Cargill anuncia nomeações de Joanne Knight e de Philippa Purser
Joanne será a nova Chief Financial Officer (CFO); Philippa assume como Head of Strategy e Global Process Leader
Pesquisa pioneira da Embrapa Semiárido (PE) resultou no desenvolvimento do porta-enxerto BRS Guaraçá, primeira cultivar resistente ao nematoide-das-galhas (Meloidogyne enterolobii), principal patógeno da goiabeira no Brasil. A tecnologia já está disponível aos produtores, que podem adquirir as mudas por meio dos viveiristas credenciados pela Embrapa.
O porta-enxerto foi gerado após dez anos de pesquisas, que envolveram a seleção e a avaliação de centenas de genótipos de goiabeiras e araçazeiros (planta silvestre da mesma família das goiabeiras), coletados por todo o País, bem como o trabalho de cruzamento de plantas e melhoramento genético.
A cultivar BRS Guaraçá, híbrido resultante desse cruzamento, possui alta resistência ao nematoide-das-galhas e compatibilidade com grande parte das variedades comerciais de goiabeira, tais como a Paluma, Suprema, Pedro Sato, Rica, Século XXI e as do grupo Cortibel. Os estudos foram conduzidos pelos pesquisadores da Embrapa Carlos Antonio Fernandes Santos, José Mauro da Cunha e Castro e José Egídio Flori.
Os resultados em campo mostraram que a tecnologia apresenta bom pegamento do enxerto e desenvolvimento de copa, além de produção em torno de 40 toneladas de frutas por hectare, em colheitas realizadas 30 meses após o transplantio, explica Santos.
Com o porta-enxerto, é possível o manejo da produção em áreas até então infestadas pelo nematoide, viabilizando novamente a exploração da cultura nesses locais. A difusão da tecnologia junto aos produtores pode ajudar o Brasil a retornar a condição de grande produtor mundial de goiaba, contornando o impacto que o nematoide-das-galhas causou à produção nacional da fruta.
O empresário José Mauro da Silva, do viveiro credenciado Sítio São João II, em Taquaritinga-SP, acredita que o BRS Guaraçá “poderá salvar a cultura da goiabeira no Brasil”. Ele relata que, na maioria das lavouras atacadas pelo nematoide, a produtividade cai ano após ano, mesmo que o produtor use métodos paliativos para conter o problema. “Uma hora a lavoura se torna inviável. Os produtores que realmente conhecem o problema e já sabem da tecnologia da Embrapa, não esperam chegar ao fim para iniciar um plantio,” relata o viveirista.
Ele pontua ainda que, mesmo cultivando em áreas onde ainda não há relato de nematoide, o risco de contaminação é grande devido ao trânsito de veículos, maquinários, implementos, material de colheita e dos próprios trabalhadores da área. “Atualmente, é muito difícil conter a praga. Contudo, é possível conviver com ela se o pomar for formado por mudas tendo como porta-enxerto a cultivar BRS Guaraçá”, completa.
A goiaba ocupa a 11ª posição como fruta de maior importância econômica no Brasil, com valor de produção de quase 800 milhões de reais, em 2018. (IBGE, 2020). Os estados de Pernambuco, São Paulo, Paraná, Bahia, Minas Gerais e Ceará, respectivamente, são os maiores produtores da fruta.
Os primeiros cultivos comerciais no país se iniciaram na década 70, com forte crescimento ao longo dos anos. Em 2002, no entanto, registou-se uma grande queda produtiva. Esse marco coincide com o primeiro relato, ocorrido em 2001, relacionado à presença do nematoide-das-galhas em goiabeiras irrigadas nos estados de Pernambuco e da Bahia. Nos anos subsequentes, o nematoide foi detectado em outros 18 estados, tornando-se um dos principais desafios da cultura no Brasil.
