Caravana Embrapa finaliza primeira etapa na BA

02.04.2014 | 20:59 (UTC -3)

A Caravana Embrapa de Alerta às Ameaças Fitossanitárias encerrou a primeira etapa de atividades com eventos realizados em Luís Eduardo Magalhães (BA) nos dias 28 e 29 de março. A visita contou com a participação do diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto, um grupo de 30 pesquisadores, analistas, técnicos e assistentes de sete Unidades da Embrapa (Cerrados, Milho e Sorgo, Soja, Algodão, Recursos Genéticos e Biotecnologia, Informação Tecnológica e Secretaria de Comunicação), além de chefes gerais da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), José Roberto Peres, e Antônio Álvaro Purcino, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).

Desde dezembro do ano passado, a Caravana Embrapa percorreu 17 Estados e o Distrito Federal, contabilizando 34 polos agrícolas visitados e o alcance de cerca de 5 mil técnicos multiplicadores, que receberam informações sobre ameaças fitossanitárias e as estratégias para a manutenção do equilíbrio dos agroecossistemas, como Manejo Integrado de Pragas, controle biológico, controle químico e tecnologia de aplicação, entre outras.

Na Bahia, os eventos de encerramento da primeira fase da Caravana foram promovidos em parceria com a Fundação Bahia, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e o grupo técnico do Programa Fitossanitário da Bahia. As palestras foram elaboradas em sintonia com o contexto da paisagem agrícola do Oeste baiano e com os problemas fitossanitários enfrentados pelos produtores da região.

No dia 29, as palestras fizeram parte da programação da Passarela da Soja e do Milho, evento promovido pela Fundação Bahia em parceria com a Embrapa e que teve público total de mais de 1,2 mil pessoas. Ladislau Neto lembrou o compromisso do Brasil de ser um player estratégico global e agradeceu aos parceiros e aos mais de 120 empregados da Embrapa envolvidos na Caravana Embrapa. “A Caravana levou informações sobre Helicoverpa armigera e outras pragas e permitiu a maior integração do grupo de pesquisa. Estamos comprometidos com as agendas e os novos desafios”, disse.

Para o presidente da Fundação Bahia, Ademar Marçal, a presença do grupo numeroso de integrantes da Embrapa foi um marco histórico na região. “Precisamos baixar o custo de produção e aumentar a produtividade. É muito sério o que está acontecendo com o uso indiscriminado de defensivos agrícolas. Mas é possível mudar isso com o apoio da Embrapa, levando informações e treinamento de equipes”, afirmou.

As palestras ficaram por conta do coordenador local da Caravana, Sérgio Abud, da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), que falou sobre “Ameaças fitossanitárias e manejo integrado de pragas com foco na paisagem agrícola do oeste baiano”; do pesquisador Daniel Sosa-Gómez, da Embrapa Soja (Londrina, PR), que abordou “Manejo de resistência às proteínas Bt” e “Uso de vírus e bactérias para o controle de lagartas”; de Ivan Cruz, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, que tratou do tema “Controle biológico: uso de insetos benéficos e Trichogramma spp.”; e do consultor Paulo Bettini, da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), que tratou do tema “Tecnologia de aplicação”.

Experiências com MIP

Antes, na manhã do dia 28, os integrantes da Caravana Embrapa e técnicos haviam visitado a Fazenda São Francisco, onde foram apresentadas três experiências de produtores locais com o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Celito Breda, diretor da Fundação Bahia e coordenador do Programa de Manejo Fitossanitário da Bahia, destacou a preocupação dos produtores com o aumento dos custos de produção na região. “Estamos aprendendo e a Embrapa, com certeza, também. Precisamos aprender juntos, por isso estamos mostrando a evolução (no manejo de pragas) de uma safra para outra”, disse.

Rinaldo Grassi, um dos agrônomos da fazenda, que produz soja, milho e algodão em 28,5 mil hectares, apontou as estratégias de MIP em soja adotadas para a safra 2013/2014. A propriedade realizou manejo de inverno e vazio sanitário; destruição mecânica de soqueira de algodão; monitoramento de lagartas com pano de batida e de adultos com armadilhas luminosa e de feromônio; observância dos princípios da tecnologia de aplicação; controle químico com diamidas e controle biológico com vírus HzNPV e Bacillus thuringiensis. “Nossa mensagem é o monitoramento, que se bem feito gera dados mais seguros para tomarmos decisões mais assertivas”, afirmou.

O monitoramento também é uma preocupação para o produtor Luiz Antônio Pradella, que cultiva milho (boa parte consorciado com capim Piatã) e soja convencional. Nesta safra, além de fazer rotação de princípios ativos, ele aplicou o vírus HzNPV e inseticidas Bt. “Fazíamos o controle químico com atraso e sem saber qual praga estava na lavoura. Também perdíamos prazo para fazer controle biológico, pois o monitoramento era falho, Este ano, com o vírus e o inseticida Bt, não usamos praticamente nada de diamidas e outros produtos”, disse, mostrando uma planilha comparativa das safras 2012/13 e 2013/14 sobre o tratamento com inseticidas em um determinado talhão, no qual o custo com aplicações caiu 21%.

