Agro-Pecuária CFM inicia diagnóstico de gestação para safra 2009
No seguimento da cana, muito se fala de produção de álcool e açúcar; pois, justiça seja feita, se trata de produtos que fizeram e fazem parte da história econômica do estado e do país. Na verdade, existe um outro seguimento em nosso Estado (ES) que vale a pena ser abordado. Se trata do plantio de cana para o abastecimento de pequenos estabelecimentos comerciais conhecidos como caldo-de-cana.
Eles estão instalados por todas as cidades; indo desde as feiras livres, pontos de ônibus e em lugares estrategicamente localizados nos centros das cidades. O caldo-de-cana faz uma dupla imbatível (com altas calorias) com o pastel. Segundo levantamentos da PMVV, em 2003, existiam em torno de 600 estabelecimentos que exploravam a atividade no município.
O plantio de cana destinado ao abastecimento do seguimento de caldo-de-cana é feito por agricultores de base familiar e deve contemplar a três seguimentos:
Ao consumidor – é quem determina o processo de produção. A preferência é por um caldo de coloração verde clara e com sabor não muito adocicado.
Ao estabelecimento comercial – a cana tem que ter entrenós longos (de 15 a 20 cm), os entrenós não podem ser muito duros para não entupir as máquinas e não gastar energia em excesso. As canas não podem ser nem muito grossas, pois atrapalham a moagem e nem finas demais, pois assim teriam pouco caldo.
Geralmente entre o produtor e o estabelecimento comercial, existe a figura do intermediário. Ele é o responsável pelo transporte, raspagem, acondicionamento em feixes de 12 unidades e distribuição nos pequenos estabelecimentos comerciais (pontos de caldo-de-cana).
Não é muito fácil falar sobre a Economia do seguimento de cana para caldo-de-cana; pois os indicadores não foram estabelecidos. Ainda trabalhamos com os indicadores da cana para o seguimento industrial, isto é, t/ha. Para o seguimento de caldo-de-cana, o indicador usado pelo produtor é dúzias/ha. Para o estabelecimento, o indicador é copo de caldo/cana (ml/cana). O Incaper - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, através do Escritório Local de Desenvolvimento Rural de Vila Velha espera resolver parte desses problemas através dos resultados a serem colhidos na Unidade de Demonstração que foi montada na comunidade do Xuri. Lá, foi plantada a cultivar RB 758540. Essa cultivar já foi testada para caldo-de-cana nas cidades de Campos dos Goytacazes – RJ e em Cachoeiro do Itapemirim – ES, obtendo excelentes resultados. Outras cultivares também estão sendo testadas em comparação com as já consagradas na preferência do consumidor, como a cana caiana e cana fita.
No período de alta temporada de verão, um estabelecimento de caldo-de-cana chega a vender de 7 a 10 dúzias de cana por dia, o que torna a atividade altamente lucrativa.
A cana destinada a atender esse seguimento é cultivada em sua maioria de forma orgânica, pois não recebe adubos formulados, não são queimadas e não recebem pesticidas. Para resolver o problema relacionado com a broca-da-cana, uma das principais pragas da cultura, que a torna imprestável para o consumo, o Incaper, em conjunto com a Prefeitura Municipal de Vila Velha, o Sindicato Rural de Vila Velha, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Compus Dr. Leonel Miranda) e a Associação dos Pequenos Produtores da Comunidade do Xurí, iniciou um trabalho em 2000 com o controle biológico da broca-da-cana, através do parasitoide Cotesia flavipes. Essa ação consiste na distribuição aos produtores da região, de uma vespinha chamada cotesia, que tem dado excelentes resultados no controle da broca.
Está programado para o dia 27/03/2009 (Sexta-feira), ás 16:00 a distribuição e soltura de 30.000 vespinhas, na comunidade do Córrego do sete, Jucuruaba e xuri. O controle biológico da broca da cana é feito de quatro em quatro meses, conforme um calendário existente. Hoje, em torno de dezesseis produtores de base familiar fazem parte desse calendário.
Engº Agrº M. Sc. Itamar Alvino de Souza.
Incaper Vila Velha
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