Plantas "conversam" entre si
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Muita gente associa o Rio de Janeiro ao turismo, mas, em 2022, um dos principais destaques do Anuário Fluminense do Cooperativismo foram as cooperativas agrícolas, que registraram um crescimento de 70% em seu faturamento. Somente no ano passado, o valor movimentado pelas cooperativas desse segmento chegou a R$ 661,7 milhões. Desse total, R$ 19,6 milhões se reverteram em sobras (lucros) do exercício, distribuídos a seus cooperados.
Um dos principais exemplos desse segmento é a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), localizada em Campos dos Goytacazes. A cooperativa, que se projetou como única unidade produtora de açúcar cristal no estado e a maior produtora de etanol para fins carburantes no mercado do Rio de Janeiro, prevê moagem de 650 mil toneladas de cana-de-açúcar para a safra de 2023/2024, com vistas a uma receita bruta de até R$ 250 milhões neste ano.
Tal volume de produção resultará em 30 milhões de litros de etanol e 580 mil sacas de açúcar. Por isso, as perspectivas são de ampliação das atividades, com a ativação do pleno funcionamento da Usina Paraíso, localizada em Tocos, distrito de Campos dos Goytacazes. Tal empreendimento é fruto de investimentos da ordem de R$ 43 milhões. Com duas unidades em funcionamento, a cooperativa gera em torno de 3.000 a 3.500 empregos diretos e indiretos, turbinando a economia do Norte Fluminense.
As atividades da Coagro têm dado um novo fôlego à indústria sucroenergética em Campos dos Goytacazes e no estado do Rio de Janeiro com a retomada desse importante segmento de negócio, que havia entrado em declínio no fim dos anos de 1990. O auge da produção sucroenergética foi na década de 1980, com a cidade do Norte Fluminense chegando a ter 27 plantas industriais. No decorrer dos anos, as indústrias passaram a sair da cidade, as que ficaram sucumbiram, chegando à falência, e os produtores começaram a focar em outras culturas.
Presidente da cooperativa, Frederico Paes anuncia a ampliação da presença do açúcar “Coagro” no estado. Atualmente, a marca atende a Zona da Mata − região mineira −, Sul Capixaba, Região dos Lagos e Norte Fluminense. E, ao longo de 2023, deve se expandir para o mercado da capital e da Baixada Fluminense. “O modelo cooperativista é que nos possibilitou reerguimento do setor na região. O setor vinha num processo de decadência profunda e, por meio do cooperativismo nós descobrimos, há 20 anos, que o plantio de cana poderia ser viabilizado em termos financeiros, quando pudemos processar nossa própria matéria prima e produzir álcool e açúcar agregando bastante valor ao nosso produto. Nossos cooperados têm bastante consciência disso. Se não fosse esse modelo cooperativo, fatalmente, o setor sucroalcooleiro do estado do Rio teria sucumbido”, explica o presidente da Coagro.
Segundo Frederico Paes, a cooperativa parte para uma expansão, que é a Coagro Unidade Paraíso, uma usina que estava fechada há mais de cinco anos e que está sendo reativada para atender à região da Baixada Campista. A perspectiva é que o empreendimento gere milhares de empregos, trazendo mais renda e agregando à produção mais 300 mil toneladas de cana. “Temos ainda a expansão do mercado de açúcar, com um produto novo, açúcar extrafino, muito parecido com o refinado. E com isso conseguimos chegar às grandes redes de supermercado do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. É o cooperativismo mostrando que é a resposta para as questões não só do campo, mas também para geração de emprego e renda”, acrescenta o presidente da cooperativa.
Presidente do Sistema OCB/RJ, Vinicius Mesquita destaca a importância das cooperativas agrícolas, ressaltando que houve um aumento de 16% no número de cooperados fluminenses frente a 2021, considerando todos os segmentos. “Arrisco-me a dizer que nos pratos dos moradores do estado do Rio de Janeiro há sempre um alimento produzido por uma cooperativa agropecuária, seja do arroz e feijão, aos legumes, ovos e leite. Além de enriquecerem a nossa mesa, esses alimentos e produtos garantem a renda de milhares de homens e mulheres que encontram no cooperativismo uma ótima alternativa de comercialização da produção conjunta, armazenamento e industrialização para o sustento das suas famílias”, acrescentou Vinicius Mesquita.
Contando com 423 cooperativas e quase 340 mil cooperados, as cooperativas do estado tiveram um crescimento no faturamento da ordem de 4%, alcançando R$ 11,4 bilhões, o equivalente a 1,47% do PIB nominal do estado do Rio de Janeiro.
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