Brasil e África do Sul estreitam cooperação em biotecnologia e agroenergia

01.10.2009 | 20:59 (UTC -3)

O pesquisador Luke Mehlo e duas estudantes do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul (CSIR - sigla em inglês) visitaram quarta-feira (30/09), as unidades de Recursos Genéticos e Biotecnologia e Agroenergia, da Embrapa, em Brasília/DF.

As visitas tiveram como objetivo fortalecer parcerias em pesquisas científicas nas áreas de biotecnologia e agroenergia.

Na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde estão desde o dia 28 de setembro, os representantes do CSIR tiveram como objetivo principal avaliar e trocar informações técnicas sobre a pesquisa que vem sendo desenvolvida em parceria entre as duas instituições com o objetivo de utilizar a engenharia genética contra a AIDS. A pesquisa é financiada pelo Programa Pró-África do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq desde 2007 e conta ainda com a participação do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e da Universidade de Londres.

O objetivo é introduzir cianovirina (proteína presente em algas) em plantas de soja, milho e tabaco para a sua produção em larga escala. Esta proteína é capaz de impedir a multiplicação do vírus HIV no corpo humano.

A pesquisa, que ainda está em fase de testes deve resultar em um gel (com propriedades germicidas) para que as mulheres apliquem na vagina antes do relacionamento sexual.

As plantas transgênicas oferecem muitas vantagens para a produção de cianovirina que pode ser largamente escalonada até a quantidade adequada. Aliado a esse fato está o benefício do baixo custo do investimento requerido. Sementes de soja, milho e tabaco são candidatos potencialmente interessantes como biofábricas, mas por enquanto os cientistas ainda estão avaliando qual das três espécies produz o maior teor de proteínas pelo menor custo. Somente o desenvolvimento das pesquisas poderá indicar o melhor caminho.

Segundo o pesquisador Cristiano Lacorte, que atua no projeto junto com o pesquisador Elíbio Rech, no Brasil as pesquisas estão sendo feitas com plantas de soja e na África do Sul com milho e tabaco. Por isso, o intercâmbio científico é muito importante, já que permite identificar quais dessas plantas têm mostrado melhor desempenho como biofábricas para produção da cianovirina.

Biocombustíveis também estão na pauta da cooperação entre os dois países

Além de acompanhar de perto os resultados da pesquisa com soja, Mehlo aproveitou a visita ao Brasil para conhecer melhor outros estudos em desenvolvimento potencialmente interessantes para futura cooperação científica entre os dois países, especialmente a produção de biocombustíveis, liderada mundialmente pelo país. Por isso, visitou a Embrapa Agroenergia, também localizada em Brasília.

Na Embrapa Agroenergia, Mehlo e as estudantes foram recebidos pelo chefe de P&D, Esdras Sundfeld, que apresentou as ações estratégias com etanol e biodiesel inseridas no Plano Nacional de Agroenergia do governo federal.

Com relação ao etanol, Sundfeld mostrou as áreas de produção e a produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo e a importância desta cultura para o futuro da produção de biocombustíveis no país e na África.

Além do etanol, os pesquisadores sul-africanos também se interessaram pelo programa de biodiesel e pela produção conjunta de alimentos e biocombustível. Foram discutidas propostas de projetos em conjunto. Sobre este tema, Esdras Sundfeld disse que o Brasil tem condições de incrementar ambas as produções, devido às favoráveis condições naturais e de tecnologia. Com relação à África, o Brasil tem implementado vários programas de cooperação e de transferência de tecnologia. Na reunião os representes das instituições

Estudante do CSIR vai continuar no Brasil

Segundo o pesquisador sul-africano, o CSIR é a maior e mais forte instituição de pesquisa na África e trabalha em várias áreas, como: biotecnologia, meio ambiente, satélites e pesquisa espaciais, entre outras. O Conselho conta com mais de três mil empregados, dentre os quais cerca de mil pesquisadores, e institutos em várias regiões da África, "assim como a Embrapa", explica.

Uma das estudantes do Conselho ficará na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia por quatro meses, como parte do intercâmbio entre os países. O próximo passo é a ida de um estudante brasileiro para a África do Sul.

Fernanda Diniz e Daniela Collares

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Embrapa Agroenergia

(61) 334-3663 e (61) 3448-1581 /

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