Trigo: sistema de produção do Brasil atrai bolivianos

30.07.2014 | 20:59 (UTC -3)

Um grupo de pesquisadores, produtores e técnicos da Bolívia esteve em visita no Planalto Gaúcho para conhecer a produção de trigo na Região Sul do Brasil. Apesar da proximidade entre os dois países, as diferenças na triticultura são grandes. Entre os pontos de interesse dos visitantes estava a Embrapa Trigo, com intensa programação no dia 29/07.

A produção de trigo na Bolívia está concentrada na região de Santa Cruz de La Sierra, utilizado na rotação com soja e girassol. A área destinada ao cereal em 2014 foi estimada em 1,8 milhão de hectares (CIPCA), com rendimento médio de 1,2 mil kg/ha, volume suficiente para abastecer 30% do consumo interno.

O baixo rendimento das lavouras é compensado pela compra estatal, através do Programa Nacional de Trigo do Governo Federal da Bolívia, que adquire toda a produção sem qualquer avaliação comercial dos grãos, diferente do Brasil onde o livre comércio com a indústria é baseado na qualidade industrial dos grãos. Outra vantagem da Bolívia é o menor controle na comercialização de agroquímicos, que entram no país com menos rigor da legislação e a custos mais baixos de importação. Foram estes atrativos, associados ao menor valor da terra, que levaram o paranaense Isnar Menegotto a investir na produção de grãos na Bolívia há mais de 20 anos. “Produzimos cerca de mil hectares de trigo com custos bem menores que o Brasil, em planícies secas em ano chuvoso e em terrenos mais férteis em ano com pouca precipitação. O trigo na Bolívia não exige adubação, mas fazemos até cinco aplicações de defensivos. O problema ainda é o rendimento, não passa dos 2,2 mil kg/ha nas melhores lavouras”, conta o produtor.

De acordo com o pesquisador da Fundacruz, entidade que agrega produtores na região de Santa Cruz, Roberto Nakasato, a produção na Bolívia precisa investir mais em tecnologia e pesquisa para setores como mecanização, produção de sementes e adaptação de cultivares. A altitude do país também é motivo de preocupação, já que ventos fortes geralmente resultam em acamamento das lavouras na pré-colheita. Problemas comuns ao Brasil são as doenças de espiga, como brusone e giberela que comprometem a safra em anos mais úmidos e quentes. “A tendência do trigo na Bolívia é crescer em área e rendimento a curto prazo, por isso a importância de buscar conhecimento e favorecer o intercâmbio com os demais países latino-americanos”, conclui o pesquisador.

O grupo foi trazido ao Brasil pela empresa Stara, com sede em Não-Me-Toque, RS, para a apresentação de máquinas e implementos agrícolas. Na Embrapa Trigo, a visita foi organizada pela área de Transferência de Tecnologia e o escritório da Embrapa Produtos e Mercado.

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