Compactação do solo em iLPF

14.03.2010 | 20:59 (UTC -3)

O impacto do pisoteio dos animais sobre o solo é um tema de discussão nos encontros de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF).

Pesquisadores, técnicos e extensionistas discutiram o assunto na última quinta-feira (11/03), durante o Curso de capacitação continuada de multiplicadores em sistemas de iLPF, que contou com mais de 200 participantes na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

“A compactação do solo começou quando o colono derrubou as primeiras matas para fazer lavoura”, define o pesquisador Sílvio Spera, explicando que qualquer alteração na superfície do solo causa algum impacto no sistema. “Em estudos recentes sobre os efeitos da agropecuária foi possível concluir que a compactação do solo em sistemas iLPF não difere das lavouras de soja. Fatores como lotação de animais ou manejo do solo na produção de grãos, quando mal conduzidos, podem causar a compactação indiferente do sistema utilizado”, explica Spera.

A compactação do solo em iLPF pode ser avaliada através de uma série de fatores: em função da espécie (bovino certamente é mais pesado que ovino), taxa de lotação (quando maior a lotação, maior oferta de pasto), manejo do solo (plantio direto, rotação), espécie forrageira (pastagens perenes, triticale e centeio têm raízes mais profundas), estação do ano (inverno e primavera chuvosos), tipo de solo (solo arenoso não tem estrutura suficiente para agregar e compactar mas também são sensíveis a arenisação). O pesquisador Renato Fontaneli aponta, ainda, fatores sócio-culturais e econômicos da Região Sul, como propriedades familiares que contam com pequenas áreas para manter o plantel e as oportunidades de mercado: “O aumento do rebanho leiteiro, estimulado pela instalação de novos laticínios, tem resultado em superlotação nas áreas de pastejo”.

Para o pesquisador da UFRGS Paulo César Carvalho, o método de pastejo não importa, enquanto que o melhor resultado depende da intensidade do pastejo, ou seja, da lotação e da qualidade do pasto. A partir de pesquisas conduzidas durante cinco anos na mesma área, Carvalho concluiu que o pastejo com forragem a 40cm de altura não implica em nenhum impacto no solo, já que a oferta de pasto reduz a movimentação do animal na área. Com a forragem a 10cm ocorre somente compactação superficial, problema que desaparece após a colheita da soja em sucessão. “O maior problema dos sistemas integrados é que o produtor de grãos simplesmente solta os animais na área ociosa ou faz o inverso, semeando direto após retirar o plantel. Não há um produtor de lavoura-pecuária, planejando as duas fontes geradoras de renda em equilíbrio de investimento”, argumenta Carvalho.

Solo x Pastejo

Entre os problemas causados pela compactação está a redução na absorção de água pelas plantas, a falta de circulação de ar no solo e o maior acúmulo de alumínio (mineral tóxico para as plantas que impede o crescimento das raízes). Por outro lado, as vantagens do pastejo são redução de pragas, como nematóides e lagartas, melhor resultado na calagem e incremento de carbono no solo (favorece o crescimento das plantas).

Joseani M. Antunes

Embrapa Trigo

(54)3316.5800 /

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