Ciência apresenta ao mercado variedade versátil de batata com aptidão para fritura e cozimento

No campo, a BRS F183 (Potira) é pouco suscetível a deformidade e a versatilidade culinária do material também ajuda a aumentar o apelo junto aos consumidores

16.11.2021 | 13:40 (UTC -3)
Embrapa
No campo, a BRS F183 (Potira) é pouco suscetível a deformidade e a versatilidade culinária do material também ajuda a aumentar o apelo junto aos consumidores. - Foto: Arione Pereira
No campo, a BRS F183 (Potira) é pouco suscetível a deformidade e a versatilidade culinária do material também ajuda a aumentar o apelo junto aos consumidores. - Foto: Arione Pereira

Uma nova cultivar desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa possui características que conferem versatilidade culinária aos tubérculos. O baixo teor de açúcares e a concentração de 21% de matéria seca garantem qualidade à BRS F183 (Potira) para ser frita ou cozida. No campo, o destaque é o potencial produtivo, que pode superar 50 toneladas por hectare. O lançamento será on-line, no dia 18 de novembro, às 18h, no canal da Embrapa no YouTube.

Os principais fatores que garantem qualidade às batatas para processamento são o teor de açúcares e de matéria seca, já que níveis baixos de açúcares evitam o escurecimento após a fritura e teor de matéria seca superior a 20% indica alto rendimento industrial e qualidade para fritura, principalmente com relação à textura. Isso é importante porque a aceitação da batata para fabricação de palitos pré-fritos depende muito da cor e da textura do produto final.

“Para a indústria de palitos os requisitos são o formato alongado e tamanho grande; o teor de matéria seca alto, para rendimento industrial, no sentido de absorver menos gordura, ficando crocante; e o teor de açúcar baixo, que não escurece na fritura”, reforça o pesquisador da Embrapa Clima Temperado (RS) e líder do Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa, Arione Pereira.

A aparência é um dos atrativos que garantem o duplo propósito da BRS F183 (Potira), principalmente a película lisa e as gemas rasas, que facilitam o descascamento. Os tubérculos têm cor vermelha mais intensa por fora (casca) e amarela-clara por dentro (polpa) e demoram mais a esverdear após a colheita. O formato é alongado. No campo, essas batatas são pouco suscetíveis a deformidades. “Para o mercado in natura, a característica mais importante é a boa aparência do tubérculo. O que a Potira tem”, afirma Arione.

A versatilidade culinária do material também ajuda a aumentar o apelo junto aos consumidores. “Sendo boa para processamento, ela é boa para fritura. Mostra também bom desempenho para cozimento, o que lhe confere multiuso culinário”, detalha o pesquisador. O destaque é a obtenção de batatas fritas com textura crocante e seca e, no cozimento, textura firme (coesa e não farinhenta), com sabor bastante característico. “Numa salada, ela mantém os cubinhos cortados, não desmancham”, completa.

Desenvolvimento alinhado às demandas da cadeia produtiva

A BRS F183 (Potira) é resultado do Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa, envolvendo trabalhos de pesquisa e avaliação na Embrapa Clima Temperado e na sua Estação Experimental de Canoinhas (EECan); e na Embrapa Hortaliças (DF). “O desenvolvimento da Potira está alinhado às demandas prioritárias da cadeia brasileira da batata, que incluem variedades para processamento industrial de palitos pré-fritos congelados e variedades para o mercado in natura de multiuso culinário, com a vantagem de ser a Potira uma variedade de duplo propósito”, pontua Arione.

Entre os aspectos considerados durante o processo de seleção do material estão aparência dos tubérculos, potencial produtivo, teor de matéria seca e qualidade de fritura. O processo de desenvolvimento da cultivar também levou em consideração testes e validações realizados em várias regiões produtoras do País, bem como na indústria de palitos pré-fritos congelados.

“Variedades com características para fabricação de palitos pré-fritos congelados são muito importantes para o crescimento da indústria brasileira e redução da dependência de importações, com geração de oportunidades de emprego e renda no País. E variedades para o mercado in natura com características de multiuso são muito importantes para a satisfação dos consumidores”, avalia o pesquisador.

Avaliação da cadeia produtiva

A BRS F183 (Potira) também foi avaliada por diversos elos da cadeia produtiva, como a Bem Brasil Alimentos, indústria de batata pré-frita congelada. Para Israel Nardin, gerente de produção da Fazenda Água Santa, a avaliação foi positiva, principalmente pelo formato grande dos tubérculos, adequados à indústria, e a alta produtividade. “A cultivar sempre se destacou nos ensaios pelo alto potencial produtivo e uniformidade de tubérculos”, afirma.

O produtor do município de Ibiraiaras (RS), Sérgio Zanette, avaliou o material por quatro safras para comparação com outras variedades comerciais. “Tem tubérculos de boa qualidade, boa aparência e formato, cor da pele bastante boa e, na arquitetura da planta, tem se mantido bem em pé, uma planta com haste forte e com muitas raízes. Por duas safras tivemos seca e ela também se comportou muito bem. Acho que tem muito potencial, principalmente para o mercado, pela aparência e formato do tubérculo”, diz.

As impressões do produtor de São Lourenço do Sul/RS, Edgar Schneider, que também avaliou a cultivar por quatro safras, são similares. “Batata de pele bonita, formato espetacular, boa para qualquer tipo de ‘aprontamento’”, completa.

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