Com foco no Sistema Plantio Direto, VIII RPCS encerra inscrições dia 6 de maio

Evento vai reunir pesquisadores, extensionistas, profissionais e acadêmicos da graduação e pós-graduação, entre os dias 16 e 18 de maio, em Dois Vizinhos (PR)

28.04.2023 | 14:25 (UTC -3)
Vera Barão

As inscrições para a VIII Reunião Paranaense da Ciência do Solo (RPCS), um dos eventos mais importantes da agricultura do Paraná, poderão ser feitas até o dia 6 de maio no site do evento. Com o objetivo de reforçar a importância da adoção do Sistema Plantio Direto para a conservação do solo e da água, o evento este ano ocorre em formato híbrido (presencial e on-line), de 16 a 18 de maio de 2023, no Centro Universitário Unisep, em Dois Vizinhos (PR).

Com o tema “Conservação do Solo e da Água no PR: avanços, retrocessos e (re)usos”, a RPCS já é considerada um dos eventos técnico-científicos mais tradicionais que ocorrem no Estado, reunindo pesquisadores, extensionistas, técnicos, representantes e empresários do setor agropecuário, além de acadêmicos da graduação e pós-graduação das áreas de Ciências Agrárias.

Promovida pelo Núcleo Paranaense de Ciência do Solo, vinculado à Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR-SBCS), esta edição da RPCS é organizada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Dois Vizinhos em parceria com os Campi Pato Branco, Francisco Beltrão e Santa Helena, e também instituições como Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Instituto Federal do Paraná (IFPR-Palmas) e Centro Universitário de Dois Vizinhos (UNISEP).

Este ano, a RPCS trará para o centro do debate os 50 anos do Sistema Plantio Direto (SPD) no Paraná, tecnologia genuinamente paranaense, com enfoque na questão de manejo e conservação do solo e água, que se baseia em aplicar práticas que promovam o uso sustentável do solo e água, planejando ações que permitam seu uso ao longo do tempo, porém, sem degradá-lo.

O presidente da Comissão Organizadora da VIII RPCS, professor Paulo César Conceição, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Dois Vizinhos, destaca que o tema foi pensado priorizando fomentar o debate sobre os 50 anos do SPD, completados em 2022, bem como os desafios e perspectivas para o seu futuro na visão de pesquisadores. “Queremos reforçar as práticas conservacionistas e a adoção deste sistema de manejo para melhoria da qualidade de solo e água, aumentando e estabilizando a renda da agropecuária”, afirma Conceição.

Segundo ele, quando se fala em manejo do solo e água, é preciso trabalhar em conjunto com a biologia, a física e a química, a fim de manter o solo saudável. “Os painéis vão abordar essas Ciências, bem como falar da extensão rural e das perspectivas futuras do solo para os próximos 20 anos”, explica o professor, acrescentando que o objetivo é sensibilizar os participantes da RPCS sobre a necessidade de ampliar as ações que potencializam o uso adequado dos recursos solo e água, visando garantir um ambiente sustentável para as gerações futuras.

O evento traz um perfil um pouco diferente dos anteriores. Além das palestras e apresentação dos trabalhos acadêmicos, ao final do evento, será realizado um dia de campo para mostrar e debater os conhecimentos gerados na UTFPR, em estações focadas com temas ligados ao SPD e a extensão rural. Outra novidade será a apresentação do painel “Produção de Alimentos e Conservação do Solo e Água”, uma atividade aberta e voltada aos agricultores, cooperativas, sindicatos, que vai acontecer no primeiro dia do evento, às 19 horas, no Centro Universitário UNISEP.

“Tradicionalmente e, até por ser um evento técnico-científico, a RPCS sempre teve a programação voltada para palestras e submissão dos trabalhos, mas este ano queremos debater a extensão rural um pouco mais, promovendo esta interação com a área da pesquisa. Nesse painel que será aberto à comunidade, caberá uma análise de o quanto e como o recurso natural solo vem sendo preservado, mantido ou recuperado”, enfatiza Paulo César Conceição.

O evento também vai disponibilizar um espaço para debates, nas sessões temáticas, destinado à Rede Paranaense de AgroPesquisa, a qual congrega pesquisadores de instituições públicas e privadas, em parceria com o governo do Paraná e o Sistema FAEP/SENAR-PR.

O retorno da erosão na última década, um dos principais problemas do campo, gerou a formação da Rede AgroPesquisa em 2015, para discutir estratégias direcionadas ao agricultor no sentido de tentar conter esse problema antigo no Paraná. A Rede vai destacar atividades desenvolvidas em 5 mesorregiões do PR.

Produtividade

De acordo com o professor Conceição, a busca por alta produtividade das culturas agrícolas deve estar aliada à conservação do solo, para garantir uma produção sustentável e, consequentemente, trazer rentabilidade ao produtor. “O produtor precisa produzir com o mínimo impacto possível, para ter maior produtividade e rentabilidade”, enfatiza.

Entretanto, poucos produtores aplicam, em sua plenitude, os fundamentos preconizados pela agricultura conservacionista. Atualmente, segundo o professor, apenas entre 10% a 20% dos produtores rurais fazem os três pilares que caracterizam o Sistema Plantio Direto, como o revolvimento mínimo do solo, cobertura permanente e rotação de culturas.

“Hoje temos 33 milhões de hectares agrícola e se consideramos que 10% fazem o uso do SPD integralmente, temos em torno de 3 a 4 milhões de hectares trabalhado dentro do que é possível de uma agricultura conservacionista de ponta”, afirma o coordenador do evento, acrescentando que os outros 80% a 90% aplicam somente parte das premissas do Sistema Plantio Direto.

Para o professor, não há dúvida de que o SPD aumenta a produtividade. Ele exemplifica citando grandes recordistas de soja do Prêmio CESB, os quais produzem entre 118 sacas/ha a 150 sacas/ha, em suas áreas de testes. “Eles produzem o dobro do que a média nacional, porque fazem um plantio direto bem feito com palhada, rotação de cultura e o mínimo de revolvimento do solo”.

Isto significa que, se o produtor fizer realmente a agricultura conservacionista como ela é prescrita e não apenas parte dela, ele preserva o solo e será produtivo com rentabilidade. “Esse é um caminho sem volta. Caminhamos em termos de mundo para uma consciência coletiva em prol de uma sustentabilidade em todas as ações, desde as embalagens até o uso com parcimônia dos recursos produtivos”, comenta o professor.

Erosão

Outro aspecto apontado pelo professor, refere-se ao terraceamento, uma técnica agrícola de conservação do solo que atua na contenção do escoamento superficial e processo erosivo do solo. Ao longo dos anos, os produtores abandonaram esta prática, retirando os terraços de suas propriedades por entenderem que, somente a palha, seria suficiente para conter a erosão.

O SPD é considerado a ferramenta mais eficiente para controle da erosão em áreas de culturas anuais. “E terraceamento e palhada com qualidade estão entre as práticas conservacionistas para driblar a erosão. Tanto é que na sua origem, o Plantio Direto era chamado de Plantio Direto na Palha, para dar essa ênfase de que precisava da palha sobre o solo”, explica.

Evento

Além das palestras, o primeiro dia da VIII Reunião Paranaense da Ciência do Solo traz a exposição de pôsteres e o happy hour científico, cuja ideia principal é juntar a confraternização com a exposição para troca de informações e networking entre os participantes.

No segundo dia está agendada a assembleia geral e a divulgação dos 25 trabalhos selecionados e premiados inscritos no evento. Ao todo foram 132 trabalhos inscritos. A organização do evento abriu espaço também para os patrocinadores colocarem estandes na área do evento visando interação com a Sociedade Científica.

Serviço

VII Reunião Paranaense da Ciência do solo (RPCS)

Formato: híbrido – presencial e online

Data: 16 a 18 de maio de 2023

Local: Centro Universitário Unisep – Dois Vizinhos (PR)

Inscrições abertas até o dia 6: https://www.even3.com.br/rpcs2023/

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