater-DF e do Programa de Fortalecimento e Crescimento – PAC Embrapa.

Liliane Castelões

Jornalista Embrapa Cerrados

(61) 3388-9945