Dia da Agricultura Digital reúne países das Américas

As tecnologias digitais já oferecem grandes oportunidades para o campo, mas especialistas alertam que a transformação digital no meio rural só avançará de forma ampla e democrática com políticas públicas que ampliem a conectividade, reduzam custos e promovam capacitação. O tema esteve no centro das discussões do Dia da Agricultura Digital, realizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA Brasil) e pela Embrapa, na sede da Embrapa Agricultura Digital, em Campinas (SP).

A criação da data busca dar visibilidade e estimular o debate sobre inovação no campo. Em 2025, o IICA promove o evento em 15 países como preparação para a Semana da Agricultura Digital, marcada para 22 a 25 de setembro, em San José, na Costa Rica.

“A semana é um instrumento para fazer pontes entre os países da América. Alguns estão mais avançados na digitalização da agricultura, como o Brasil, e outros estão muito longe. Queremos construir uma rede de interação entre os países, um ecossistema regional que sirva de motivador para a digitalização. Somos uma região-chave para a segurança alimentar mundial”, afirmou Federico Bert, coordenador de Digitalização Agroalimentar do IICA Sede.

Políticas públicas como eixo central

Um dos objetivos da iniciativa é gerar recomendações para governos sobre a criação de políticas públicas que estimulem a digitalização. Para Stanley Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, os avanços dependem de mais do que tecnologia.

“Eventos como esse possibilitam o diálogo, novas parcerias e geram inspiração para o crescimento da agricultura digital no Brasil. Mas a tecnologia por si só não promove a transformação. É preciso treinamento, mentoria e suporte de políticas públicas”, destacou.

Na mesma linha, a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, Ana Euler, informou que vem articulando com o Ministério do Desenvolvimento Agrário para que soluções digitais da empresa, como as plataformas E-campo e Ater+Digital, sejam transformadas em políticas públicas voltadas ao fortalecimento da assistência técnica e extensão rural.

Já o superintendente de Agricultura e Pecuária de São Paulo, Estanislau Steck, ressaltou a urgência da informatização como suporte à adaptação às mudanças climáticas e à produção sustentável. O subsecretário de Agricultura do estado, Orlando de Castro, destacou a importância da integração entre instituições de pesquisa, universidades e iniciativa privada para consolidar a transformação digital no Brasil.

Gabriel Delgado, representante do IICA no Brasil, lembrou que a conectividade rural avançou rapidamente graças a soluções da iniciativa privada: “Nosso compromisso é acompanhar essas mudanças e gerar bens públicos modernos que sirvam ao produtor. Nesse sentido, é fundamental integrar iniciativas dos países da América para acelerar a digitalização do campo”, disse.

Agtechs brasileiras na Semana da Agricultura Digital

Durante o evento, o IICA anunciou as duas agtechs que representarão o Brasil em setembro na Costa Rica. Agrotrace e iCrop foram selecionadas entre 18 startups inscritas e terão todas as despesas pagas para apresentar suas soluções no encontro internacional, que reunirá empresas de outros 14 países.

Além delas, a IMBR Agro participará de forma online. Esta foi a segunda edição da seleção organizada pelo IICA. Em 2024, apenas três startups se inscreveram, entre elas a Vega Monitoramento, que representou o Brasil na Semana da Agricultura Digital e, segundo seu co-diretor executivo, Samuel Campos, expandiu sua atuação internacional a partir das conexões feitas no evento.

Debates e programação

O Dia da Agricultura Digital contou com apoio do Programa de Cooperação Internacional para a Agricultura do Cone Sul (Procisur) e teve uma programação de painéis, como: "O papel do ecossistema de inovação na geração e transferência de tecnologias digitais"; "Inclusão digital e escalabilidade no campo"; e "Conexão entre investimento e inovação, com participação de organismos internacionais, nacionais e fundos de investimento".