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Isolado de Steinernema feltiae (ZWO21) provocou mortalidade média de 57% nos ácaros-rajados (Tetranychus urticae Koch) testados em condições laboratoriais. Os resultados indicam potencial para inclusão dessa estratégia em programas de manejo integrado de pragas. A pesquisa foi realizada na Universidade de Ciências da Vida de Varsóvia, na Polônia.
T. urticae apresenta distribuição mundial e atinge mais de 1200 espécies de plantas, incluindo hortaliças, frutíferas e culturas extensivas. O ácaro causa danos ao sugar o conteúdo celular das folhas, provocando manchas cloróticas, deformações e queda foliar.
Nematoides entomopatogênicos do gênero Steinernema infectam e matam insetos por meio de bactérias simbiontes do gênero Xenorhabdus. Esses micro-organismos são liberados no hospedeiro após a penetração do nematoide, causando morte rápida. Seu uso contra ácaros é menos comum do que contra insetos.
O estudo testou o isolado nativo S. feltiae ZWO21, obtido em 2011 na floresta Kozienicka. Os testes usaram folhas de beterraba infestadas com ácaros adultos e tratadas com 8000 juvenis infectantes por placa de Petri. Após 72 horas, a mortalidade variou entre 37,5% e 83,3%, com média de 57%.
No grupo controle, sem aplicação de nematoides, a mortalidade ficou entre 8,6% e 13,3%. A diferença entre os grupos foi estatisticamente significativa.
Microscopia estereoscópica confirmou a presença de nematoides juvenis dentro dos ácaros mortos. Isso comprova a capacidade de penetração do isolado S. feltiae nos corpos dos aracnídeos, mesmo sem serem hospedeiros naturais.
O principal desafio observado foi a dificuldade de entrada dos juvenis através da cutícula dos ácaros, o que pode limitar a eficácia em campo. Ainda assim, os resultados superam os de estudos anteriores, que alcançaram no máximo 27% de mortalidade com outras espécies de nematoides, como Heterorhabditis bacteriophora e Steinernema carpocapsae.
A eficácia do isolado ZWO21, mesmo que moderada, aponta para aplicações práticas. A integração com acaricidas pode aumentar a eficiência do controle e reduzir o uso de químicos. Outra possibilidade em estudo é o uso direto das bactérias simbiontes, por meio de extratos livres de células (cell-free supernatants), que apresentaram resultados promissores em pesquisas recentes.
Esses extratos evitam limitações como sensibilidade à dessecação, baixa mobilidade e dificuldade de penetração. No caso do isolado ZWO21, cujo desempenho já se mostrou elevado, a utilização do supernatante bacteriano pode oferecer uma solução ainda mais eficaz.
Apesar de ainda necessitar validação em condições de campo, a tecnologia se encaixa nos esforços globais por sistemas de produção menos dependentes de defensivos químicos.
Outras informações em doi.org/10.3390/agriculture15192096
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