Artigo: Balanço do comércio exterior da floricutlura brasileira em 2012

13.02.2013 | 21:59 (UTC -3)

Em 2012, os resultados das exportações brasileiras de flores e plantas ornamentais confirmaram o ciclo de retração recentemente experimentado pela floricultura nacional, decaindo 7,76% em relação ao total vendido ao exterior em 2011, fechando no valor global de US$ 26,01 milhões. Tal fato continua refletindo o contexto econômico-financeiro recessivo prevalecente nos principais mercados importadores mundiais, o qual – deflagrado a partir do último trimestre de 2008, com a crise imobiliária dos EUA – permanece determinando reduções globais na demanda pelos produtos da floricultura.

No período de 2000 e 2008, o País viveu um processo ininterrupto de obtenção de recordes sucessivos nos embarques de flores e plantas para o exterior, tendo elevado seus resultados de US$ 11,97 milhões, em 2000, para 35,5 milhões, em 2008. Tal performance encontra justificativas em várias condicionantes favoráveis então ocorrentes, entre as quais cabe destacar os esforços promocionais, técnicos e organizacionais alcançados pelo FloraBrasilis – Programa Brasileiro de Exportação de Flores e Plantas Ornamentais, que resultou de parceria entre a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos - APEX-BRASIL e órgãos de representação setorial dos produtores e exportadores no setor da floricultura, como o Ibraflor e o Instituto Agropólos do Ceará, além de empresários de diferentes regiões do País.

Porém, a partir do final de 2008, com a deflagração e posterior acirramento da crise econômica internacional, os resultados anuais não puderam se sustentar nos patamares conquistados e os valores exportados iniciaram uma trajetória descendente que se prolonga até os dias atuais. Cabe ressaltar, contudo, que uma das principais características estruturais do setor exportador da floricultura brasileira – qual seja o de se concentrar essencialmente na comercialização de material de propagação vegetal destinado a produtores internacionais de flores e plantas e não diretamente à venda para consumidores finais – tem garantido uma relativa suavidade no processo decrescente das vendas no mercado mundial.

Em 2012, os principais grupos de produtos setoriais exportados pelo Brasil foram o dos bulbos, tubérculos, rizomas e similares em repouso vegetativo (55,93%), seguido pelos das mudas de plantas ornamentais (33,84%). Outros grupos de flores e plantas ornamentais, focados no consumo final, mantiveram tendência de perda de expressão financeira na balança comercial. Assim, as exportações de rosas e seus botões frescos representaram apenas 0,12% das vendas brasileiras no mercado internacional, enquanto que as de outras flores frescas e seus botões – que incluem lisianthus, gérberas, lírios, antúrios e outras flores tropicais – somaram participação relativa de apenas 0,51%.

Em 2012, a balança comercial da floricultura brasileira mostrou saldo negativo de US$ 13,468 milhões, sendo que os valores das importações foram 51,78% maiores do que os das exportações. Vale observar que no período do auge do crescimento das exportações brasileiras, entre 2006 e 2008, a balança era superavitária e as importações equivaliam a apenas um terço dos valores exportados.

Os principais grupos de mercadorias adquiridos internacionalmente pelo Brasil foram os de bulbos, rizomas, tubérculos e similares, destinados à propagação vegetativa – tanto para produção para consumo doméstico, quanto para re-exportação (25,02%) –, bem como os das mudas de orquídeas (22,47%), de mudas de outras plantas (19,39%) e de outras plantas ornamentais (10,32%). Observa-se que as mudas de orquídeas importadas pelo Brasil da Holanda (67,10%), Tailândia (28,28%) e Japão (4,61%), tiveram forte destaque no período analisado, denotando o intenso crescimento da base produtiva e do consumo dessas flores no mercado doméstico. Somaram, em 2012, US$ 8,870 milhões, com um aumento de 31,47% em relação ano anterior. Porém, neste caso, não são considerados materiais para a propagação vegetal, mas, sim, para a produção comercial de plantas para consumo final, especialmente importantes nos ascendentes mercados de Phalaenopsis, Cymbidium e Vandas, entre outras espécies.

Em relação ao comportamento observado em anos anteriores, destacou-se a expansão das importações de produtos já prontos para o consumo como as rosas de corte frescas, as quais chegaram a representar 15,39% da pauta global de importações, com crescimento de 6,29% sobre o desempenho de compras do ano anterior. Além delas, outras flores cortadas em geral agregaram 5,45% de participação, com aumento de 11,80% sobre 2011.

O fenômeno da expansão das importações de flores cortadas frescas no período justifica-se pelo conjunto de indicadores favoráveis observados na economia brasileira no tocante à expansão dos níveis de emprego, ocupação e renda, além da estabilidade econômica experimentada pelo País, que vem sustentando um consumo aquecido e mais diversificado dessas mercadorias. Em 2012, as vendas observadas nas duas principais datas de consumo (Dia das Mães e Dia dos Namorados) comprovaram a disposição intensificada dos brasileiros em presentear com flores, permitindo que parcelas crescentes de produtos importados convivessem harmoniosamente com a produção nacional no suprimento do mercado.

Além disso, cabem destacar dois fatores que vêm colaborando para essa performance importadora. O primeiro deles é o fato de que países vizinhos de economia florícola essencialmente focada no mercado internacional – especialmente Equador e Colômbia – sofrem mais intensamente os efeitos perversos da recessão global e seus produtos encontram-se mais fartamente disponíveis e acessíveis para o consumo brasileiro. Em segundo, destaca-se a valorização cambial do real que vigorou em 2012 e que favoreceu o ingresso de mercadorias estrangeiras.

Em 2012, os países supridores do mercado brasileiro de rosas frescas cortadas foram: Equador (50,40%), Colômbia (49,37%), e Holanda (0,23%). Para as demais flores frescas – que incluem principalmente alstroemérias, entre outras espécies – as importações foram provenientes da Colômbia (55,32%), Equador (43,41%) e Holanda (1,27%). A Colômbia respondeu, ainda, por 100% das importações brasileiras de cravos e seus botões.

A análise completa sobre os resultados do comércio exterior da floricultura brasileira em 2012 foi elaborada e publicada pela Hórtica Consultoria e Treinamento no Boletim “Contexto & Perspectiva”, de janeiro 2013, e encontra-se disponível em

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Engenheiro agrônomo, doutorando em Ciências da Comunicação (ECA/USP), mestre em Comunicação e Práticas de Consumo (ESPM), pós-graduado em Desenvolvimento Rural e Abastecimento Alimentar Urbano (FAO/PNUD/CEPAL/IPARDES), sócio administrador da Hórtica Consultoria e Treinamento

Economista, pós-graduada em Comercialização Agrícola e Abastecimento Alimentar Urbano, sócia-administradora da Hórtica Consultoria e Treinamento

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