Cooperativas do Paraná ampliam em 28% os investimentos em seu complexo agroindustrial e infraestrutura de armazenagem

03.04.2012 | 20:59 (UTC -3)
Samuel Zanello Milléo Filho

As cooperativas do Paraná vão ampliar em 28% os investimentos em seu complexo agroindustrial e infraestrutura de armazenagem, com aportes estimados em R$ 1,15 bilhão para o ano safra 2012/2013 (junho de 2012 a junho de 2013). O impulso no processo de industrialização irá gerar pelo menos 5 mil novos empregos diretos, o que elevará para 70 mil o número de funcionários do setor. A estimativa foi anunciada na manhã desta segunda-feira (02/04) durante a Assembleia Geral Ordinária da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), na sede da entidade, em Curitiba. Cerca de 100 dirigentes de cooperativas paranaenses participaram do evento, no qual também foi anunciado o faturamento consolidado do segmento em 2011, que foi de R$ 32 bilhões, alta de 21% em comparação ao ano anterior.

Os indicadores da Ocepar mostram que as cooperativas investiram, de 2001 a 2011, mais de R$ 9 bilhões em industrialização, armazenagem, tecnologia e infraestrutura. Além de agregar renda à produção dos cooperados, os aportes em agroindústria impulsionam a economia paranaense e geram milhares de postos de trabalho. “Até 2015, o planejamento estratégico tem por meta fazer com que 50% do faturamento das cooperativas sejam obtidos por meio da industrialização, dando sequência ao projeto de transformação de matérias-primas em produtos com maior valor agregado”, afirma o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski. “A agroindústria amplia a força e a competitividade das cooperativas que, com atuação verticalizada e presença em diferentes mercados, minimizam os efeitos das oscilações de preços que tanto afetam o setor de commodities”, explica. O montante de R$ 1,15 bilhão, a ser destinado à industrialização e armazenagem, corresponde a 85% de tudo o que o setor investirá no ano safra 2012/2013, num total estimado em R$ 1,32 bilhão.

Segundo Koslovski, o aumento nos investimentos deve-se a uma conjunção de fatores positivos no ano passado. “Boa safra, preços atrativos para as commodities agrícolas e exportações recordes geraram um faturamento, em 2011, de R$ 32 bilhões, o mais expressivo da história. Os indicadores influenciaram na alavancagem dos investimentos”, analisa. Nem mesmo a estiagem que castigou a última safra de verão causou reversão no planejamento das cooperativas, que mantiveram seus projetos de expansão. “As perdas provocadas pela seca nos preocupam e podem ter repercussões no futuro, mas não modificaram os planos de investimento do cooperativismo”, ressalta.

Dados consolidados da Ocepar mostram que, no ano passado, a movimentação do sistema cooperativista paranaense (R$ 32 bilhões) teve uma alta de 21% frente ao faturamento de 2010. As 240 cooperativas que integram o Sistema Ocepar congregam 745 mil cooperados e geram 65 mil empregos diretos (36,2% são mulheres). As exportações atingiram novo patamar histórico, com US$ 2,2 bilhões em embarques, com produtos das cooperativas enviados para mais de 100 países. Em 2011, o cooperativismo do Paraná pagou, em impostos e contribuições, R$ 1,17 bilhão aos governos federal, estadual e municipal.

Os investimentos do cooperativismo do Paraná têm forte impacto no interior do estado. Em muitos municípios, os maiores empregadores são as cooperativas, que geram alternativas de diversificação e trabalho no campo e nas cidades, movimentando também o comércio local. São empreendimentos que impulsionam a economia regional, como os que estão sendo concretizados pela Unitá Cooperativa Central na cidade de Ubiratã, Noroeste do Paraná. Com uma população estimada em 21.500 habitantes, o município abrigará as instalações do abatedouro de frangos da Central, que deverá entrar em funcionamento em janeiro de 2013 e gerará, na primeira fase, 2 mil empregos diretos. A Unitá é resultado da intercooperação das cooperativas Coagru, Copacol e Coperflora e irá investir R$ 135 milhões no complexo avícola de Ubiratã, que abaterá inicialmente 160 mil aves por dia. A previsão da Central é abater 300 mil frangos/dia até 2016, quando a indústria terá mais de 4 mil funcionários.

Os aportes previstos em agroindústrias incluem também investimentos de R$ 486,9 milhões na ampliação e melhoria de estruturas de armazenagem e recebimento de grãos, suporte fundamental para o fornecimento de matérias-primas para o parque industrial. Outros R$ 182 milhões serão destinados a melhorias estratégicas na distribuição e logística, tecnologia da informação, pesquisa agrícola, varejo e supermercados. “Haverá forte crescimento dos investimentos na industrialização do milho, que terão alta de 220%, com a destinação de R$ 64 milhões para a construção e ampliação de plantas processadoras. Um exemplo é a construção da fábrica de derivados de milho da Agrária, em Entre Rios (Guarapuava), voltados à indústria alimentícia e de bebidas”, explica o analista técnico e econômico da Ocepar, Robson Mafioletti. Também os investimentos na área de soja e trigo seguem fortes no próximo ano safra. “Na soja, a previsão é que tenhamos aportes de R$ 33 milhões, direcionados principalmente a indústrias esmagadoras para a produção de farelo e óleo de soja. No trigo, estimamos investimentos de R$ 118 milhões, em moinhos como os que serão construídos pelas cooperativas Coamo, Batavo e Coopavel, entre outros. O objetivo é minimizar os problemas de comercialização do cereal, como a falta de liquidez e os preços menos compensadores ao produtor”, ressalta.

De acordo com Mafioletti, em todas as regiões do estado ocorrerá crescimento, com destaque para o Centro-Sul, onde as cooperativas ampliaram em 51% a previsão de investimentos. “Nessa região, a maioria dos recursos se destinam à construção e ampliação de indústrias processadoras de carne suína, trigo, cevada, feijão e também voltado para a melhoria das estruturas de armazenagem”, resume.

Para o presidente da Ocepar, o cooperativismo está focado na viabilidade e desenvolvimento econômico e social de seus associados e das comunidades em que atua. “O crescimento dos investimentos demonstra o comprometimento das cooperativas em oferecer melhores condições de diversificação e renda a seus cooperados, ao mesmo tempo em que abrem caminhos para novos mercados e projetam sua expansão futura num processo constante de industrialização e agregação de valor de sua produção”, conclui Koslovski.

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