Chuva aumenta relatos da ferrugem-asiática da soja na safra 22/23
Há 119 relatos da doença e a ferrugem está presente em nove estados brasileiros, sendo 79% das ocorrências em lavouras comerciais na fase de enchimento de grãos
A semana anterior foi, mais uma vez, marcada pelas condições climáticas na Argentina, o atraso na colheita no Brasil e o aumento de vendas de soja norte-americana. Diante desses acontecimentos, o contrato com vencimento em março/23 encerrou a semana sendo cotado a U$15,12 o bushel (+0,20%), e o com vencimento em maio, a U$15,07 bushel (+0,20%).
De acordo com o relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), do dia 26/01, houve uma melhora climática, com chuvas maiores do que a última projeção na Argentina. Essa condição favoreceu o país vizinho que apresentou uma redução na porcentagem de condições de lavouras ruins/péssimas, consequentemente, pressionando Chicago para baixo.
Além disso, o relatório também apresentou a evolução de semeadura na Argentina, que se encontra em 98,8% da área projetada. Espera-se que esse plantio recente receba condições climáticas mais favoráveis para seu desenvolvimento, diante de previsões mais otimistas para a próxima semana.
Já no Brasil, a evolução na colheita da safra ainda continua com atrasos em algumas regiões do país, ocasionados, tanto pelo atraso no plantio, quanto pelas precipitações em níveis elevados que contribuíram para essa demora na colheita. Um exemplo disso é a comparação dos dados de colheita no estado do Mato Grosso, pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que mostra um atraso de 8,4% em relação ao mesmo período no ano passado. Já na área total plantada no Brasil ocorreu um atraso de 3,5%.
Em relação às vendas líquidas de soja norte-americanas, houve um aumento de 16% em relação à semana anterior, atingindo em torno de 1,15 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Além disso, a China foi o principal comprador, representando 80% desse volume, apresentando um otimismo extra de reforço na demanda asiática nas próximas semanas.
A moeda norte-americana fechou a semana em queda de -1,92%, finalizando a sexta-feira valendo R$5,11. O cenário internacional foi marcado pelos dados da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. Apesar dos números positivos anunciados, a cautela com o risco de recessão nos Estados Unidos ainda permanece.
Logo, no Brasil, o cenário interno se manteve estável e propício à entrada de capital estrangeiro, por ter a maior taxa de juros real dentre os países emergentes. Devido a queda expressiva do dólar, houve desvalorização nas cotações brasileiras, em relação à semana anterior.
De acordo com a previsão climática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Brasil terá níveis de precipitações elevadas, principalmente no Centro-Oeste, com volumes entre 25 a 100mm. Esse cenário será favorável para as lavouras, mas pode atrasar a colheita em algumas áreas específicas que já deram início.
No Rio Grande do Sul, a previsão permanece em cenário crítico em relação aos níveis de chuvas. Para a Argentina, o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) sinaliza a continuidade de chuvas mais volumosas em boa parte do cinturão produtor. Caso todas essas condições se confirmem, poderá causar uma melhora nas condições das lavouras, consequentemente, pressionando as cotações de Chicago.
Nesta semana, a China volta ao mercado após o término do feriado do Ano Novo Chinês. Esse retorno é aguardado pois o mercado acredita em um aumento nas compras por parte do país asiático que tem tido uma diminuição nos seus estoques de soja. Somando os fatores de produção recorde no Brasil, e a China com estoques diminuindo, gera uma expectativa de que as compras da soja brasileira se intensifiquem com a retomada do maior importador de soja do mundo.
O dólar terá uma semana de muita oscilação, diante da reunião do Banco Central dos Estados Unidos, que deverá aumentar em 0,25% a taxa de juros norte-americana. As condições internas do Brasil devem influenciar bastante no valor do dólar, mas deve predominar o movimento de queda. O país continua bastante atrativo para receber capital estrangeiro, e esse investimento na economia brasileira pressiona as cotações para baixo.
Diante de todo esse cenário, a semana poderá ser marcada por queda nas cotações brasileiras, pressionado principalmente pela queda do dólar e intensificação da colheita no Brasil.
A semana passada foi marcada pelo início da queda da demanda externa de milho brasileiro, pelo conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia e reaquecimento das exportações norte-americanas. Sendo assim, as cotações do milho na bolsa brasileira tiveram quedas expressivas, finalizando a semana cotadas a R$87,85 por saca (-2,93%) no contrato de março/23, ficando descolada da bolsa de Chicago, na qual terminou a sexta-feira (27) sendo cotada a U$6,83 o bushel (+0,89%) para o contrato de março/23.
Na última semana houve quedas nas cotações do milho, de acordo com o Centro de Pesquisa Econômica (CEPEA). O indicativo de preço tem como referência as várias cidades no entorno de Campinas-SP. De acordo com isso, podemos observar uma diminuição nos preços do mercado físico. Esse fato se dá, devido à atenção voltada para a safra de soja, e pelo motivo do milho verão ser mais voltado para o mercado interno.
O conflito entre Rússia e Ucrânia voltou a atrair atenções do mercado. Após o anúncio do envio de tanques de guerra dos EUA e Alemanha para a Ucrânia, a Rússia atacou o país ucraniano com mísseis, em retaliação ao anúncio. Isso afetou o funcionamento do Porto de Odessa, que é o principal exportador do cereal do país. Esse cenário coloca em dúvidas a oferta do cereal para o mundo neste ano.
Em relação às exportações de milho norte-americano, houve um aumento de 28% em relação à semana anterior, atingindo em torno de 912 mil toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O México foi o principal comprador, representando 40% desse volume, e a China, o último, com apenas 71 mil toneladas.
De acordo com a previsão climática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), haverá chuvas volumosas para todo o Brasil. Esse cenário será favorável para as lavouras em desenvolvimento, mas pode atrasar o plantio da safrinha 2023 diante do atraso na colheita da safra atual de soja. Para a Argentina, o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) sinaliza a continuidade de chuvas mais volumosas em boa parte do cinturão produtor. Caso todas essas condições se confirmem, poderá haver contínua melhora nas condições das lavouras.
Nos EUA, o mercado já começa a olhar a expectativa de área para plantio do milho e soja. A safra norte-americana tem como diferença da brasileira o fato de plantar o milho e a soja em uma única safra durante o ano, então, as culturas competem por área de plantio. Visto que o milho apresenta patamares melhores na relação custo/retorno, pode-se esperar então um aumento na área dedicada ao plantio de milho.
Sendo assim, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de desvalorização em relação à semana anterior, prevalecendo a queda da demanda externa.
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