Abrapa projeta escritório permanente na Ásia

Entidade busca apoio do governo federal

26.08.2019 | 20:59 (UTC -3)
Catarina Guedes

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) entregou à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e ao representante do Ministério das Relações Exteriores, Alexandre Ghislene, o projeto de abertura de um escritório permanente da Abrapa em Singapura, na Ásia, a ser estabelecido pelos cotonicultores, com apoio do Governo Federal e dos exportadores de algodão. A iniciativa tem por objetivo fortalecer a presença do algodão brasileiro naquele continente, atualmente destino de mais de 90% da pluma nacional.

A cerimônia fez parte da programação da Missão Compradores 2019, expedição anual que vem sendo empreendida pela Abrapa desde de 2015, e que, até sábado (24/08), leva um grupo de 20 integrantes, oriundos dos maiores destinos da pluma brasileira: China, Bangladesh, Vietnã, Turquia, Paquistão, Índia e Coreia do Sul, para conhecer o modo brasileiro de produção da algodão. A Missão Compradores visitou os três maiores estados cotonicultores – Mato Grosso, Bahia e Goiás –além de Brasília e São Paulo, numa agenda de visitas a unidades produtivas da pluma e a etapas como beneficiamento, classificação e fiação. Eles também passaram pelo Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), no Distrito Federal.

De julho de 2018 a junho de 2019, o Brasil fechou o ciclo de exportações de algodão da safra 2017/2018 em 1,27 milhões toneladas, confirmando sua nova posição de segundo maior exportador da pluma, atrás dos Estados Unidos. Para a safra em curso, 2018/2019, a estimativa é de que os embarques se aproximem dos dois milhões de toneladas. Os números vêm na esteira de uma produção recorde, de cerca de 2,83 milhões de toneladas, que estão sendo colhidas em 1,63 mil hectares de área plantada, com produtividade de 1,73 mil quilos de pluma por hectare.

Localização estratégica

“No ano em que celebramos duas décadas de existência da Abrapa, empreendemos esta que eu reputo como iniciativa audaciosa, de estar presente no destino da nossa pluma, abrindo e desenvolvendo novos mercados na Ásia. Escolhemos Singapura pela localização geográfica estratégica, e teremos um executivo porta-voz permanente lá”, explica o presidente da Abrapa, Milton Garbugio. No projeto entregue  estavam delineados os objetivos e a estratégia dos agricultores, que buscam apoio do Governo Federal para viabilizá-lo.

A ministra Tereza Cristina, ao receber a proposta, enfatizou a importância de incrementar as relações com a Ásia, bem como a continuação da Missão Compradores, que, ao seu ver, deveria ser replicada por outros setores do agro. “A vinda desses industriais estrangeiros para o Brasil permite que eles vejam com os próprios olhos o que acontece aqui. Ouvir a declaração desse visitante da Turquia prova que eles saíram impressionados, e isso repercute lá fora, melhor que qualquer propaganda”, conclui a ministra, referindo-se à fala do gerente de Vendas e Logística da companhia turca Bossa, que integra o grupo de visitantes estrangeiros, Alper Deniz, eleito pelos demais para se pronunciar durante a solenidade.

“Não estou acostumado a fazer declarações em público, ainda mais na presença de pessoas importantes, mas entendo, pela prática, que a primeira coisa a fazer é agradecer, à Abrapa e às tradings pela ótima organização da Missão Compradores, durante a qual vimos muita coisa. Estamos impressionados com tudo o que testemunhamos até aqui. As reuniões foram marcadas por um evidente senso de abertura.  As pessoas falaram com clareza sobre o que precisam e o que querem, e todos os interlocutores mostraram os seus objetivos. Para mim, em particular, o que mais me impressionou foi o esforço em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. Foi uma semana incrível”, disse o visitante.

Aliança

O projeto Ásia envolve, como parceiros da Abrapa, a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e de Relações Exteriores (MRE), através da Apex Brasil. Na solenidade, Milton Garbugio e o presidente da Anea, Henrique Snitcovski entregaram uma cópia do documento aos representantes da Apex, Alberto Bicca; do MRE, Alexandre Ghislene, além da ministra Tereza Cristina.

De acordo com o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, a Missão Compradores e a Vendedores ­– que, respectivamente, traz industriais têxteis, sobretudo da Ásia, para conhecer a produção de algodão no Brasil, e leva cotonicultores brasileiros para conhecer o mercado comprador­–, foram importantes para elevar o país à posição de grande player global, mas, na conjuntura atual, são necessários novos esforços, como o projeto anunciado na solenidade.

“Mais de 85% das nossas exportações de pluma vão para Ásia. O ponto a que o Brasil Chegou, como o quarto maior produtor mundial e o segundo maior exportador, torna mandatório que estejamos perto, mostrando que produzimos bem, com qualidade, e que temos capacidade de atender à demanda asiática por pluma, com regularidade. Temos que estar lá para promover nosso algodão e tirar dúvidas dos compradores”, argumenta o presidente da Anea. Ele enfatiza que, há 20 anos, o Brasil era importador de algodão e agora é o segundo maior exportador mundial.

“Foi um trabalho de muitos anos para chegarmos até aqui. Agora temos o desafio de aumentar ainda mais a nossa presença no mercado consumidor. Precisamos estar perto para entender qual a necessidade dos nossos compradores, quais as tendências, quem são os nossos competidores e que ações de marketing eles também estão tomando”, conclui Snitcovski.


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