Vazio sanitário do maracujazeiro inicia no dia 1º de julho em Santa Catarina

Dividido em três regiões com datas diferenciadas, Estado começa o vazio sanitário da cultura pela Região I

28.06.2024 | 14:19 (UTC -3)
Denise De Rocchi
Foto: Aires Mariga
Foto: Aires Mariga

A chegada do mês de julho em Santa Catarina será marcada pelo início do período de vazio sanitário do maracujazeiro. Dividido em três regiões com datas diferenciadas, o Estado inicia as ações da medida fitossanitária pela Região I, que engloba 32 municípios, nesta segunda-feira (1). O calendário da região segue até o dia 30 do mesmo mês. Já para as Regiões II e III, as datas foram fixadas de 11 de julho a 09 de agosto, e 21 de julho a 19 de agosto, respectivamente.

Trata-se do período do ano em que os pomares de maracujá devem ser eliminados e seu plantio fica proibido no território catarinense. O objetivo é controlar a virose do endurecimento do fruto, doença capaz de comprometer substancialmente a produção da fruta. O vazio sanitário do maracujazeiro é estabelecido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de SC (Cidasc) e acontece em intervalos diversos. Confira no calendário: 

Região I – de 1º de julho a 30 de julho de 2024

Araquari, Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Barra do Sul, Balneário Gaivota, Barra Velha, Corupá, Criciúma, Ermo, Forquilhinha, Garuva, Guaramirim, Içara, Itapoá, Jacinto Machado, Jaraguá do Sul, Joinville, Maracajá, Massaranduba, Meleiro, Morro Grande, Passo de Torres, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, São Francisco do Sul, São João do Itaperiú, São João do Sul, Schroeder, Sombrio, Timbé do Sul, Turvo;

Região II – de 11 de julho a 09 de agosto de 2024

Ascurra, Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Benedito Novo, Biguaçu, Blumenau, Bombinhas, Brusque, Camboriú, Campo Alegre, Canelinha, Capivari de Baixo, Cocal do Sul, Doutor Pedrinho, Florianópolis, Garopaba, Gaspar, Governador Celso Ramos, Guabiruba, Ilhota, Imaruí, Imbituba, Indaial, Itajaí, Itapema, Jaguaruna, Laguna, Luiz Alves, Morro da Fumaça, Navegantes, Nova Veneza, Palhoça, Paulo Lopes, Penha, Pomerode, Porto Belo, Rio dos Cedros, Rio Negrinho, Rodeio, Sangão, São Bento do Sul, São José, Siderópolis, Tijucas, Timbó;

Região III – de 21 de julho a 19 de agosto de 2024

Demais municípios do Estado. 

Comprometimento de até 60% da produção

O endurecimento dos frutos do maracujazeiro é a virose mais importante da cultura no Brasil, pelo seu alto potencial destrutivo e rápida disseminação. As perdas podem chegar a 60% da produção, dada a drástica redução na produção dos frutos, que ficam deformados, rugosos e menores. Também acontece o endurecimento no albedo, que é a parte branca interna da casca, que se torna espessa, resultando em baixo rendimento de polpa, tornando-o impróprio para o comércio.

Para evitar esse quadro, a Cidasc orienta o produtor a eliminar todos os maracujazeiros e não fazer o plantio desta espécie durante o vazio sanitário. Neste período de 30 dias, a praga não encontrará plantas hospedeiras para completar seu ciclo, o que ajuda a fazer o controle com menor uso de produtos químicos. A produção de mudas é permitida, desde que sejam observados os requisitos previstos na legislação, como o uso de telas antiafídeos.

A maior parte da produção estadual de maracujá se concentra em municípios da Região I. Santa Catarina é o terceiro maior produtor da fruta no país e colheu 70 mil toneladas na safra 2022/23, representando um crescimento em torno de 27% em comparação à safra de 2021/22. Esse volume colhido deve se manter na safra 2023/24, de acordo com estimativa da Epagri. A média de produtividade está em 35 toneladas por hectare. A colheita inicia em dezembro e segue até meados de julho.

Política consolidada

Henrique Belmonte Petry, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Urussanga, explica que o vazio sanitário do maracujazeiro vai para sua quinta safra em Santa Catarina, o que faz dela uma política consolidada no Estado, devido ao sucesso alcançado, “que resulta numa cultura cada vez mais rentável ao produtor”, afirma. 

Segundo o pesquisador, nestas últimas cinco safras de vazio sanitário, o Estado conseguiu manter e até aumentar um pouco a área produtiva do maracujá. Desta forma, os produtores vêm conseguindo atender aos mercados conquistados nos últimos anos. Ainda vem sendo registrado aumento na produtividade dos pomares, em função das práticas de produção de mudas em ambientes protegidos, que também é um dos princípios de controle do vírus do endurecimento do fruto. “O vazio sanitário fez avançar muito o manejo de doenças e pragas nos pomares, de uma forma geral, o que trouxe benefícios aos produtores”, pondera. 

Ele destaca ainda que a democratização dos períodos determinados pela Companhia busca atender da melhor forma os produtores e suas necessidades, inclusive de comercialização, simplificando a aplicação da política.

Destaque nacional

O pesquisador ressalta que o modelo de produção anual do maracujazeiro, desenvolvido pela Epagri em parceria com todos os atores da cadeia produtiva, tem sido destaque na fruticultura nacional. Este modelo reúne, além do vazio sanitário, a produção de mudas em ambientes protegidos, o uso de uma muda maior para produção precoce, entre outras práticas. 

Foto: Aires Mariga
Foto: Aires Mariga

Prova do sucesso alcançado nacionalmente são as diferentes palestras que técnicos catarinenses vêm proferindo sobre o tema pelo Brasil. “O Rio Grande do Sul já adotou o sistema de vazio sanitário, acredito que outros Estados, como São Paulo e Minas Gerais, já estão discutindo adoção de portarias nesse sentido”, explica. 

Ele conta ainda que palestrou na 8ª Conferência Nacional de Defesa Agropecuária, que aconteceu entre 4 e 6 de junho em Goiânia. Lá ele mostrou que em pouco tempo é possível encarar um desafio tão grande quanto a virose do maracujazeiro, atingindo os produtores e tornando o controle da doença uma realidade. “Transformamos um problema numa solução produtiva pros passicultores catarinenses”, finaliza.

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