Quebramento de haste e podridão de grãos são destaques na Reunião de Pesquisa de Soja

Desde a safra 2018/2019, a podridão de grãos tem sido um problema recorrente na região médio-norte de Mato Grosso e em Rondônia

27.06.2024 | 17:57 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Lebna Landgraf
Neucimara, Karla e Brommonschenkel - Foto: Claudio Nonaka
Neucimara, Karla e Brommonschenkel - Foto: Claudio Nonaka

Em meio a uma safra marcada por incertezas, a soja enfrentou problemas de quebramento de haste e podridão de grãos, que têm gerado desinformação nas redes sociais. Este foi um dos principais tópicos discutidos na Reunião de Pesquisa de Soja, promovida pela Embrapa Soja entre os dias 26 e 27 de junho, onde o professor Sérgio Brommonschenkel, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), destacou a importância de distinguir entre sintomas causados por fungos e aqueles resultantes de outros fatores.

“Minha principal questão foi mostrar os diferentes sintomas que têm sido relatados e apontar os causados por fungos e aqueles causados por outros fatores (não biológicos)”, afirmou Brommonschenkel durante o painel. Ele explicou que, enquanto os fungos são os principais responsáveis pela podridão de grãos e vagens, o quebramento de hastes pode ser atribuído a uma variedade de causas.

Desde a safra 2018/2019, a podridão de grãos tem sido um problema recorrente na região médio-norte de Mato Grosso e em Rondônia. O quebramento de haste, por outro lado, começou a ser registrado com maior frequência a partir da safra 2020/2021, afetando também estados como Paraná e Santa Catarina na safra atual.

Brommonschenkel destacou que os fungos predominantes em casos de podridão são espécies de Diaporthe, Fusarium e Colletotrichum. “Esses fungos podem ser encontrados de forma latente nas plantas e causam sintomas na fase final do enchimento de grãos, em determinadas condições climáticas”, explicou o professor.

O clima tem um papel crucial na incidência desses problemas. Segundo Brommonschenkel, a proximidade com o bioma amazônico e a maior frequência de chuvas na BR 163, em Mato Grosso, contribuem para a umidade excessiva no final do enchimento de vagens, criando condições propícias para a podridão de grãos e vagens.

A fitopatologista Karla Kudlawiec, da SLC Agrícola, observou que a menor pluviosidade devido ao fenômeno El Niño na safra 2023/2024 resultou em uma redução na incidência de podridão. “Desde que começamos a tentar identificar as causas e as estratégias de manejo para esses problemas, tínhamos o clima como fator determinante. A presença de molhamento na finalização do enchimento de grãos e na maturação é preponderante para se observar os sintomas”, afirmou Kudlawiec.

Nos estados de Mato Grosso e Paraná, importantes produtores de soja, os levantamentos indicaram que a área afetada pelo quebramento de haste foi mínima. No Paraná, especificamente na região do Vale do Ivaí, o problema foi mais comum em áreas de baixa altitude, onde as temperaturas tendem a ser mais altas.

Sobre a podridão de grãos, Karla Kudlawiec mencionou que não foi possível avaliar a eficácia das estratégias de manejo devido à baixa incidência do problema. “Não pudemos avaliar se os manejos estabelecidos, com a rotação de diferentes princípios ativos dos fungicidas, foram eficientes porque houve baixa incidência do problema”, ressaltou.

O painel também abordou a seleção de cultivares resistentes ao quebramento de haste e podridão de grãos, com a participação de Neucimara Ribeiro, da GDM Genética. “Já fizemos vários testes para identificar a causa e tentativas de seleção de genótipos para o problema. Mas, como ainda não há certeza das causas, ainda precisamos aguardar para avançar”, explicou Ribeiro.

A reunião de pesquisa destacou a necessidade contínua de investigações para entender melhor as causas e desenvolver estratégias eficazes de manejo para esses problemas, que afetam diretamente a produtividade da soja no Brasil.

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