Circuito Aprosoja: cenário exige cautela do produtor

03.05.2009 | 20:59 (UTC -3)

A crise internacional tem gerado dificuldade para essa safra 2009/10 em relação à passada, tais como: a escassez de crédito, elevadas taxas de juros, desaquecimento da economia e preço elevado de alguns insumos. O assunto esteve em pauta no município de Campos de Júlio na quarta-feira (29/04) durante o Circuito Aprosoja.

Assim, o sentimento de incerteza toma conta dos produtores, que devem decidir a produção com 12 meses de antecedência. Para o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, o poder de negociação deve ser exercitado com muita cautela, pois o crédito está em retração e o cenário futuro aponta para investimentos de 45% de capital próprio para realizar a próxima safra.

“É essencial ter planejamento, cautela e capitalização, e uma das formas para tentar minimizar os custos de aquisição de adubos e defensivos é a compra conjunta para barganhar melhores preços”.

Apesar de o governo federal ter sinalizado a oferta de crédito para o setor produtivo, a maioria dos agricultores da região Oeste disse continuar a recorrer às tradings e que tem encontrado taxas de juros elevadas.

O produtor rural João Ferreira que planta em 930 hectares de soja em Comodoro pontuou que nas últimas três semanas na região quem procurou comprar fertilizante se deparou com um custo de US$ 490, fora o custo operacional total. “Não haveria melhor orientação do que procurar tentar barganhar os preços ao máximo. O produtor não necessita comprometer toda a produção e escalonar as compras”.

O Circuito Aprosoja etapa Oeste passou por Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, Sapezal, Campos de Júlio e Diamantino. Ao todo cerca de 400 pessoas entre produtores, estudantes e convidados participaram do evento na região.

Agropecuária ajuda a sustentar o poder de compra de trabalhador urbano

O poder de compra do trabalhador urbano brasileiro cresceu. Com um salário mínimo (R$ 465) já foi possível comprar em março deste ano 2,1 cestas básicas, considerando o preço nacional de R$ 221,90 com 25 produtos alimentares. A informação foi dada durante o 4º Circuito Aprosoja etapa Oeste na noite de quarta-feira (28.04) aos produtores de soja e milho que comparecem em grande número na Câmara Municipal de Sapezal. O evento ocorre até o dia 30 de abril e passou hoje pela manhã (29.04) por Campos de Júlio e à noite em Diamantino e amanhã (30.04) estará no Médio-Norte, em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde.

De acordo com o técnico da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Luciano de Carvalho, um estudo comparativo do órgão federal, que considerou o preço da cesta básica nacional em relação ao salário mínimo no período de março de 1995 a março de 2009, apontou que a inflação de alimentos foi menor do que a inflação geral. O cruzamento de dados foi feito com base nos dados do Dieese e do Ministério da Fazenda.

Carvalho ressalta que boa parte da inflação de alimentos menor pode ser atribuída ao empenho do setor agropecuário, que vai além da sustentação da balança comercial brasileira, dando também liquidez aos programas sociais governamentais.

O presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, considera um avanço o aumento do poder de compra do trabalhador brasileiro e ressalta que o ideal seria que a renda do produtor também fosse ascendente nesta relação de troca, o que não tem ocorrido. “É necessário garantir que políticas agrícolas garantam um fluxo de renda sustentável para o produtor e que seja compatível com a contribuição para a redução dos preços dos alimentos”.

No sétimo levantamento da Conab que se refere ao mês de abril constatou-se um crescimento de 2,3 milhões de toneladas sobre os 135,3 milhões de toneladas, divulgado em março, assim a estimativa atual da produção brasileira de grãos é de 137,6 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 4,5%, ou 6,55 milhões de toneladas sobre a safra 2007/08, que foi de 144,1 milhões de toneladas.

Glauber ressalta ainda que neste último levantamento, a própria Conab já revisou os números relacionados à produção e isso começa a dar sinais de que a oferta de alimentos poderá ser reduzida em função da corrosão da renda do produtor nos últimos anos, aliado à crise no crédito e ao não equacionamento do endividamento.

Produtores de Tangará querem subvenção ao escoamento de milho e ao frete

O técnico da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (SPA/Mapa), Luciano Carvalho apresentou na noite de segunda-feira (28.04) alguns mecanismos que poderão ser incluídos no Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010. As considerações foram feitas durante o Painel “A Situação Atual da Agricultura em Mato Grosso – Oportunidades e Entraves” no 4º Circuito Aprosoja etapa Oeste, que hoje (28.04) está sendo realizado em Campo Novo do Parecis e Sapezal. Amanhã (29.04), o evento ocorrerá em Campos de Julio e Diamantino. No Médio-Norte, o Circuito começa na quinta-feira (30.04) em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde.

Os produtores de soja e milho de Tangará da Serra argumentaram que entre todos os pontos apresentados, o mais urgente é a viabilização pelo governo federal da subvenção ao milho por meio do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e também de subsídios ao frete.

Carvalho disse que a Lei 11.922, além de medidas de prorrogação das parcelas referentes ao endividamento rural que foi promulgada no dia 13 de abril deste ano, esta lei também permitirá que quando o preço de referência do milho ficar abaixo do preço mínimo, haja subvenção de até 10% acima do preço de referência do produto. “A intervenção por parte do governo visará estimular os compradores do cereal ao oferecer mais preços que se aproximem do preço mínimo”.

O presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira alertou que o valor do preço mínimo deve ser estabelecido em R$ 17 para Mato Grosso. Este, aliás, é o valor estabelecido no estado vizinho, Mato Grosso do Sul. O prêmio é resultado da diferença entre o preço mínimo, que atualmente é de R$ 13,20 e o preço de referência, por exemplo, de R$ 11 (base Sorriso). Logo o prêmio para esta localidade seria de R$ 13,20 menos R$ 11, restando ao governo dar subvenção de apenas $ 2,20, o que é insuficiente em Mato Grosso. “O valor do preço mínimo deve ser de R$ 17 em qualquer região do estado, pois assim o prêmio será maior”.

O produtor rural de Tangará da Serra, Rui Alberto Wolfart, defendeu a necessidade de subvenção principalmente em função dos problemas de falta de infraestrutura no estado. “Enquanto não tivermos um maior número de agroindústrias em Mato Grosso continuaremos a ser apenas exportadores líquidos. Para piorar somos reféns do alto custo de produção, que é impactado pela falta de logística. A curto prazo somente com o subsídio ao milho e ao frete poderemos formar nossa renda”.

Os mecanismos de regulamentação da Lei 11.922 ainda serão definidos pelo Banco Central. Com relação à subvenção ao milho será a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a responsável pela parte operacional e o Ministério da Agricultura pela definição dos parâmetros. As regras de aplicação da lei serão definidas em reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Sobre a subvenção ao frete, Glauber frisou que uma das saídas rápidas para diminuir o preço no estado é a redução da carga tributária, principalmente do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre o óleo diesel.

Fonte: Aprosoja -

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