Conselho de Agrometeorologia avalia impacto da falta de chuvas no RS

06.07.2012 | 20:59 (UTC -3)
Clarice Speranza

A exemplo do verão, os últimos três meses foram caracterizados pela falta generalizada de chuvas no Rio Grande do Sul, em especial nas regiões central e noroeste. A avaliação foi apresentada pela agrônoma Bernadete Radin, agrometeorologista do Centro Estadual de Meteorologia (CemetRS), na tarde desta quinta-feira (5), durante a reunião ordinária do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do RS (COPAAERGS), na sede da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).

Além da falta de chuvas, também foram discutidos o impacto da estiagem nas lavouras do Rio Grande do Sul e o prognóstico climático para os próximos meses. O encontro reuniu representantes do CemetRS, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), da Empresa de Assistência Técnica Rural (Emater-RS/Ascar) e do 8º Distrito de Meteorologia.

As maiores quebras no rendimento foram registradas na soja, com 50,40% (área plantada de 4.107.111 hectares, produção de 5.858.318 toneladas e rendimento de 1.426 quilos por hectare) e no milho, com 49,79% (área plantada de 1.154.870 hectares, produção de 3.046.010 toneladas e rendimento de 2.638 quilos por hectare), conforme o agrônomo Dulphe Pinheiro Machado Neto, gerente técnico do Emater/RS-Ascar. O trigo atualmente está com plantio atrasado, também devido à estiagem. “O solo muito seco não oferece a mínima condição para as máquinas entrarem”, comentou.

O agrônomo Elio Marcolin, do Irga, informou que a produtividade da lavoura de arroz caiu de 7.675 quilos por hectare (safra 2010/2011) para 7.441 quilos por hectare (safra 2011/2012). Essa redução não se deveu, porém, às condições meteorológicas, e sim ao manejo da lavoura, em especial o descrédito dos produtores em função dos baixos preços. A próxima safra tem previsão de plantio de 1.025.682 hectare, mas “se não chover 500 a 600 milímetros nos próximos meses, essa área deve diminuir”, afirmou Marcolin. Atualmente, a maioria dos mananciais hídricos usados na irrigação da lavoura do arroz na Campanha e na Zona Sul estão abaixo da capacidade.

Segundo o meteorologista Solismar Prestes, do 8º Distrito de Meteorologia, diversos modelos indicam o aquecimento das águas do Pacífico Central e uma possível formação do fenômeno El Niño, caracterizado pela abundância de chuvas, nos próximos meses. Prestes, no entanto, advertiu que ainda é muito cedo para ter certeza sobre a ocorrência do El Niño. “Devemos esperar mais alguns meses”, salientou.

A reunião também contou com a presença do professor Fernando Spilki, coordenador do Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale, que falou sobre a contaminação fecal da água da bacia do Rio dos Sinos por dejetos de propriedades rurais. Spilki divulgou o resultado de estudos recentes feitos por sua equipe que apontam problemas graves de saneamento nas pequenas propriedades rurais da região. “Encontramos propriedades sem qualquer estrutura de saneamento para a família, e nas quais as bacias são contaminadas tanto por dejetos humanos quanto por animais”, resumiu.

Em outro levantamento, nas proximidades de Taquara, menos de 30% das propriedades rurais pesquisadas tinham esterqueiro. “E os que tinham eram inadequados”, comentou o professor. Praticamente todos os pontos de coleta de água estavam contaminados com vírus ou bactérias. “É preciso destinar mais recursos para o saneamento de pequenas propriedades rurais”, concluiu Spilki.

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