Centro-Noroeste de Minas amplia produção sustentável de grãos

Embrapa monitora fazendas que adotam manejo integrado e reconversão de pastagens degradadas para cultivo de soja

10.11.2025 | 15:49 (UTC -3)
Sandra Brito
Foto: Álvaro Resende
Foto: Álvaro Resende

Em 2025, a Embrapa Milho e Sorgo deu início à execução de um projeto de pesquisa com foco estratégico na sustentabilidade e expansão da produção de grãos em áreas de pastagens degradadas no Centro-Noroeste de Minas Gerais. O projeto, com três anos de execução, é intitulado "Estratégias de manejo integradas de práticas agronômicas mudam a ampliação e a sustentabilidade de sistemas de produção de grãos, em áreas reconvertidas de pastagens, na região centro-noroeste de Minas Gerais".

A iniciativa busca garantir que a expansão do cultivo de grãos apresente bases sólidas de sustentabilidade e de competitividade, prevenindo riscos de um futuro colapso de vulnerabilidade da soja como monocultura e promovendo o desenvolvimento territorial.

A região do "eixo de desenvolvimento Centro-Noroeste de Minas", que engloba porções das mesorregiões Oeste de Minas, Central Mineira e Noroeste de Minas, tem despertado grande interesse por causa do avanço da cultura da soja como opção para a reconversão de áreas de pastagens degradadas em ambientes de produção agropecuária mais tecnificados. Faz parte da Bacia do São Francisco e possui logística privilegiada, além de solos e relevância aptos à mecanização.

Até então, extensas áreas vinham sendo utilizadas com pastagens de baixa capacidade de suporte animal, com diferentes graus de manipulação, ou para silvicultura de eucalipto. A entrada da soja, considerada um grande motor de desenvolvimento, gerou excitação, mas também levantou incertezas quanto à sustentabilidade e estabilidade produtiva da nova atividade em médio e longo prazos. 

O projeto da Embrapa surge como resposta à necessidade de desenvolver tecnologias adaptadas regionalmente, levando em consideração as restrições edafoclimáticas locais, como a alta frequência de veranicos e a presença de solos arenosos. Nesse contexto, constata-se a necessidade de se integrar práticas agronômicas, culturais e de manejo que favoreçam maior proteção do solo, diversificação das espécies vegetais cultivadas e redução da necessidade de gastos com insumos, tais como fertilizantes e defensivos.

O pesquisador Miguel Gontijo Neto, coordenador do projeto, conta que a estratégia central reside na implementação do Manejo Integrado de Práticas Agronômicas (Mipa) em fazendas parceiras. "Os talhões experimentais serão instalados ao lado das áreas de manejo tradicionais dos produtores, onde serão introduzidos o maior número possível de boas práticas agrícolas. Serão englobadas a conservação de solo e água, a produção de palhada para o sistema de plantio direto, o manejo eficiente de nutrientes e defensivos, o uso de bioinsumos e a introdução de cultivos de plantas de cobertura em."

“Essa atuação ‘on farm’ não só permitirá monitorar a previsão das tecnologias em ambiente real, como também servirá de base física para a realização de Dias de Campo e eventos técnicos, garantindo a rápida distribuição das melhores práticas aos produtores”, relata Gontijo.

Paralelamente, uma equipe envolvida no projeto fará uso de geomodelagem e sensoriamento remoto para mapear e categorizar o nível de manipulação das pastagens, identificando com maior precisão as áreas mais adequadas para a reconversão em sistemas de produção de grãos, ou que fornecerá informações curadas para o planejamento agrícola e a formulação de políticas públicas para essa vasta região de Minas Gerais.

“Nas áreas de acompanhamento das fazendas parceiras, além do desempenho produtivo, sempre que possível, serão levantadas informações sobre os ganhos de sustentabilidade econômica e ambiental, e indicadores relacionados à resiliência climática”, comenta o pesquisador Arystides Resende Silva. 

Para a safra 2025/26, nos municípios de Abaeté e Bom Despacho, foram definidas as condições iniciais de duas áreas de pastagem onde se implantará a cultura da soja. Elas serão monitoradas quanto aos atributos de qualidade e proteção do solo, aspectos fitossanitários, produtividade e pegada de carbono da soja. “A expectativa para a próxima safra é ampliar o número de propriedades acompanhadas em outros municípios da região e também identificar parceiros institucionais para aumentar a representatividade, potencializando os resultados e os impactos sócio-econômicos do projeto”, evidencia Miguel Gontijo.

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