Conselho reforça ações para Lei que fortalece o cooperativismo no Tocantins
No segundo e último dia do Simpósio de Destoxificação e Aproveitamento de Tortas de Pinhão-manso e Mamona - SiDAT, as discussões giraram em torno dos métodos analíticos para identificação de substâncias tóxicas e das alternativas, além da ração e dos fertilizantes, para uso dos coprodutos. O evento foi realizado no auditório da Embrapa Estudos e Capacitação, em Brasília/DF. A Embrapa Agroenergia e a Embrapa Algodão foram as instituições responsáveis pela organização do Simpósio, que contou com o apoio do Mapa.
As dificuldades para determinar substâncias tóxicas nas tortas da mamona e do pinhão-manso permearam as discussões. A primeira palestra do dia foi ministrada pelo diretor da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) Harinder Makkar, que desenvolveu o método analítico mais utilizado atualmente para determinação de ésteres de forbol – principal substância tóxica do pinhão-manso. Na mesma mesa-redonda de que participou Makkar, pesquisadores brasileiros apresentaram as alternativas que estão utilizando para monitoramento e controle de qualidade de destoxificação das tortas. Os trabalhos foram expostos por João Paulo Morais, da Embrapa Algodão, Olga Machado, da Universidade Estadual Fluminense, e Adibe Abdala, da Universidade de São Paulo. Para o coordenador do SiDAT, Clenilson Rodrigues, a mesa-redonda mostrou que existem diversas formas de monitorar níveis de toxicidade relacionados a outras substâncias e não apenas aos ésteres de forbol. Uma das opções apresentadas foi a realização de bioensaios que empregam espécies de caramujos que são altamente sensíveis a doses muito pequenas de ésteres de forbol, metodologia que poderá ser empregada, por exemplo, na avaliação de adulteração de rações.
O professor André Oliveira, da Universidade Federal do Mato Grosso, inscreveu-se no SiDAT buscando justamente novas abordagens analíticas para identificação de ésteres de forbol. Ele considerou o evento bastante positivo, especialmente pela oportunidade de participar de debates com autores que lhe serviam de referência em seus trabalhos. “Saio daqui com algumas soluções, mas também com novas questões”, comenta. Oliveira trabalha com nutrição animal e tem desenvolvido estudos, desde 2006, para transformar em ração os coprodutos da produção de biodiesel de pinhão-manso e de mamona – a torta e a glicerina.
Na tarde de quarta-feira, as cerca de 95 pessoas que participaram do Simpósio debateram novas formas de agregar valor e aproveitar as tortas. Nesse sentido, foi defendida a busca de alternativas para o aproveitamento total da biomassa das culturas em questão, fortalecendo o conceito de biorrefinarias. Nesse tipo de indústria, diversas instalações utilizam a biomassa para dar origem, por meio de processos sustentáveis, a energia e vários produtos: biocombustíveis, rações, fertilizantes, produtos químicos. “Nós não queremos perder um micrograma”, afirmou Makkar em sua segunda apresentação do dia, sobre os desafios e oportunidades para utilização do pinhão-manso. Ele acredita que os ésteres de forbol da oleaginosa possam ser empregados na fabricação de biopesticidas e aposta também no aproveitamento da lignina da casca, como combustível.
A pesquisadora Roseli Ferrari, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), explicou que o ácido ricinoléico torna o óleo da mamona diferente de todos os outros e muito valioso para a oleoquímica. Para Roseli, a escassez do petróleo vai fazer com que cresça o número de aplicações para esse produto. “Acredito muito no futuro da ricinoquímica”, ressaltou. Durante sua apresentação, Roseli mostrou que o fracionamento das tortas da mamona e do pinhão-manso vai resultar em materiais que poderão ser empregados na fabricação de alimentos, rações, embalagens biodegradáveis, colas, aminoácidos, e também na geração de energia na forma de calor ou de eletricidade.
Ainda na quarta-feira, os professores Sérgio Peres, da Universidade de Pernambuco, e Ailton do Vale, da Universidade de Brasília, apresentaram dados que confirmam o potencial de uso energético da mamona e do pinhão-manso. A produção de briquetes é uma das possibilidades em estudo.
No encerramento do Simpósio, o coordenador Clenílson Rodrigues concluiu que “para quem não acreditava muito em tortas, ficou muito que existe um oceano de possibilidades para pesquisar, tais como o aprofundamento das técnicas de silenciamento dos componentes tóxicos por engenharia genética, o desenvolvimento ensaios que garantam a qualidade e a segurança dos produtos gerados a partir dos coprodutos, o aproveitamento de substâncias de alto valor agregado e o avanço das aplicações termoquímicas para transformação da biomassa em energia renovável. Nós, da Embrapa, temos um grande trabalho a fazer e acredito que, com a parceria de outras instituições, vamos avançar muito em questões que ainda carecem de respostas científicas”. O chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, lançou um desafio para os participantes: apresentar, no próximo Simpósio, mais trabalhos voltadas à área de biorrefinarias. “Essas ações vão conferir valor agregado muito maior a essas oleaginosas”, disse.
Mamona, pinhão-manso e outras culturas energéticas estarão novamente em debate este mês, no V Congresso Brasileiro de Mamona. Promovido também pela Embrapa Algodão e a Embrapa Agroenergia, com o apoio do MAPA, o evento acontece do dia 16 ao 19, em Guarapari/ES.
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