Responsável por prejuízos superiores a 400 milhões de reais nos últimos anos, o nematoide é amplamente disseminado em território nacional, sendo registrado atualmente em todos os estados onde se produz goiaba. No exterior, existem relatos na Índia e México. Além da goiabeira, ele ataca várias outras culturas como fumo, pimentão e quiabeiro.
Como o próprio nome diz, o nematoide-das-galhas leva ao engrossamento das raízes e formação de galhas, que perturbam a fisiologia da planta e, no caso da goiabeira, levam a morte da planta em um período relativamente curto, explica Castro.
“O nematoide, quando infecta as raízes da goiabeira, injeta substâncias tóxicas ao mesmo tempo em que suga nutrientes da seiva. Ele passa a ser um concorrente da planta no seu processo de produção de frutos. Além disso, a infecção das raízes pelo nematoide abre porta para a entrada de outros patógenos, como o fungo Neocosmospora falciformis (sin. Fusarium solani), que causa o apodrecimento das raízes”.
Atualmente o porta-enxerto BRS Guaraçá se apresenta como a única opção viável para o controle do nematoide-das-galhas em goiabeira no Brasil. Os métodos de controle biológico, manejo integrado e aplicação de inseticidas possuem resultados limitados ou ineficientes para controle desse patógeno, ressalta Santos.
É importante destacar, no entanto, que o porta-enxerto não é imune, mas tem altíssima resistência ao nematoide. “O sistema radicular do BRS Guaraçá não é isento da formação de galhas, mas, quando isso acontece, elas são formadas em número muito menor, que não chega a comprometer a produção”, completa Castro.
Apesar de os plantios comerciais ainda serem recentes, o desempenho das cultivares com o porta-enxerto BRS Guaraçá em áreas contaminadas pelo nematoide tem sido bastante satisfatório, segundo relatos do setor produtivo.
Para Haroldo de Carvalho Neves (foto à esquerda), proprietário do viveiro São Francisco Mudas, em Petrolina (PE), a tecnologia é decisiva para a região do Vale do São Francisco, “que tem solos predominantemente arenosos, onde os nematoides chegam muito precocemente e degradam com rapidez.”
O viveiro começou a comercializar o BRS Guaraçá no final de 2021, momento em que as plantas matrizes foram adquiridas da Embrapa. Em 2022, foram disponibilizadas 28 mil mudas aos produtores e para 2023, a expectativa é chegar a 80 mil mudas comercializadas.
“O BRS Guaraçá deu um incremento muito grande ao desenvolvimento da produção aqui no Vale. Já existe bastante demanda, o pessoal vem conhecendo o porta-enxerto e a tendência é de crescimento, inclusive, já estamos enviando mudas enxertadas para outros estados por transporte aéreo”, revela o viveirista.
Um dos produtores satisfeitos é o seu Antônio Carlos Rodrigues, do município de Casa Nova, na Bahia. Ele plantou mudas de Paluma enxertadas em BRS em uma pequena área e já está caminhando para a terceira colheita. “Coloquei inicialmente 300 plantas para testar e estou tendo bons resultados. É um material resistente, que tem boa produção e também um manejo similar ao das plantas que não são enxertadas”, relata.
A atividade deu tão certo que o agricultor já iniciou a expansão da área. ‘Recentemente, plantei mais 400 mudas com o porta-enxerto. Todas pegaram de primeira. Até o momento, não tenho nenhum problema com os nematoides”, declara.
Os pesquisadores ressaltam que, para o sucesso da atividade, é muito importante que o produtor tenha a consciência de adquirir mudas enxertadas sobre o BRS Guaraçá. A cultivar foi licenciada pela Embrapa a seis viveiristas, sendo três em Pernambuco, um no Espírito Santo, um no Paraná e um em São Paulo. A listagem pode ser encontrada no site da Empresa. Esses são os únicos autorizados a fazer a reprodução do material, que é um híbrido e que, por isso, não se multiplica por sementes, destaca o gestor de ativos da Embrapa, Rodrigo Flores (à esquerda na foto ao lado).
