Alimentos biofortificados poderão ser usados em alimentação escolar

21.09.2009 | 20:59 (UTC -3)

Crianças e adolescentes da rede pública de ensino da região Central de Minas Gerais poderão ser beneficiados com a inclusão de alimentos mais ricos em nutrientes nos programas de alimentação escolar.

Cultivares desenvolvidas e em desenvolvimento pela Embrapa, através do projeto biofortificação no Brasil, poderão ser incluídas no programa de aquisição de alimentos produzidos por agricultores familiares e no PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Desta forma, culturas agrícolas biofortificadas, como variedades de abóbora, batata-doce, mandioca e milho com maiores teores de pró-vitamina A e cultivares de arroz, feijão, feijão-caupi, milho e trigo com maiores teores de ferro e zinco poderão enriquecer a dieta de alunos da educação básica.

"Acredito que podemos fazer um programa modelo, utilizando os resultados de pesquisa obtidos pela Embrapa e com envolvimento dos agricultores da região. Com isso, poderemos oferecer mais oportunidades de emprego para os agricultores jovens, trazendo possibilidades para aumentar a renda no campo", explica Clóvis Públio Alves, gerente regional da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais). A reunião sobre segurança alimentar, realizada no último dia 15 de setembro na Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), foi o marco inicial para a estruturação do projeto, já que contou com representantes da pesquisa, da extensão rural e dos poderes públicos municipal e estadual.

O secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão de Sete Lagoas, Flávio de Castro, disse que a utilização de alimentos enriquecidos em programas estruturados pela Secretaria Municipal de Educação pode ser uma saída para resolver problemas nutricionais entre os alunos da rede pública. "Devemos analisar as possibilidades de forma sistêmica, em conjunto com a Embrapa e a Emater", adiantou. "O engajamento das instituições em projetos como esse é fundamental para que a ideia dê certo", completou. Para o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo, Antônio Álvaro Corsetti Purcino, a produção desses alimentos com foco na segurança alimentar trará oportunidades, principalmente, para os agricultores familiares. "O programa vai permitir que se aumente a renda no campo. Torço com entusiasmo para que as entidades participem desse projeto", afirmou.

Ainda segundo Clóvis Alves, da Emater-MG, deve-se aliar as vantagens para quem vai produzir com as qualidades nutricionais dos produtos biofortificados. O programa de segurança alimentar é fundamentado na produção sustentável, com uso racional dos recursos naturais. O processamento dos alimentos é feito de forma que seja mantida a qualidade sanitária e nutritiva dos mesmos. Com o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e a promulgação da Lei Federal nº 11.947 em julho de 2008, 30% dos produtos utilizados na merenda devem ser procedentes da agricultura familiar. Daí a importância e o potencial de utilização de alimentos biofortificados neste contexto.

Entenda o projeto – A biofortificação de produtos agrícolas para melhoria da nutrição humana tem o objetivo de suprir a dificuldade de suplementação de vitaminas e minerais em regiões sem infra-estrutura adequada para a distribuição de alimentos processados. Segundo a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) Marília Nutti, coordenadora do projeto, cerca de 50% das crianças em idade escolar no Brasil sofrem de algum tipo de deficiência de vitaminas e minerais. "Queremos produtos com maior qualidade nutricional, respeitando os hábitos alimentares da população", descreve. Segundo ela, o projeto apresenta quatro pilares: respeito ao homem do campo, boa produtividade, boa aceitação dos produtos pelo agricultor e boa aceitação pelo consumidor final.

Cerca de 150 pesquisadores e colaboradores de 11 Unidades da Embrapa atuam no estudo. A batata-doce mais nutritiva já vem sendo utilizada por agricultores de hortas comunitárias de Sete Lagoas. E a variedade de mandioca de mesa BRS Jari, também já lançada, tem maiores teores de betacaroteno (precursor de vitamina A, um micronutriente importante para a saúde dos olhos). Para os próximos dois anos, está previsto o lançamento pela Embrapa Milho e Sorgo de uma cultivar de milho com maiores teores de carotenóides precursores da pró-vitamina A nos grãos.

Guilherme Ferreira Viana

Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)

/ (31) 3027-1223

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