Cuidados contribuem para estação de monta mais satisfatória

20.10.2009 | 21:59 (UTC -3)

O início da estação chuvosa no Cerrado prediz o início da estação de monta, época de reprodução do gado de corte na região.

O período requer bastante atenção do pecuarista, que obtém melhor resultado – um maior número de vacas prenhes – a partir de medidas relativamente simples. "O animal só parte para a reprodução se estiver com outras necessidades mais básicas bem atendidas", relata o veterinário da Embrapa Cerrados Luiz Gustavo Siqueira, que é especialista em reprodução animal.

Para isso, os cuidados começam antes mesmo da estação, quando as vacas que ficaram prenhas no ano anterior estão por parir. "O animal precisa parir com boa condição corporal (acúmulo de reservas), pois é normal a perda de peso após o parto", explica Siqueira. Ele acrescenta que uma vaca com baixo escore de condição corporal, que está magra, não irá apresentar cio e ficar prenhe, o que deve ocorrer obrigatoriamente de 70 a 80 dias após o parto, para que se tenha um parto a cada ano.

As primíparas – novilhas na primeira gestação – requerem cuidados redobrados. "Além de amamentarem o bezerro, elas ainda precisam mobilizar nutrientes para o seu próprio crescimento e, por isso, perdem condição corporal mais facilmente que as outras", alerta o veterinário. Segundo o agrônomo Luiz Jung, que atua com produção animal na Embrapa Cerrados, uma nutrição adequada também é importante para o touro. "O desgaste que ele tem na estação é grande, pois ele deve cobrir diversas vacas em um período pequeno", explica. Animais com escore de condição corporal baixo devem receber algum tipo de suplementação, como ração, concentrados e silagem, além da suplementação mineral obrigatória.

É importante também que a vaca passe por um exame ginecológico a partir de 30 dias após o parto. Segundo Luiz Gustavo, assim é possível detectar infecções uterinas e outros problemas reprodutivos que possam ser tratados imediatamente, para que a fêmea esteja em perfeitas condições de saúde reprodutiva ao atingir 50 a 60 dias pós-parto. Nesse momento, ainda deve ser avaliada a condição nutricional da vaca para que providências sejam tomadas se esta estiver com baixa condição corporal.

Da mesma forma, o touro deve passar por um exame andrológico. Essa etapa avalia a qualidade do sêmen, os órgãos genitais do animal, a libido e capacidade de monta, assim como aspectos físicos do touro: aprumos, cascos, condição corporal etc. Segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados Carlos Frederico Martins, pequenos problemas de saúde, como uma simples dor de dente, podem deixar o touro desinteressado na monta. O exame do touro deve ser realizado a tempo para eventuais substituições, caso algum animal seja reprovado.

Caso a fazenda utilize a inseminação artificial, o planejamento para a estação de monta inclui a escolha dos touros e compra do sêmen. Segundo Luiz Gustavo, profissionais inseminadores também devem atualizar seus conhecimentos nesse período. Isso pode incluir desde uma simples conversa (revisão das etapas da técnica, conceitos importantes etc), até a realização de um curso completo de capacitação.

Aspectos sanitários e de transmissão de doenças também devem receber atenção antes do começo da estação de monta. Exames para detectar animais portadores de doenças que afetam a reprodução (brucelose, tricomonose, campilobacteriose, IBR e BVD) devem ser realizados periodicamente, ou a critério do médico veterinário, dependendo da ocorrência de abortos e repetições de cios.

Deve ser dada atenção também à entrada de novos animais no rebanho, que podem trazer doenças. O controle de doenças da reprodução deve ser feito em machos e fêmeas, porém maior atenção deve ser dada aos machos, principalmente quando se utiliza monta natural. "O touro tem mais potencial de disseminar doenças, pois um deles cobre várias vacas", alerta o veterinário.

Clarissa Lima Paes

Embrapa Cerrados

/ (61) 3388 9945

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