Com poucas chuvas, rios no RS e em SC apresentam níveis abaixo da média para o período do ano

Em 67% das estações de monitoramento, a gestão de recursos hídricos está comprometida para irrigação ou abastecimento humano

23.02.2022 | 13:48 (UTC -3)
Eduarda Vasconcelos
Rio Santa Maria, em Rosário do Sul, está abaixo da mínima histórica monitorada desde 1967. - Foto: Divulgação
Rio Santa Maria, em Rosário do Sul, está abaixo da mínima histórica monitorada desde 1967. - Foto: Divulgação

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) monitora, em tempo real, os níveis dos rios em 46 estações hidrológicas, distribuídas nos estados do RS e SC. Desse total aproximadamente 67% se encontram com permanência de níveis abaixo de 90%, ou seja, nestes locais, pode-se dizer que a gestão dos recursos hídricos está comprometida para irrigação ou para abastecimento humano. O monitoramento abrange 94 rios, 29 em SC e 67 no RS.

Os dados estão sendo disponibilizados semanalmente, desde o início do mês de fevereiro, por meio do Boletim de Monitoramento Especial da Estiagem no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O intuito é medir estes valores mínimos da vazão em rios da região, apresentar a evolução da estiagem nos dois estados e utilizar estes registros como base em futuros estudos de disponibilidade hídrica.

Além dos dados das estações hidrometeorológicas automáticas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2022, as equipes de hidrologia de campo do SGB-CPRM mediram os menores valores de vazão líquida das séries históricas em 12 estações de monitoramento.

A gestão de recursos hídricos preconiza outorgas baseadas na vazão de referência de 90% (Q90). Por exemplo, se a Q90, de um determinado rio é 10 m³/s, isso significa que durante 329 dias do ano, (90%) dos dias, a vazão naquele rio é maior ou igual a 10 m³/s.

Figura 01: Mapa das estações de monitoramento cobertas pelo boletim especial
Figura 01: Mapa das estações de monitoramento cobertas pelo boletim especial

Segundo a terceira edição do boletim, emitido nesta sexta-feira (18), a tendência geral segue sendo de redução no nível dos rios em ambos os estados. Comparando os dados de nível com a média observada na mesma época do ano, o nível está, em grande parte das estações, abaixo da média para o período. A tendência é que o nível dos rios siga decrescendo por conta da baixa pluviosidade prevista para os próximos dias.

Os dados de vazão medidos desde o início do ano ultrapassaram a mínima histórica medida nas estações de Itapiranga (em Itapiranga, no rio Uruguai), Cascata Buricá (em Horizontina, no rio Buricá), Ponte Nova do Potiribu Jusante e Conceição (em Ijuí, nos rios Potiribu e Conceição), Colônia Mousquer (em Santo Ângelo, no rio Ijuizinho), Passo Santa Maria (em Bossoroca, rio Piratini), Itaqui (em Itaqui, no rio Uruguai), Fazenda São Jorge (em Santana da Boa Vista, no rio Negro), Linha Gonzaga (em Caxias do Sul, no rio Caí), São Leopoldo (em São Leopoldo, no rio dos Sinos), Costa do Rio Cadeia (em São Sebastião do Caí, no rio Cadeia e Passo do Mendonça (em Cristal, no rio Camaquã). No município de Bossoroca, a vazão foi a mais baixa medida em campo desde 1972 e, em Ijuí, desde 1956. A situação da região do baixo rio Uruguai apresenta níveis críticos.

Tabela
Tabela

O Boletim de Monitoramento Especial da Estiagem no Rio Grande do Sul e Santa Catarina é fruto de uma parceria entre o SGB-CPRM e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para a gestão da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), que já opera os Sistemas de Alerta Hidrológico (SAH) desde 1989. As informações contidas nos documentos devem ser utilizadas por instituições públicas e privadas para suporte e tomada de decisões.

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