Cerrados: chuva propicia evolução da ferrugem durante vazio sanitário

20.09.2009 | 20:59 (UTC -3)

O vazio sanitário, período em que se proíbe o plantio de soja na época da entressafra por conta da ferrugem asiática, tem-se revelado uma ação de grande importância no combate à doença.

Embora não haja dados sobre o impacto efetivo dessa medida, informações do Consórcio Antiferrugem indicam que as perdas provocadas pelo fungo caíram de US$ 1,2 bilhão em 2003/2004, antes da adoção da medida, para US$ 204,5 milhões na última safra.

Nesta entressafra, no entanto, o excesso de chuvas na região dos Cerrados pode prejudicar a aplicação da medida e, em consequência, sua eficácia. É o que alerta o biólogo Sérgio Abud, da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, que fica em Planaltina (DF). "A maior umidade favorece o desenvolvimento da ferrugem asiática na soja", explica. Por isso, o produtor precisa se manter vigilante e eliminar, com o uso de herbicidas ou roçadeiras, a soja guaxa ou tigüera, que é a que germina no campo voluntariamente depois da colheita. Essas plantas na entressafra são apontadas como fonte de produção do fungo Phakopsora pachyrhizi, que provoca a doença. Elas fazem a chamada "ponte verde" para o inóculo e contribuem para a reinfestação da safra seguinte.

Para Abud, é importante que o produtor redobre os cuidados diante desse novo cenário, para que as perdas não voltem a crescer. Além de contribuir com a diminuição dos prejuízos com a doença, o vazio sanitário também possivelmente tem reduzido a ocorrência da ferrugem nas fases iniciais da lavoura. No Mato Grosso, por exemplo, havia antes um maior número de registros da doença no estágio vegetativo da soja. Atualmente ela aparece mais já no estágio reprodutivo. "Os produtos utilizados para o controle químico não variaram muito ao longo dos anos, na verdade alguns chegaram a reduzir sua eficácia, em algumas regiões. Mesmo assim as perdas diminuíram. Isso reforça a importância do vazio sanitário para a diminuição da incidência da doença", acrescenta.

O vazio sanitário, que na maioria dos estados inicia entre junho e julho, deve durar ainda até o final de setembro em Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e no Distrito Federal. Na Bahia, no Maranhão e no Pará, o vazio se estende até outubro.

Clarissa Lima Paes

Embrapa Cerrados

(61) 3388-9945 /

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