Há 32 anos no Oeste baiano, o produtor Rony Reimann cultiva algodão, soja e milho. Assim como Grassi e Pradella, ele também salientou a importância do monitoramento. “Não é preciso ter 20 mil, 30 mil hectares para fazer monitoramento. Pequenos produtores também podem fazer”, observou. Entre as medidas adotadas, estão a eliminação da resteva do algodão e o uso do vírus HzNPV, que levaram à diminuição da aplicação de produtos químicos na lavoura. “A economia é fenomenal para o bolso e para o ambiente”, finalizou.

Técnicos

À tarde, cerca de 60 técnicos multiplicadores que atuam na região acompanharam, no auditório da Fundação Bahia, as palestras dos pesquisadores da Caravana Embrapa, que também apresentaram alguns resultados das pesquisas em andamento.

A pesquisadora Silvana de Paula-Moraes, da Embrapa Cerrados, abordou as ameaças fitossanitárias para o Brasil, os componentes de pesquisa e de transferência de tecnologia do arranjo de projetos da Embrapa sobre MIP para lepidópteros-pragas com foco em H. armigera (Arranjo Armigera), bem como o Manejo de Resistência de Insetos (MRI) à tecnologia Bt. Daniel Sosa-Gómez apresentou considerações sobre o MRI no Brasil. O pesquisador Fernando Valicenti, da Embrapa Milho e Sorgo, falou sobre o uso de Bacillus thuringiensis e Baculovirus. Em seguida, Ivan Cruz abordou, no tema controle biológico, a preservação de insetos benéficos e o uso de Trichogramma spp.

Três pesquisadores apresentaram alguns resultados de pesquisa. Rose Monnerat, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), falou sobre os trabalhos de desenvolvimento de bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis e de monitoramento da susceptibilidade de insetos a plantas Bt. Edson Hirose, da Embrapa Soja, apresentou dados da pesquisa sobre a determinação do nível de ação dos Heliothineos. Por fim, Samuel Roggia, também da Embrapa Soja, comentou os resultados parciais da pesquisa sobre o manejo da Helicoverpa.

Após as palestras, Celito Breda apresentou um conjunto de ações e recomendações propostas no âmbito do Programa de Manejo Fitossanitário da Bahia. O documento foi encaminhado aos pesquisadores da Embrapa para avaliação. No encerramento do encontro, os técnicos puderam fazer perguntas aos pesquisadores.

Próximos passos

A segunda etapa da Caravana Embrapa será marcada pela instalação de Unidades de Referência Tecnológica (URTs) em propriedades particulares localizadas nos polos agrícolas visitados, além do atendimento a demandas locais com capacitações em temas específicos por especialistas.

A ideia é que essas fazendas realizem o MIP com o assessoramento de técnicos, servindo de demonstração da estratégia de manejo adaptada à realidade local. No Rio Grande do Sul, primeiro destino da Caravana, já foram implantadas 21 URTs em parceria com a Emter/RS-Ascar.

Ainda durante a passagem da Caravana pela Bahia, Ladislau Neto, José Roberto Peres e Álvaro Purcino se reuniram com lideranças da Aiba, da Abapa, da Adab e da Fundação Bahia para discutir demandas técnicas para a agricultura da região do Matopiba, compreendida pelos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Caravana

Composta por 33 pesquisadores e técnicos divididos por equipes, a Caravana Embrapa de Alerta às Ameaças Fitossanitárias começou suas atividades em dezembro de 2013 com eventos em Goiás, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul. Durante quatro meses, os especialistas percorreram todas as demais regiões produtoras do País, levando informações emergenciais sobre o manejo da Helicoverpa armigera e outras pragas. As equipes também visitaram Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Santa Catarina, Paraná, Roraima, Sergipe, Alagoas, São Paulo, Amapá, Pará, Minas Gerais e Bahia.

Segundo o assessor da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Paulo Roberto Galerani, mais do que orientações e técnicas necessárias para a solução de problemas causados pela Helicoverpa armigera, a Caravana busca levar a mudança no campo, reforçando para os produtores a importância da adoção do manejo integrado, com foco no agroecossistema como um todo. “Assim teremos um cenário mais favorável já na próxima safra. É importante que os produtores saibam que o resultado não será imediato, mas dependerá de uma mudança de atitude para que eles possam controlar a infestação da praga em sua lavoura”, explica.

A Caravana é uma iniciativa da Embrapa e conta com apoio da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O roteiro completo pode ser acompanhado no Site da Caravana (http://www.embrapa.br/caravana). No site também é possível baixar os materiais informativos.

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