Para que o produtor tenha a segurança de adquirir mudas formadas sobre o porta-enxerto oriundo da matriz da Embrapa e, portanto, com qualidade genética, todo o processo de venda e compra deve ser documentado, acompanhado da nota fiscal e do termo de conformidade. “Qualquer muda que não tenha essa documentação é passível de multa, apreensão e destruição, valendo tanto para quem comercializa quanto para quem adquire material não oficial”, alerta Flores.
Nesse sentido, a fiscalização é muito importante para reduzir a fonte de materiais não licenciados. Em caso de dúvidas quanto à origem do material a ser adquirido, o produtor deve entre em contato com a Embrapa por meio do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC).
A cultivar BRS Guaraçá é uma planta híbrida, que mistura características de goiabeira (Psidum guajava) e de araçazeiro (P. guineense), para ser utilizada como porta-enxerto. O cruzamento possui 50% do genoma de goiabeira, o que minimiza a incompatibilidade com as cultivares copa, principalmente por causa do baixo porte do araçazeiro.
A pesquisa teve início em 2007 com o objetivo de buscar uma goiabeira ou araçazeiro que fosse resistente ao nematoide. Na primeira etapa, foram avaliados os materiais coletados em diferentes estados brasileiros, tendo sido identificado um araçazeiro imune ao nematoide vindo do Rio Grande do Sul. “Contudo, nas condições do Semiárido, esse araçazeiro não desenvolveu a compatibilidade de porte com as cultivares comerciais de goiabeira”, conta Castro.
A partir daí, os pesquisadores viram a necessidade de desenvolver uma planta híbrida, que levasse para um indivíduo as características desejadas de resistência ao nematoide e porte compatível. Iniciou-se, então, a pesquisa conduzida pelo melhorista Carlos Antonio Fernandes Santos, em um minucioso trabalho de cruzamento de araçazeiro com goiabeira, até chegar ao híbrido BRS Guaraçá.
Segundo o melhorista, uma das principais dificuldades foi obter híbridos entre espécies de Psidium. “Realizamos vários cruzamentos manuais e obtivemos sucesso no cruzamento de um acesso de goiabeira de Pernambuco com um acesso de araçazeiro resistente, coletado em Roraima”, lembra o pesquisador.
A cultivar BRS Guaraçá é uma planta híbrida, que mistura características de goiabeira (Psidum guajava) e de araçazeiro (P. guineense), para ser utilizada como porta-enxerto. O cruzamento possui 50% do genoma de goiabeira, o que minimiza a incompatibilidade com as cultivares copa, principalmente por causa do baixo porte do araçazeiro.
A pesquisa teve início em 2007 com o objetivo de buscar uma goiabeira ou araçazeiro que fosse resistente ao nematoide. Na primeira etapa, foram avaliados os materiais coletados em diferentes estados brasileiros, tendo sido identificado um araçazeiro imune ao nematoide vindo do Rio Grande do Sul. “Contudo, nas condições do Semiárido, esse araçazeiro não desenvolveu a compatibilidade de porte com as cultivares comerciais de goiabeira”, conta Castro.
A partir daí, os pesquisadores viram a necessidade de desenvolver uma planta híbrida, que levasse para um indivíduo as características desejadas de resistência ao nematoide e porte compatível. Iniciou-se, então, a pesquisa conduzida pelo melhorista Carlos Antonio Fernandes Santos, em um minucioso trabalho de cruzamento de araçazeiro com goiabeira, até chegar ao híbrido BRS Guaraçá.
Segundo o melhorista, uma das principais dificuldades foi obter híbridos entre espécies de Psidium. “Realizamos vários cruzamentos manuais e obtivemos sucesso no cruzamento de um acesso de goiabeira de Pernambuco com um acesso de araçazeiro resistente, coletado em Roraima”, lembra o pesquisador.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura