Agro-Pecuária CFM inicia diagnóstico de gestação para safra 2009
A proposta de liberação de recursos oriundos de créditos tributários que os frigoríficos têm de receber do Governo pelas exportações de carne, apresentada na semana passada pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, foi defendida terça-feira (24/3) pelo Vice-Presidente da entidade, deputado Homero Pereira.
Ao participar de audiência pública na Câmara para debater o cenário negativo vivido pelo setor, ele explicou que este dinheiro poderia ser utilizado pelas indústrias afetadas pela crise financeira internacional para pagar dívidas contraídas junto aos pecuaristas pelo fornecimento de bois para o abate. “Este pagamento deve ser priorizado, pois os produtores compõem o elo mais fraco da cadeia produtiva e precisam de capital de giro para se manter na atividade”, afirmou.
Homero Pereira também pediu medidas para conter os reflexos da crise financeira na cadeia de produção de carne. “Quando o segmento de automóveis sinalizou com reflexos negativos por causa da crise, o Governo já tomou medidas e o setor parou de demitir e as vendas aumentaram”, argumentou. Ele relatou que, em Mato Grosso, que tem o maior rebanho bovino no Brasil, grandes grupos fecharam mais de 12 plantas frigoríficas no Estado, deixando de gerar mais de 50 mil empregos diretos e indiretos. “A cadeia está fragilizada e os produtores estão com dificuldades de produzir porque não recebem o pagamento dos frigoríficos”, revelou Homero Pereira, completando que a grande parte dos pecuaristas que está nesta situação é de pequeno porte.
Segundo o Vice-Presidente de Finanças da CNA e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ademar Silva Júnior, o prejuízo aos pecuaristas do Estado, diante do não pagamento dos frigoríficos pela compra de animais para abate, é de cerca de R$ 100 milhões. Ele informou também que nove frigoríficos entraram em processo de recuperação judicial. “Deste setembro de 2008 estamos vendo várias indústrias fechando as portas”, revelou Silva Júnior, que acompanhou as discussões, que duraram cerca de três horas.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, admitiu a necessidade de acelerar a liberação dos créditos tributários para pagar os pecuaristas. Também reconheceu a necessidade de tratamento igualitário entre pequenos, médios e grandes frigoríficos.
Críticas – Uma das principais queixas de lideranças do setor produtivo e parlamentares presentes aos debates foi a ausência dos presidentes da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Bovina (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca, e da Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, convidados para os debates. As duas entidades são as principais representantes das indústrias frigoríficas de carne bovina do País. “No momento em que este setor entra em colapso e os representantes dos frigoríficos não comparecem, nós não sabemos que providências tomar. Para receitarmos o remédio, temos que saber o diagnóstico, conhecer a extensão do problema”, disse Homero Pereira.
Fonte: Agência CNA -
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